Azriel

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Ela não saía dos meus pensamentos, como um tique insistente que tirava minha concentração de tudo mesmo em vigia. Ou quando os espiões traziam informações, ela estava em minha cabeça, havia perdido completamente o norte, Luz tinha me tirado ele. Antes de declarar a parceria, ela já causava tanto em mim. Seus olhos azuis sempre tão atentos, a pele branca como a primeira neve que cobria as montanhas, seu cheiro atrativo, diferente de qualquer outro que já tenha sentido. A dedicação absoluta e feroz pela liberdade e, no entanto, ela estava amarrada a mim pelo acordo. Sentia seus olhares curiosos, mas sempre comedidos em minha direção, não sabia se ela me temia ou me desafiava, e isso me deixava louco. Estive acostumado a ter todas as informações, nunca ser surpreendido, mas com Luz tudo era diferente, ela seguia o caminho oposto ao esperado. Foi nossa maior aliada contra o inimigo e estava disposta a dar a vida por nós, mas eu não permitiria. Não podia dar nome ao que sentia, mas sabia que não conseguiria viver sem ela, desde o instante em que a trouxe exigindo o acordo, que cuidei dela em sua recuperação, e que foram os piores dias desde a captura de Rhys. Medo me dominava a cada hora em que ela permanecia descordada. Estar ao seu lado ao despertar, ao vê-la vencer a morte mais uma vez, acendeu em meu peito frio uma pequena chama que achei ter reservado a outra. Ela se declarou minha parceira, aquela guerreira admirável, aquela mulher espetacular e poderosa, minha parceira? Eu não a merecia, ela não merecia ter um bastardo como parceiro. A ideia mais idiota que talvez só Cassian poderia ter tido, eu tive. Fingi ter uma parceira! Mesmo que séculos se passem jamais esquecerei a forma como aqueles olhos azuis perderam o brilho e a esperança, eu havia tomado dela o que anos de tortura e sofrimento não fizeram.

 Fingi ter uma parceira! Mesmo que séculos se passem jamais esquecerei a forma como aqueles olhos azuis perderam o brilho e a esperança, eu havia tomado dela o que anos de tortura e sofrimento não fizeram

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Da sua recuperação até a partida para o acampamento Illyriano, não tinha ficado sem vê-la, mesmo que ela me expulsasse, eu a via à distância, porque em meu peito se fazia necessário saber que ela estava bem e dia após dia acompanhei ela melhorar, desenvolver os relacionamentos na corte. Aos poucos sorrisos foram surgindo em seus lábios, mas o brilho não voltava aos olhos. Quando ela exerceu o papel de "minha" parceira diante a Cidade Escavada, ela estava incrível, mesmo com a dor, ela seguiu o plano. Pude vê-la reluzir e saber que foi eu quem lhe deu aquilo me fez desejar dar muito mais, mas eu não tinha o que oferecer, além de escuridão e frieza. Ela era luz e calor, naquela noite sua pele brilhou sob o luar, nunca a tinha visto tão linda, o vestido azul mostrando muito aos outros e tão pouco a mim.

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A Corte de Sombra e LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora