Capítulo 39

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NARRADORA

Carla se encontrava completamente paralisada enquanto sentia somente seu coração bater de forma acelerada. A loira tentava digerir o que havia ouvido ali, mas antes que pudesse responder ao homem que amava, as lágrimas voltam a banhar seu rosto, a induzindo logo em seguida até um choro intenso.

- Ei, meu amor, o que aconteceu? Por que está chorando tanto? 

Picoli questiona preocupado e em um movimento rápido volta a acariciar o rosto da pintora, sentindo seu corpo paralisar ao ouvir a voz de Carla finalmente chegar aos seus ouvidos.

- E-Eu não posso...N-Não posso fugir com você!

- O-o quê? Por quê? Nós nos amamos e...

Diaz interrompe.

- Sim, eu te amo! Te amo com todo o meu coração, como nunca pensei em amar outro homem antes, m-mas não posso fazer isso, não podemos fazer isso com a Sarah, e-ela não merece.

Como se ouvesse levado um soco de realidade Arthur volta a si, lembrando da médica com quem deveria se casar no dia seguinte.

- M-Mas...

- Eu sou mulher, Arthur, e eu lembro muito bem da dor que senti quando fui traída pelo homem que eu achava amar. N-Não posso fazer isso com a Sarah. Assim como eu não mereci aquela traição, ela também não merece! O casamento está marcado para amanhã...já é t-tarde demais, meu amor! 

Carla sussurra com a voz falha, não demorando a ver o jogador fechar os olhos com força. Queria poder dizer a pintora que poderiam ir embora sem olhar para trás, mas a jovem estava certa, não podiam fazer aquilo com Sarah. Picoli realmente amava a noiva, mas diferente do que Sarah esperava, o sentimento que nutria pela jovem médica era de carinho, amizade e gratidão. Sarah havia estado ao seu lado em todos os momentos, havia entendido seus sentimentos por Carla e esperado pacientemente até que conquistasse um pequeno pedaço de seu coração, e isso com certeza era impossível de esquecer.

- Então esse é o nosso fim? 

O jogador de futebol sussurra com a voz carregada de dor, não demorando a sentir Carla se lançar em seus braços.

- S-Sim! 

Parecendo finalmente entender o peso daquela palavra Arthur afunda seu rosto no pescoço da pintora e a abraça com toda a sua força. Sabiam que sempre estariam na vida um do outro, mas naquele momento seus corações pareciam se despedir da idealização de um futuro que nunca poderia se realizar. Queriam gravar o cheiro, o toque, e a sensação que seus corpos unidos lhes transmitiam, sabendo dessa vez que apesar de se amarem intensamente, quando o dia seguinte chegasse, o último fio de esperança que tinham seria partido ao meio. Não queriam se afastar de jeito nenhum, mas após o que pareceu ser um século envolvidos naquele abraço apertado, ambos se vêem obrigados a se separem somente a ponto de unirem suas testas.

- Por que nós complicamos tudo, hein?!

- Sempre fomos complicados, Arthur, mas se eu pudesse voltar no tempo faria tudo diferente!

- Não estou pronto para te soltar. 

Rapidamente Carla fecha os olhos com força em uma tentativa desesperada de conter as lágrimas que já queriam voltar a cair.

- E-Eu também não, meu amor. Eu te amo, Arthur, sempre vou te amar!

- Eu vou te amar até o meu último suspiro de vida, você sempre será a dona do meu coração, Cá...sempre! 

Em um movimento lento Picoli consegue afastar seu corpo do de Carla, sentindo sua pele congelar de frio ao sentir falta do calor que a jovem emanava. A pintora observa o jogador de futebol caminhar até a porta, não demorando a vê-lo voltar a se virar em sua direção antes que pudesse sair do apartamento. O loiro com certeza não era de chorar frequentemente, mas naquele momento Carla podia ver as lágrimas inundarem os olhos castanhos de Arthur enquanto ameaçavam cair a qualquer momento. Picoli obtinha um pequeno sorriso triste e forçado nos lábios, sorriso esse que não demora a ser imitado pela mãe de sua filha.

Acidente Perfeito - Carthur Onde histórias criam vida. Descubra agora