Burn

Destinos Traçados

Meu coração estava mais agitados que aquela dança rítmica no salão. Eu observava por trás das cortinas. Sentia meu colete apertar meu corpo, me impedindo de respirar. Minhas mãos suavam e eu sabia que estava acabado. Lá em baixo, em meio aos nobres e seus casos escondidos, eu via meu pesadelo. Um pesadelo do qual eu vivi por toda a minha vida. Em algum lugar ali, estava o alfa com quem eu me casaria em um mês. Um mês. Quatro semanas, trinta e um dias... Eu vivi todos os meus dezoito anos pensando nesse dia, tentando acreditar que era uma lenda distante que jamais aconteceria. E então, hoje, no dia do meu aniversário, eu finalmente conheceria o homem que traçaria meu destino por completo. Um alfa de Seul. Filho de um homem importante, o senhor Kim Yeonsuk, o poderoso Lorde do Café. Dono da maior companhia de grãos da Ásia. Nossos pais eram conhecidos, arriscava dizer amigos, e bem... Ele tinha dois filhos, e o mais velho... O mais velho fora destinado a mim assim que completei dez anos. Seu nome era NamJoon, e era tudo o que eu sabia sobre ele. Nunca nem mesmo o conheci quando criança. Soube que ele estudou na América, onde especificamente, eu não fazia ideia. Fui educado para esse casamento, mas eu nunca o quis.

-Jinnie, querido. - ouvi a voz de minha mãe ao meu lado. Me virei para a mulher vestida em tons de verde esmeralda, envolta de joias perfeitas e polidas, brilhantes. Ela parecia poderosa, e era. Uma ômega de palavra e poder. Minha mãe era alguém que eu admirava muito. -Se escondendo?

-Estou nervoso. - suspirei, sentindo o estômago revirar.

-É normal, querido. Conhecerá seu noivo esta noite, e em um mês estará se casando. - suas mãos macias e tocaram meu rosto, acariciando minhas bochechas. -Meu lindo Jin, o meu único e precioso ômega. Logo logo será um ômega casado e viverá com seu esposo. - vi seus olhos transbordaram.

-Mamãe... - tentei conforta-la, porém ela negou, sorrindo e ajeitando minhas roupas que ainda permaneciam no perfeito lugar. Ela me abraçou, e eu devolvi o aperto no mesmo instante.

-Bem, vamos, seu pai está esperando. - ela sorriu, recompondo-se.

Respirei fundo ao que me ajeitava ao seu lado. Lhe ofereci o braço e em segundos estávamos na escadaria de mármore de nossa casa. A música dos violinos permaneceu dominando o lugar, me deixando tenso. Algumas pessoas se mobilizaram para nos observar. Cochichos, olhares, sorrisos. Meu coração disparava cada vez mais. Ao pé da escadaria, encontrei meu pai junto de meus dois irmãos mais novos, JungKook e Jimin. Os dois eram alfas, lindos alfas que eram melhores amigos. Sempre foram tão próximos, desde que nasceram, e me protegiam de tudo, mesmo sem necessidade. Recebi um beijo na testa de meu pai, este que elogiou-me também. Me coloquei entre os meus irmãos, sentindo o peito quase explodindo. Meus olhos ardiam, mas chorar já não era mais uma opção. Muitas pessoas nos observavam ainda. Jimin me ofereceu o braço e eu sorri para ele. JungKook, enciumado, logo fez o mesmo, me fazendo rir baixinho. Olhei de um alfa para o outro, vendo as duas crianças que eram.

-Você está muito bonito, irmão. - Jimin elogiou. -Não gosto que esteja tão bonito assim para um homem que nem conhecemos.

-Jimin está certo. - JungKook concordou, e eu suspirei.

-Vou me casar com esse homem, meninos, e já deveriam estar acostumados com a ideia. - falei, talvez deveria dizer aquilo para mim mesmo.

-Um alfa quer levar nosso irmão, como acha que estamos nos sentindo? - rosnou JungKook, este que quase nunca controlava os instintos de guerra. Eu lhe encarei cauteloso.

-Após o casamento, irei viver com o meu marido, mas irei vir para visitá-los, e também poderão ir até minha casa. - tentava tranquiliza-los ao máximo. Jimin e JungKook eram meus preciosos irmãos, e vê-los abalados me parte o coração.

-Acha que ele é um bom homem? - Jimin questionou de repente e eu senti a garganta fechar. Nem mesmos sei sua aparência, como poderia saber qual personalidade estava para chegar.