Capítulo 15

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NARRADORA

Arthur sentia o ar fugir de seus pulmões aos poucos, e por mais que quisesse correr em direção a pintora, seu corpo se encontrava totalmente paralisado. Picoli queria gritar, mas não conseguia. Queria correr com Carla atrás de ajuda, mas suas pernas pareciam estar travadas. O loiro queria tudo, menos sentir aquela dor dilacerante em seu coração. 

Não queria perder sua filha...

Não podia perdê-la!

Antes que continuasse tentando lutar contra o desespero que tomava conta si, a visão do jogador é tomada por uma forte luz ao mesmo tempo que uma voz agora preocupada o puxava para fora daquele terrível pesadelo. Em um movimento rápido Arthur se levanta do sofá completamente ofegante, não demorando a sentir as mãos macias de Carla o fazerem voltar à realidade.

 - Ei, ei...já passou, foi só um sonho ruim! Eu estou aqui!

A loira continua tentando tranquilizar o amigo enquanto via o jogador a analisar por completo na intenção de se certificar de que ela e sua filha realmente estavam bem. Carla havia acordado durante a madrugada para beber um pouco de água, mas ao caminhar em direção a cozinha sua atenção foi totalmente atraída para Picoli. O jovem se contorcia no sofá enquanto se encontrava claramente preso em um terrível pesadelo. Uma leve camada de suor brilhava em seu rosto inquieto, e após várias tentativas de acordar o amigo, Diaz finalmente conseguiu faze-lo despertar.

- N-Nossa filha...nós estávamos perdendo ela...t-tinha tanto sangue e você estava chorand...

Antes que pudesse terminar de falar Arthur sente Carla se lançar sobre si e o envolver em um forte abraço. Rapidamente o loiro afunda seu rosto no pescoço da amiga e respira fundo a apertando ainda mais em seus braços. Queria ter certeza de que aquilo havia sido apenas um sonho ruim, queria ter certeza de que Carla estava bem e que sua filha ainda crescia lentamente dentro do ventre da jovem.

- Nós estamos bem...estamos aqui, meu amor! Vai ficar tudo bem, nós nunca vamos te deixar! 

Diaz sussurra tentando conter as lágrimas enquanto acariciava os cabelos de Arthur. Sabia que tudo aquilo havia sido inesperado, mas somente imaginar uma realidade onde seria capaz de perder sua filha, fazia o coração da pintora se partir em pedaços. Totalmente envolvido pela intensidade daquele momento Arthur leva uma de suas mãos até a barriga ainda lisa de Carla e acaricia o local enquanto unia suas testas. Seguindo o movimento do amigo, Diaz cobre a mão grande de Picoli com a sua, sentindo o jogador acariciar sua barriga por cima da camisola de seda. Mesmo que ainda não houvessem sinais visíveis de que havia uma vida sendo gerada ali dentro, Arthur não via a hora de ter sua bebezinha em seus braços.

[...]

ARTHUR

Sinto Carla se aconchegar ainda mais em meus braços e sorrio levemente depositando um beijo carinhoso em sua cabeça. Algum tempo já havia se passado desde o episódio na sala, e para ser sincero nenhum de nós dois estava pronto para se afastar. Estávamos deitados em sua cama enquanto esperávamos o sono vir, e mesmo estando cansado eu tinha quase certeza de que não conseguiria dormir tão cedo. Aquele pesadelo parecia se repetir milhares de vezes em minha cabeça, e por mais que soubesse que estava tudo bem com minhas duas meninas, não conseguia evitar o medo que tomava conta de mim toda vez que pensava em perdê-las. Carla sempre foi minha melhor amiga e por causa dela eu sabia como era a sensação de amar alguém acima de tudo, mas de uma forma sobrenatural nada consegue chegar aos pés do que já consigo sentir por nossa filha. Nunca imaginei que um dia estaria pensando nisso, mas essa é a verdade. Essa pequena sementinha no ventre da minha melhor amiga é nossa...

Acidente Perfeito - Carthur Onde histórias criam vida. Descubra agora