Cap. 13 Homizio

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-Kaleb. –Gritou novamente Taylor, mas o rapaz não fez questão de olhar para trás continuou a seguir em direção para onde Marco e os outros seguiram. –Idiota babaca e retardado. O que foi mesmo que eu vi nesse homem? Preciso dar um jeito de fugir com ele daqui...

-Não podemos deixar aquele idiota chegar ao Marco antes da gente, Heitor aonde você acha que ele pode ter ido? –Amon perguntou com uma preocupação estridente ao rapaz que o guiava rapidamente sem rumo.

-Ele só conhece os lugares que eu os levei correto? Então vamos começar por estes lugares. Tudo bem? Fique calmo nós vamos encontra-lo. Eu vou encontra-lo. –Afirmou a si mesmo com um tom de voz de encorajamento.

-Tudo bem. –Consentiu Amon e eles começaram pelo museu.

***St James Park***

Pensa numa pessoa idiota. Agora multiplica por mais de um milhão. Sim sou eu, que por um instante acreditei que finalmente eu teria uma explicação plausível para toda essa bagunça que vem acontecendo entre eu e o Kaleb, e sinceramente já me cansei, estou cansado, não quero mais saber da existência dele ou dessa outra ridícula, vou ficar aqui até tudo, exatamente tudo em mim voltar ao normal, sabe quando você está tão chocado com algo que parece que tomou uma anestesia e está em estado de choque ou paralisia, simplesmente eu nesse exato momento, vejo os carros passando, as pessoas conversando e o barulho de tudo ao meu redor, mas não me sinto presente é como se eu estivesse em outra dimensão deixando somente meu corpo aqui pairando por Londres.

Maldita hora que não mandei o motorista seguir em frente, eu deveria desconfiar que toda essa visita e receptividade da Davina tinha algo a mais, ela se deslocar de lá até aqui é normal, mas querer sair de qualquer maneira e o pior foi os segredinhos do Amon ao celular, eu reparava porém fingia que não tinha notado nada, eu queria, no fundo do meu coração eu queria que fosse coisa de minha cabeça, que eles não estavam tramando nada por detrás de minhas costas. Merda. Eu agora só consigo pensar naquele maldito exame, que bom para ele agora vai realizar o maior sonho dele, com ela. Ela o que ela tem, qual é a dela? Por que ficar com alguém que é gay, porque é isso que o Kaleb é, eu sei que é, eu duvidei durante anos sobre ele ter tido relações com mulheres, não que eu ache errado, até porque foi antes de mim, mas devo confessar que eu sempre fiquei com o pé atrás, até que me convenci que eu e eles éramos o que éramos, felizes, um casal dos sonhos? Talvez.

Meu homizio é esse local, que remete às minhas melhores lembranças de um passado muito distante e feliz, e se eu estivesse com o Guilherme hoje, será que eu estaria passando por tudo isso? Ou se eu não tivesse aberto a boca para me declarar para ele aquele dia naquele "lugar especial" eu com certeza eu estaria melhor hoje. Meus pais, eles não podem sonhar com esse acontecimento, meu pai então...

Não pretendo voltar tão cedo para não ter que vomitar na face dos dois, porque literalmente o meu nojo acaba de se tornar maior do que tudo que sinto por Kaleb, minto para mim mesmo para tentar disfarçar o quão grande está sendo essa dor que dilacera em todas as partes intocáveis do meu coração, que claro é algo totalmente significativo no que chamamos de amor, eu estou dilacerado. Eu. Coisas que eu nunca imaginei falar com ninguém eu falei para ele, razões que eu nem eu sei ao que me levaram ao amar de tal maneira para criar coragem suficiente de enfrentar um garoto que sofria de uma doença mental, eu faria tudo de novo? Faria, porque o amor nos cega e por mais que a gente queira enxergar fica uma nevoa tapando a visão e permitindo-nos que continue seguindo, mesmo com todos os defeitos e qualidades se eu pudesse escolher alguém para me entregar totalmente é o Kaleb. Eu queria poder chegar a certo ponto e perguntar: "Nós podemos nos amar de novo?". Eu sei que amo, eu sinto meu coração chorar por amor, eu sinto tanta coisa que queria ser capaz de não sentir. Raiva? Não. Arrependimento? Não. Autoflagelação? Definitivamente, por permitir que alguém entre em minha vida e faça todo esse estrago. Seguir em frente não é mais uma opção, é condição. Foi maravilhoso, foi perfeito, foi tudo o que deveria e não deveria ser, mas agora não preciso mais me repreender e aceito que essa visita foi o marcante e doloroso "fim".

Além da Lagoa (Serendipidade II)Onde histórias criam vida. Descubra agora