Acidente Perfeito - Carthur

Capítulo 26

DIAS DEPOIS

CARLA

Entro em casa e sorrio aliviada por finalmente sair do hospital. Alguns dias haviam se passado após o parto, e assim como a minha vida, agora meu apartamento também parecia estar repleto de luz. Olho para a bebezinha sonolenta em meus braços e sinto meu coração se encher com o mais sublime amor. Há cada segundo que se passava eu me encontrava ainda mais apaixonada pela minha filha, e mesmo lembrando da reviravolta que sua concepção havia causado em minha vida, hoje, vendo-a em meu colo, não me arrependia de absolutamente nada. Vejo Arthur entrar no apartamento carregando as bolsas que havíamos usado para guardar minhas roupas e as de Maria Clara, enquanto cantarolava uma música qualquer. Assim como eu, Arthur não conseguia parar de babar nossa filha, e tinha certeza de que apesar do tempo, aquela admiração nunca mudaria. Meu amigo estava se mostrando um pai perfeito, e como forma de sua constante presença e cuidado, Arthur havia conseguido me convencer de que no momento o melhor seria tê-lo no quarto ao lado durante a noite caso eu e Maria Clara chegássemos a precisar de algo. Para minha surpresa e admiração, Sarah havia aprovado a idéia completamente, o que me dava mais um motivo para gostar de sua pessoa. Os sentimentos por Arthur continuavam dentro de mim, mas diferente de alguns meses atrás, agora meu coração pertencia integralmente à linda bebezinha em meus braços.

[...]

NARRADORA

As horas haviam se passado, e antes que o casal percebesse, a madrugada já havia chegado. O dia em família havia sido incrível, e por mais que soubessem que não eram de fato um casal, a sensação de estarem unidos enquanto cuidavam da filha, era inesquecível. A noite estava agradável e fresca, mas diferente do que desejava, o sono ainda não havia alcançado Picoli. O loiro virava de um lado para o outro na cama do quarto de hóspedes enquanto tentava entender o motivo de tanta inquietação. A verdade é que após anos de amizade, nunca havia dormido em uma cama separada da de Carla quando ia passar a noite na casa da pintora, e de certa forma, a atual distância entre seus corpos lhe causava uma certa agonia. Imaginar Diaz no quarto ao lado lhe fazia pensar em coisas que nunca mais poderia fazer, e na namorada que tanto o apoiava. Era óbvio que após tantos meses Arthur havia começado a nutrir fortes sentimentos por Sarah, mas isso não diminuía o que sentia pela melhor amiga. A chegada de sua filha havia guiado sua atenção para algo muito mais importante, porém, isso não anulava a paixão que aquecia seu coração todas as vezes que via a jovem. Desistindo de tentar dormir naquele momento, o jogador de futebol se levanta da cama e segura em mãos a babá eletrônica, não demorando a sair do quarto após ver que sua filha dormia tranquilamente. Vestindo somente uma calça moletom Arthur caminha até a sacada perto da sala, sentindo a brisa suave da madrugada acariciar seu rosto. No coração do jogador havia um grande misto de sentimentos, e por mais que tentasse entender tudo o que se passava dentro de si, a única coisa que podia fazer era continuar sentindo. Ainda apreciando o clima agradável da madrugada Picoli fecha os olhos, não demorando a sentir um dos perfumes que mais amava no mundo, invadir seu olfato e causar um grande reboliço em seu coração.

- Também está sem sono? 

Carla sussurra ao encontrar o amigo na sacada, e rapidamente caminha em sua direção, recebendo um sorriso gentil e acolhedor do jogador de futebol. Assim como Arthur, Diaz não havia conseguido dormir, e após vários minutos lutando para conquistar o sono a loira havia finalmente desistido de tentar.

- Sim, acho que ainda estou eufórico com tudo o que está acontecendo! 

O jovem declara sorrindo enquanto via Carla se acomodar ao seu lado.

- Verdade! Tudo isso ainda parece ser um sonho, mas realmente somos pais, e isso é incrível! Nossa filha é tão linda, saudável, e calma...Eu passei no quartinho dela antes de vir para cá e ela está dormindo tão tranquila. A nossa Maria Clara é...