Cap. 14 Fenecimento

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É o corpo dela que estava estirado no chão do lado de uma poça de sangue, e eu não sei se me aproximo e tento ajuda-la ou a deixo sofrer do mesmo modo que ela está fazendo comigo.

-Chamem uma ambulância. –Algumas pessoas aproximaram-se e fizeram uma expressão estranha, foi então que lembrei que eu estou em Londres. – "Call the emergency. Please" "Chamem a emergência. Por favor". -Consegui a atenção deles, e uma moça aprontou-se a pegar o celular e fazer a ligação. Aproximei-me do corpo da Taylor, continuo trêmulo, jamais vi uma cena dessas antes, jorrava sangue da cabeça dela, aquele cabelo loiro agora estava quase que completamente escarlate. Tentei comunicar com ela sem aparentar estar tão ruim a situação. –Taylor olhe para mim, vai ficar tudo bem. Taylor olhe para mim. A ajuda já está vindo. Tudo bem? Converse comigo. –Consegui o controle de mim mesmo e da situação.

-Por quê? –Ela sussurrou quase inaudível.

-Como é? –Fiz uma expressão como se não tivesse entendido nada.

-Você está me ajudando... Por quê? –Ela choramingava ainda deitada no chão.

-Não irei falar disso agora, eu só preciso que você fique comigo enquanto a emergência chegue. –Convenci a minha ira interior que se tratava de uma vida agora, e todas as decepções que aquela garota causou na minha vida tinham que ser esquecidas.

-Eu transformei sua vida perfeita em um inferno. Eu... –A respiração dela falhou, eu entrei em pânico. As pessoas ao redor só assistiam a cena sem entender muito o quê falávamos um ao outro.

-Taylor mantenha se forte, foca no som da minha voz. –Já é possível ouvir o som da ambulância agora. –Ouça eles estão chegando. Vai ficar tudo bem.

-Não Marco, eu preciso que você escute bem o que vou te dizer agora... Você precisa me ouvir Mar... –E novamente ela puxou um fôlego muito forte, e a respiração continua falhando.

-Taylor, por favor, mantenha-se calma. –Eu reparei que o som da ambulância agora estava um pouco mais distante, eles não vieram ao nosso pedido. Droga.

-O Kaleb, ele nunca fez nada comigo, ele na verdade te ama mais do que ninguém, mas eu o queria e fiz todas essas idiotices para tê-lo. Perdoe-o. Perdoe-me.

-Você bateu a cabeça muito forte Taylor. Deixe para termos essa conversa depois. –Disse tentando diminuir mais meu nervosismo do que o dela.

-Você não vê, não vai haver um depois... Eu coloquei um remédio no vinho do Kaleb, eu entrei no banheiro depois que ele adormeceu e consegui uma camisinha de lá, masturbei-o e adquiri seu sêmen para os planos futuros, eu já tinha tudo armado em minha cabeça mirabolante. Depois abri a porta e fiquei vigiando pela sacado do apartamento você chegar, até que criei toda a cena que você viu. O fato dele ficar confuso foi porque quando percebi que o remédio começará... –A respiração falhou e ela olhou para o nada por alguns instantes, era agoniante vê-la assim. Eu já comecei um choro extremo, escutando tudo isso sem me expressar, estava nítido era o fim dela se a ambulância não chegar logo. –Eu o beijei antes dele apagar totalmente, por isso o deixei com mais dúvidas. E quando percebi que no meu plano tinham falhas apelei para a gravidez e agora você já sabe como acaba... Perdão. –Minhas lágrimas eram mutuas agora, pareciam ter criado vida própria.

A ambulância finalmente chegou e me afastaram do corpo dela, antes de colocarem-na na maca eu apertei a mão dela bem forte e dei um sorriso.

-Obriga...da. –Sussurrou bem baixo e os paramédicos começaram os procedimentos e uma injeção foi dada a Taylor.

Começaram a perguntar qual nosso parentesco, pois ela precisa de acompanhante, pois o estado é grave. Falei que estávamos numa viagem em conjunto visitando a Europa, e eles me levaram junto com ela para o hospital.

Além da Lagoa (Serendipidade II)Onde histórias criam vida. Descubra agora