✧d e z a s s e i s

41 4 0
                                    

...
CHUPA OTÁRIO! EU GANHEI! — K grita em português e eu reviro os olhos, já era a quinta vez que ele me pregava um susto e ainda me desconcentrava.

— Cala a boca K, estou estudando.

— Você nem sabe o que eu disse.

— Nem me interessa, quero que cale a boca.

— Você disse que estava estudando? O quê?

— Queria que fosse o quê? O seu único neurónio? Acho melhor ser a NASA a estudar, não eu.

Otário. — Tenho a sincera impressão que ele me xingou, mas não liguei, continuando os meus estudos, que estavam me dando dor de cabeça de tanto que tinha de lembrar só para conseguir fazer uma frase.

— Diz aí se eu estou falando bem. — Nada, ele simplesmente estava focado no jogo. — K! — Gritei, mas ele não olhava para mim.

— Você disse para eu calar a boca. — Falou entredentes e eu revirei os olhos.

— Agora é outro assunto. Se virar para mim eu pago o jantar ou almoço quando formos para o Japão.

— Pode ser já amanhã, mas nesse país. — Virou-se que nem flash e eu novamente estava revirando os olhos. — Eu escolho o sítio.

— Aish, 'tá como queira. Vê se eu falo corretamente. Olá, meu nome é Yuta Nakamoto.

— Credo parece o tradutor. Tenta não forçar o sotaque, fala à sua maneira.

Olá eu sou o Yuta Nakamoto. — Falei sem forçar nada, mas ainda assim pela sua feição, não tinha ido bem.

— Só sabe isso?

— Algumas coisas básicas.

Quantos anos tem? — Processei a frase na minha cabeça, assim que consegui saber, só faltava falar o número.

Vinte e cinco...?

Você não tem vinte e cinco anos, Yuta. Vinte e três.

Vinte e três?

Sim. Vinte e três anos. Você estava dando dois anos a mais a si próprio.

— Estou péssimo nos números.

— Pelo menos respondeu à minha pergunta. Vamos a outra. Qual seu aniversário.

— Vinte e seis de outubro.

— Em português!

— Eu não sei falar vinte e seis em português!

— Fala outubro.

— Outubro?

Agora, vinte e seis.

Vinte e seis.

Vinte e seis de outubro.

— Ah... Vinte e seis de outubro. Eu faço anos dia vinte e seis de outubro.

Nossa esse saiu lindamente, não parecia o tradutor falando. — Joguei o meu caderno dele. Ele riu. — Mas pronto, já sabe pelo menos responder três perguntas, que são "como te chamas", "qual a tua idade"  e "em que dia nasceste"

— Yuta Nakamoto, vinte e três? Vinte e seis de outubro.

Sim, vinte e três, já não sabe nem a própria idade.

— Respeita-me que eu sou mais velho.

— E mais baixo.

— O que estão fazendo? — Niki apareceu na sala, me assustando a mim e ao K.

— Não tinha saído?

— Acabei de chegar.

— E onde ela está?

— Ela foi a casa. Fica já aqui perto, não sei se lembra.

— Lembro, você não parava de me abandonar quando ela tava sozinha em casa.

— Respeita-me seu idiota.

— Vocês estão a falar em japonês. — Alertei, recebendo um olhar debochado de Niki.

— Não tenho problemas de você ouvir, quando não quiser que ouça eu falo em português, relaxa.

— Para de ser grosso com ele, Niki.

— Não fui grosso. Se eu soubesse como ele era antes de entrar nessa casa, garanto-te que não entrava.

— Olha eu dei que dei em cima dela, mas eram cinco da manhã, meu neurónio é dividido com o do K, da aí um desconto.

— Não me mete nisso, seu paspalho!

— Ela nunca vai querer nada com você, se liga aí, ela já me tem.

— Tem é um belo ciumento, isso sim. Também a controla quando ela sai com os amigos é? Deve haver uns mais jeitosos por aí.

— Mas você quer apanhar seu meia tigela? — Segurou a gola da minha blusa. — Entenda que se você se meter com ela de novo você morre, como você há muitos. Quero você longe dela, entendeu?

— Ela vai me ensinar português, também a vai impedir disso? Não era eu para ter um relacionamento assim, abusivo.

— Abusivo? Você chega aqui é dá em cima dela! Sendo que ela namora! Eu nunca a tratei mal, o K sabe bem, mas idiotas como você merecem um soco bem nessa carinha laroca, para aprender a não ser necessitado, se quer se divertir compra um brinquedo.

— Que ironia, ela me disse o mesmo, e eu te respondo o mesmo. Eu posso ser talarico, mas protegeria qualquer mulher, seja ela, seja quem for, tenho uma irmã mais velha, vi ela passar coisas que nem te falo, nas mãos do pai do meu sobrinho, imagina onde ele está.

— Preso?

— Não, morto. O meu sobrinho chama pai ao padrasto, pois ele sim, merece ser chamado de pai.

— O que quer dizer com isso? Eu nunca lhe fiz mal seu otário! Como ousa me acusar disso?

— Não estou te acusando, nem ameaçar eu estou, estou só falando que trato de pessoas idiotas, além que meu trabalho ajuda.

— Nunca se sabe o que pode fazer pelas costas à minha namorada. — Deu enfâse a "minha namorada" e ri nasalmente, sorrindo de lado.

— Se ela quiser, eu lhe dou sem problemas, se ela quiser te colocar com um par de cornos, vou ter muito prazer. Não gosto de você mesmo.

— Você está na minha casa! Mínimo de respeito!

— Ok, mas está dito, se ela vier ter comigo, ai de você se lhe levanta a mão ou a voz.

— Se ela me trair a culpa é sua, não dela.

— Minha? A culpa é dela mesmo, mas comerá um belo partido. 

— Ei, acabou, vocês ainda vão partir do soco e eu tenho de levar esse Zombie vivo para o Japão.

— Eu não vou aguentar um mês a conviver com este perverso, olha o que ele está falando da minha namorada.

— Eu atino-lhe a cabeça, relaxa, ele só está com falta de sexo. Eu levo ele amanhã e uma casa por aí.

— Uma puta não chega para esse perverso parar de querer a minha namorada, leva-o é de volta para o Japão!

— Só podemos daqui a um mês. Regras são para cumprir, irmão. E eu quero chegar vivo.

— Não dá para estarem num hotel? — Finalmente me soltou, dando assim para eu me ajeitar.

— E eu tenho dinheiro naquele sítio. Paguei a esse idiota para cortar e pintar o cabelo, já basta. Ele fica aqui, mas nada de andarem ao soco. — A campainha é ouvida quando Niki ia falar. Respirei fundo, recebendo um olhar feio de K. Eu exagerei? Eu acho que não.


Runaway | nakamoto yutaOnde histórias criam vida. Descubra agora