Capítulo 37

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NARRADORA

Em um movimento rápido Carla se afasta de Arthur e seca suas lágrimas, não demorando a ver Sarah se aproximar do noivo.

- C-Claro que não, e-eu...hum...nós tentamos falar com você...

- Ah sim, eu estava operando um paciente na sala de cirurgia, não pude atender o celular. Mas assim que soube do que aconteceu vim correndo para cá, o doutor me disse que foi só um susto. 

Mesmo com uma expressão pensativa no rosto Sarah deposita um leve beijo nos lábios de Arthur enquanto acariciava o cabelo do jogador carinhosamente.

- Acorda logo, meu amor, estou aqui te esperando! 

Sem suportar ver aquela cena Carla fecha os olhos com força ao mesmo tempo em que lutava para conter as lágrimas que já queriam cair.

- B-Bom, como você já chegou eu acho melhor eu ir indo. Deixei a Maria Clara com a Pocah e...

Antes que Diaz pudesse terminar de inventar uma desculpa para sair dali, um sussurro baixo e grave é ouvido, fazendo o coração das duas mulheres disparar ao verem os olhos de Arthur se abrirem.

- C-Carla...

Picoli chama pela pintora, fazendo uma expressão séria se formar no rosto de Sarah, e as borboletas despertarem no estômago de Carla.

- E-Eu estou aqui! Estou aqui! 

Em um movimento rápido a jovem volta a se aproximar, vendo o rosto do loiro transparecer seu alívio.

- M-Me desculpa, eu fui um idiota! T-Tudo o que eu disse é mentira, você é a melhor mãe do mundo e e-eu...

Carla interrompe.

- Ei, esquece isso, já passou, eu te perdôo, está tudo bem agora! 

O jogador de futebol sorri levemente enquanto segurava a mão da jovem com firmeza, não demorando a ver Sarah preencher seu campo de visão.

- Oi, meu amor, você nos deu um baita susto! Como se sente?

- Com muita dor de cabeça. O que aconteceu mesmo?

- O seu médico disse que você sofreu uma queda no jogo e acabou batendo a cabeça com muita força no chão. Eu passei esse tempo todo em cirurgia, mas a Carla cuidou muito bem de você.

A médica sussurra a última parte olhando intensamente no fundo dos olhos da pintora, que não demora a voltar a se afastar.

- H-Hum...eu tenho que ir! Fica bem, Arthur! 

Antes que Picoli pudesse dizer algo Carla caminha até a porta rapidamente, sentindo seu corpo travar ao tocar a maçaneta.

- E Sarah...cuida dele, por favor! 

Diaz sussurra retribuindo ao olhar intenso que Sarah havia lhe dado, enquanto lutava para segurar as lágrimas. A loira parecia estudar toda a alma da pintora, mas antes que acabasse desmoronando ali, Sarah sorri levemente antes de responder o que se referia a algo muito além do que aquele momento no hospital. Carla estava entregando Arthur à Sarah mais uma vez, e por mais que doesse, precisava ter certeza de que a loira seria a mulher que cuidaria de Picoli pelo resto da vida.

Eu vou cuidar! 

Sem suportar mais Carla força seu último sorriso e se retira do local, sentindo as lágrimas que tanto havia segurado rolarem soltas por todo o seu rosto.

[...]

CARLA

Entro no meu apartamento sentindo minha cabeça latejar, e após me esforçar para secar qualquer vestígio das lágrimas que havia derramado, respiro fundo, não demorando a caminhar até o quartinho de Maria Clara. Abro a porta com cuidado e sorrio levemente ao ver o maior amor da minha vida dormindo tranquilamente em sua cama. Mesmo sendo o centro da minha dor, Arthur havia me dado o melhor presente do mundo, e ao menos consigo imaginar a minha vida sem a nossa filha. Sentindo aquela visão aquecer um pouquinho do meu coração partido, fecho a porta do quarto e volto a caminhar até a sala. Já se passava das 23:30 da noite, e após me despedir de Pocah que me esperava no saguão do edifício quando cheguei, tudo o que eu queria era tomar um banho e dormir para esquecer por algumas horas essa angústia que me tortura por dentro. O casamento do Arthur e da Sarah acontecerá em poucos dias, e agora não há mais nada a se fazer, a não ser lutar para controlar a dor que sinto. Meu corpo parecia ter sido atropelado por um caminhão, mas vencendo o meu cansaço volto a me levantar do sofá, sendo totalmente pega de surpresa ao ouvir a campainha tocar. Estranhando o horário e imaginado ser Pocah mais uma vez, caminho até a porta e a abro, não escondendo minha surpresa ao ver quem estava ali.

Acidente Perfeito - Carthur Onde histórias criam vida. Descubra agora