Acidente Perfeito - Carthur

Capítulo 1

CARLA

"Destino"

Talvez a maioria das pessoas vejam o destino como a consequência de nossas atitudes, e eu acredito nisso, mas também vejo o destino como algo que nos leva a fazer o que fazemos. Existem pessoas que estão destinadas a se conhecerem, amizades que são destinadas a existirem, e amores destinados a serem sentidos. Pode parecer ingenuidade da minha parte, mas é o que eu acredito...

Que todos nós somos peças destinadas a 
completar outras.

Desperto dos meus pensamentos ao sentir minha mão finalmente parar de se mover, me fazendo encarar a pintura à minha frente com um sorriso no rosto. Eu amava o que fazia, e há cada dia que se passava sentia que havia nascido para pintar e para viver da arte. Havia crescido em uma família amorosa que me ensinou desde cedo a importância da honestidade e da bondade. Tenho os melhores amigos que alguém poderia querer, e o namorado perfeito para mim. Eu e Felipe faremos em breve 2 anos de namoro e sinto que não demorará para o pedido de casamento finalmente sair. Meus amigos, Ronan e Pérola não são muito "fãs" do Felipe, mas sem sombra de dúvida a pessoa que mais detesta o meu namorado é o Arthur! 

Nós 4 crescemos praticamente juntos, e apesar de amar à todos intensamente, sempre houve algo diferente entre Arthur e eu. Não sei explicar ao certo o que é, mas desde pequenos nossa ligação parece ser de outras vidas. Ele esteve ao meu lado quando caí de bicicleta pela primeira vez, esteve comigo quando pintei o meu primeiro quadro, esteve ao meu lado quando abri o meu resultado de aceitação na faculdade, cuidou de mim quando fiquei bêbada pela primeira vez em uma boate, me aplaudiu como louco após o meu discurso na formatura, me dedicou o seu primeiro gol em um time profissional, me abraçou todas as vezes que eu chorei, e arrancou os meus melhores sorrisos nos momentos mais difíceis. A maioria das pessoas acha que toda essa nossa amizade pode se tornar em paixão, mas tenho certeza absoluta de que seremos melhores amigos para sempre, e só isso! Balanço a cabeça negativamente, voltando à realidade enquanto saía da "galeria" que Arthur havia feito para mim dentro do meu apartamento, caminhando logo em seguida até a cozinha. Já era final da tarde e a vista que tinha do pôr do sol das janelas de vidro era simplesmente incrível. Eu adorava a minha casa, e sentia que em breve eu não seria a única a morar aqui. Sorrio com esse pensamento, mas antes que pudesse voltar para a sala sinto meu corpo paralisar ao ouvir a porta da frente se abrir lentamente e passos pesados serem depositados no chão.

Droga, haviam invadido o meu 
apartamento!

NARRADORA

Totalmente nervosa a loira respira fundo e em silêncio corre até os armários da cozinha, tirando de lá uma de suas panelas. Carla não sabia ao certo o que estava fazendo, não era como se fosse especialista em se defender de ladrões que invadiam sua casa em plena luz do dia, mas mesmo com medo a jovem se aproxima lentamente da sala, ouvido o som dos passos aumentar ainda mais. Diaz sabia que estava perto de ser vista, e em um movimento rápido a pintora pula nas costas do assaltante, batendo com a panela em sua cabeça. Mesmo atordoado o homem deposita as mãos grandes nas coxas da mulher na intenção de afasta-la, mas antes que pudesse ter êxito em tal missão, sua cabeça volta a ser atingida, o levantado ao chão com a intensidade da dor.

- AI, MAS QUE MERDA É ESSA? DÁ PRA SAIR DE CIMA DE MIM? 

Uma voz grave ecoa pelo local fazendo o corpo de Carla paralisar totalmente.

Conhecia aquela voz!

- A-Arthur?! 

A loira murmura confusa, vendo o homem finalmente se virar para ela ainda no chão.