Queima-me

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NamJoon's view.

Minhas mãos tremem até agora. Não consegui agir de forma rápida, não pude fazer nada até o momento em que Yujin o tirou de meus braços. O cheiro brutal inundava a casa, me lembrando de que meu esposo, meu precioso SeokJin, estava lá em cima, em nosso quarto, sofrendo com sua própria natureza. Meu lobo estava agitado, gritando, berrando, implorando com toda a alma. Eu queria subir, queria nos trancar naquele quarto, e aliviar a dor daquele homem que dominou completamente o meu ser. Não posso fazer isso, não posso simplesmente fazer algo como isso sem o consentimento consciente de SeokJin. Meu choque durou horas e horas, e quando percebi um certo silêncio e um acalmar, me permiti agir. Mandei uma carta urgente para Tae, meu querido irmão, e por sorte, ele ainda não havia saído da cidade. 

-Vim o mais rápido que pude! - ele exclamou ao entrar. Me levantei, ainda atordoado. O mais novo veio até mim. Os olhos azuis ardendo em preocupação. -Onde ele está?

-Lá... Lá em cima... - soltei, perdido. 

-Senhor TaeHyung, dei um supressor leve ao senhor SeokJin, para que ele pudesse dormir por hoje. 

-Obrigado, Yujin. - agradeceu o menor. -Fez bem, o primeiro dia é sempre o mais doloroso. - lembrou. -Sei que me chamar foi uma medida de segurança, mas... - se voltou para mim. -O que pensa que está fazendo aqui embaixo? E o que diabos é isto em sua boca?! - suas perguntas atingiram o mais fundo do meu ser, me trazendo de volta ao mundo real. -Yujin, dispense os funcionários.

-Mas senhor...

-Não é um período adequado para ter pessoas vagando pela casa. - disse. -Por favor, ao menos reduza os funcionários. - pediu, e a mulher acatou. Livres da presença de Yujin, me senti desabar mais ainda. -Sei que nunca precisou ajudar um ômega no cio, mas ele é seu esposo! - exclamou, como se estivesse brigando comigo. E talvez realmente estivesse.

-Não posso fazer isso sem o consentimento consciente de Jin. - falei, sentindo-me ainda mais trêmulo.

-Céus, não será a primeira vez que irão se ver nus! - disparou, de fato achando-me patético. Bem... Nunca vi Jin nu, nem ele me viu, muito menos avançamos o que deveríamos avançar. Não estávamos prontos para esse passo, mas ninguém sabia. Foi uma das promessas que fizemos. Não avançar a linha e seguirmos devagar. Como explicar tudo para TaeHyung nesse minuto? -Ele é um ômega casado e marcado, não será o fim do mundo, mas sem a sua ajuda... - ele parou de falar ao me encarar, vendo a culpa e pavor em meus olhos.

Pelo básico que sei sobre ômegas, sua marca nasce do nó dele e de seu marido alfa. Um nó específico, que ocorre de propósito, é algo controlado por ambos os lados. Se um alfa marca um ômega, é porque tem certeza, em sua maioria, ocorre na noite de núpcias. É o marco de uma união emocional e física. Isso me ataria a Jin, assim como o ataria a mim. Claro, nós deveríamos ter feito um nó, deveríamos ter nos submetido a uma marca naquela noite, mas nossos emocionais confusos e conturbados não estavam em plena certeza. Foi a melhor decisão esperar, mesmo que eu estivesse certo dos sentimentos que cultivei por ele no último mês. Numa coisa concordamos, precisávamos de tempo, mais tempo, tempo o suficiente para que não se tornasse uma tempestade de emoções entre nós. Eu queria poder ajudá-lo agora, e seu cheiro forte me chamava, mas talvez eu o decepcione outra vez.

-Me diga que o marcou. - pediu meu irmão, e sem ter para onde correr, apenas abaixei a cabeça, ouvindo seu suspiro trêmulo.

-Concordamos em não prosseguirmos... - tentei justificar. -Entenda, SeokJin e eu nos casamos no mesmo mês em que nos conhecemos. Nenhum de nós estava pronto para colocarmos alianças nos dedos, muito menos transar. - praguejei, meio tímido de dizer aquilo. -Os últimos dias foram complicados... Mais cedo, JungKook me socou por achar que eu estava destratando seu irmão. 

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