Cap. 11 Sonhador Acordado

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Chegamos à amostra de projetos de moda, estou totalmente paralisado é tudo muito perfeito, cada desenho um melhor que o outro então eu pensei comigo mesmo: "não tenho nem chances". Amon saiu fotografando tudo e me puxando pelo braço. Avistamos a professora Carmélia que finalmente deu as caras.

-Boa noite meninos. Quão elegantes e lindos estão. –Educada e direta como sempre a professora começou a nos guiar.

-Boa noite senhorita Carmélia. Obrigado. –Respondi diretamente. –Devo dizer que estás maravilhosamente bem também. –Finalizei e fitei o chão. Meu respeito por ela é enorme

-Carmélia querida eu estou amando isso tudo. Londres é vida. E essa amostra divina. Já quero uma recordação. Onde ficam os homens que desenham isso tudo? –Amon como sempre entusiasmado.

-Amon nós estamos aqui para divulgar o trabalho do Marco, então se comporte, por favor. –Deu para senti a Carmélia envergonhada, mas quem disse que Amon o fez.

-Pois os desenhos e designs do meu amigo superam todos esses, porque ele é divino. –Ele piscou e sorriu, devolvi o sorriso.

-Lá está o nosso alvo. Prepare-se Marco. Está com tudo pronto certo? –Ela falou segurando minha mão, que agora estão geladas.

-Si... Sim senhorita. –Solte nervoso.

-Ótimo vamos. –E seguimos em direção á uma mulher que estava vestindo um vestido branco com acabamentos em fios dourados acompanhando um chapéu noturno roxo posicionado propositalmente de lado para dar um ar de fashionismo Século XIX. Simplesmente perfeita num salto preto com a ponta do stilleto em vermelho.

-Bonsoir Mlle Claire Lis (-Boa noite Miss Lis Claire.) –Carmélia comunicou-se com a madame Lis Claire, a única parte que pude entender daquele diálogo.

-Bonne nuit Carmelia . Honey comment allez-vous? Elle me manque. (-Boa note Carméla. Meu bem como estás? Tive saudades sua.). –Enquanto elas se entendiam eu fiquei ainda mais admirado com a leveza e educação sem falar da elegância natural que fluía dessa mulher. -Querida vamos falar em português, sinto que o seu acompanhante está um pouco perdido. –Miss Lis Claire falou e olhou para mim, estou paralisado. Mas só eu estou, Amon foi diretamente até a madame e estendeu sua mão em sinal de cumprimento, acho que tudo que ele ler e assiste o preparou para isso. Já no meu caso a admiração deixou-me fora de órbita. -Prazer Miss Lis Claire, seu admirador de longa data Amon Büttinger. -Apreciada mon cher. –E deliberou um sorriso maravilhoso em minha direção, quase deixo a pasta cair no chão de tão encantado. -Mme Mlle Claire Lis, bonne nuit. Marco plaisir. (-Madame Miss Lis Claire, boa noite. Prazer Marco.). –Claro que meu francês é péssimo, mas me esforcei um pouco para aprender um pouco para me comunicar. -Mon cher não há necessidade de falar em francês, consigo lhe entender perfeitamente em sua língua. –Educadamente me aproximei dela e beijei sua mão.   -Claro, perdoe-me. –Falei desconcertado. -Não há o que temer meu querido. Então você és o cavalheiro do qual a minha amiga Carmélia havia me falado, posso ver seus trabalhos? –Ela alisou minha mão e a soltou para que eu possa movimentar minha pasta.   Fomos para um lugar mais reservado e apresentei todo o meu projeto para a Miss Lis Claire, que por hora não expressou nada senão um sorriso assim que termine. Senti minha barriga ficar gélida e um suor frio aparecer por minhas bochechas, e uma pequena tremulação nas mãos.   -Magnifque! –Foi à única palavra que ela deferiu assim que finalizei. Pude ouvir alguns aplausos baixos do Amon que quase saltará da cadeira.   Depois de passado alguns minutos em reunião com a professora Carmélia, retornaram e novamente eu fico intimidado com a presença de Lis Claire. Que agora está com uma afeção séria e parcial assim como a Carmélia.   -Marco primeiramente eu quero lhe parabenizar por sua coragem de aceitar a fazer tal apresentação, pelo o que soube foi tudo um pouco corrido. E devo dizer que sua apresentação foi ótima... Aqui em Londres. Você estaria pronto para reapresenta-la em Paris com direito a modelos e organização da minha empresa?   Meus ouvidos escutam, meus olhos veem com veemência, mas o meu cérebro não processa tudo. Não sei mais o que é real ou sonho.   -Como é? –Perguntei boquiaberto. -Meu Deus do céu! É sério isso Carmélia? Vou desmaiar! Não o MARCO vai! –Amon gritou e me deu m abraço forte. -Isso mesmo que ouviste mon cher. O que me diz? Aceita? –Lis Claire aproximou-se e pegou minha mão. Aquilo de alguma forma fazia-me lembrar de minha mãe, o cuidado, a atenção e a meiguice. -Aceito! Aceito! –Respondi em alto bom sonho e eufórico. -Ótimo. Vou comunicar minha equipe e daqui dois dias estaremos em Paris. Tens alguma preferência? –Essa mulher sem sombra de dúvidas sabe o que e aonde quer chegar. Não é a toa que ela está onde está. -Preferências? Não. Nenhuma. O que você decidir está feito. –Fale tudo em um fôlego só, ela sorriu se despediu e pegou o celular enquanto caminhava e começou a comunicar sua equipe como havia dito.   As horas passaram e é chegada a hora de r embora, a Madame Lis Claire já foi embora alegando ter outro evento para comparecer anda está noite, curti um pouco a notícia até que me senti cansado e chamei o Amon para ir embora. Assim que chegamos no hotel eu abracei o Amon e subimos pelas escadas rindo de felicidade.   -Eu ainda não acredito que eu estou prestes a fazer meu primeiro desfile com a produção da Miss Lis Claire. É surreal. Belisca-me de novo Mon? –Falei em meio aos sorrisos e euforia.   -Mais que merecido! De todos aquelas amostras a sua sem sombra de dúvidas é a mais revolucionária. E não digo isso como seu amigo, digo como seu futuro designer de moda. Por mais que eu ame moda nós dois sabemos que você é apaixonado pelo que faz. –Me abraçou novamente.   Enfim estamos no quarto do hotel, me joguei na cama e de uma risada olhando para o teto, a ficha caiu e eu gritei alto de felicidade. -Me fala que esse grito significa que vamos para uma casa de festa noturna agora? –Amon saiu correndo do banheiro com a blusa um pouco bagunçada. -Ah... Não! É só a ficha caindo! –Dei um sorriso e fitei meu celular. Lembrei-me da ligação que eu prometi fazer para o Kaleb.   Pego o celular, mas logo desisto de tudo, a imagem da Taylor deitada com ele tirou minhas estruturas, essa saudade está me aniquilando, morro aos poucos com essa saudade e essa distância. Eu admito que o meu amor por ele ainda persiste em tirar meu sono e a suspirar. Pode ser orgulho, pode ser dor pela traição, ou seja, lá o que for eu o amo admito e aceito que esquecer ele vai demorar. E eu quero esquece-lo? 

Além da Lagoa (Serendipidade II)Onde histórias criam vida. Descubra agora