Dores Ferventes

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SeokJin's view.

Silenciosa e vazia. Aquela casa havia caído num profundo silêncio, deixando todos os cômodos, fartos de móveis bonitos, vazios. Eu me sentia confuso, o que não era novidade, mas pela primeira vez, desde que coloquei meus olhos nos de NamJoon, senti um certo frio. Dias atrás, quando fui até seu escritório numa noite calma, sua expressão nervosa me tirou o sono. Sua reação ao me ver, ao me pegar olhando um de seus desenhos, ah... Aquela reação acabou comigo. O tom rude e irritado me fez tremer, e me senti envergonhado, talvez até mesmo indefeso. Me escondi nos lençóis naquela noite, e fingi dormir quando ele apareceu, horas depois. Nenhuma palavra fora dita entre nós desde aquilo. Eu me sentia deslocado outra vez. Perdido em minhas próprias ações. Eu deveria falar com ele? Talvez me desculpar? Por que eu sentia que era minha culpa? Pensar dessa forma me tirou noites de sono.

NamJoon mal me olhava desde então, mal falava e mal aparecia. Seu trabalho na cidade havia retornado mais cedo, o que eu acredito ter sido influenciado pelo evento entre nós. Os dias seguiram calmos, mesmo que calados. A pequena biblioteca da casa virou meu lugar seguro. Me permiti fingir estar tudo bem, o que também não era uma grande novidade. Lia durante as tardes, até o jantar, onde eu me colocava na mesa, seguindo o roteiro de bom esposo. Se é que isso existe entre nós. Nós, não consigo parar de falar essa palavra. Aquele "nós" era perturbador agora. Meu coração se partia a cada vez que eu e NamJoon nos encarávamos sem querer. Eu não sabia o que se passa em sua cabeça, muito menos poderia imaginar, mas em minha mente, ah... Eu estava devastado. Meu coração, meu pobre coração, que havia descoberto uma paixão intensa e emocionante, se partia mais e mais.

-Senhor SeokJin? - ouvi um chamado. Estava sentando na poltrona próxima a janela do cômodo médio. Um livro repousava em meu colo, mas meus olhos miravam a paisagem ao longe. Yujin me chamava da porta, e eu lhe dei um sorriso singelo.

-Sim? - respondi.

-Seus irmão chegaram. - ela disse.

Pela primeira vez, senti algo inexplicável. Meu coração disparou e eu quis chorar. Meus irmãos... Meu caçulas briguentos e bobalhões... Eu nem percebi que estava sentindo tantas saudades. Me levantei de prontidão, caminhando junto da mulher até a sala. Uma emoção enorme preencheu meu peito. Lembrei-me dos primeiros passos de JungKook, da primeira vez que ele havia quebrado a perna... Lembrei-me da vez em que Jimin aprendeu a cavalgar, mas não alcançava os suportes da sela. Crescemos todos juntos, e agora, eu me sentia tão longe deles. Estávamos passando pela porta da sala, e o cheiro inconfundível de meus dois irmãozinhos inundou meus sentidos, me permitindo sorrir abertamente. Os dois, pomposos, trajando vestes elegantes, porém casuais, residiam de pé na sala. Meu coração tropeçou, e eu corri até os dois. Os abracei com força, sentindo o cheiro de casa. Minha casa... Eu sentia falta disso.

-Ah... - suspirei trêmulo, sendo apertado pelos dois alfas.

-Hyung! - Jungkook exclamou. Me afastei, o suficiente para admirar seus rosto bonitos. Dois homens. Mais ou menos.

-Vocês parecem tão maduros. - murmurei comovido. -Senti saudades.

-Nós também! - exclamaram juntos, logo se encarando entre si, com expressões engraçadas. Gargalhei, sentindo-me verdadeiramente alegre, pela primeira vez em dias.

-Está quente hoje, vamos sentar lá fora! - sugeri. -Yujin, por favor, mande preparar um chá para nós, vamos nos sentar na mesa lá fora. - pedi graciosamente, e percebi nos olhos gentis e sinceros de Yujin, que eu realmente não aparentava estar tão feliz quanto agora. E isso me partiu.

-Sim, senhor. - sorriu, logo se retirando. Engoli em seco, refletindo aquilo ainda. Me coloquei no meio dos dois alfas, os guiando pela porta de vidro da sala. O jardim da residência era bonito e bem cuidado, havendo uma mesa de ferro média no centro. Estava um dia lindo, e mesmo quente, o Sol não incomodava a visão. Tomamos lugares na mesa, e eu suspirei.

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