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As horas foram passando rápidas, ao ponto de nem notar. K tinha acabado por adormecer a meio do segundo filme, já eu estava no quarto e ainda estava pensando qual seria o quinto.

Olhei o relógio e eram quase cinco da manhã, até me espantei não ter me rendido assim para o sono, mas qualquer coisa poderia dormir depois.

Ouvi passos no corredor e por causa do filme que estava vendo ser de terror meti logo minhas antenas alerta. Olhei de relance para o corredor, ouvindo os passos se aproximar. Me levantei e fui até lá de fininho, vendo que era a garota que estava lá.

— Você me pregou um susto.

— O que está fazendo acordado? São quase cinco da manhã.

— Estava maratonando uns filmes já que dormi a viagem toda para aqui.

— Hm, ok. — Passou por mim e foi até a geladeira e pegou uma garrafa de água.

— Isso vai prejudicar sua garganta depois.

— E o que importa? Estou com a garganta seca, ela agradece.

— Seu japonês realmente é muito bom, está de parabéns.

— Você é o único que não entende português, então isso me dá um pouco mais liberdade para não esquecer de tudo o que Niki e K me ensinaram.

— Me sinto orgulhoso por você poder usufruir do japonês, mas realmente pensei que não soubesse.

— Se quiser aprender português, nós te ajudamos. Não sei porque está aqui, mas acho que vai precisar. Você sabe inglês?

— O básico. — A mesma coçou sua cabeça.

— Quanto tempo pretende ficar aqui?

— Em principio, um mês.

— Depois volta para o Japão? — Assenti com a cabeça. — Sortudo. Eu que tenho descendência falo japonês praticamente às escondidas, meus pais nem do Japão me deixam falar. Então se eu gostar de algo japonês já começam com coisas, mas eu tenho culpa de ser luso-japonesa? Não, mas eles não entendem, além de nem serem meus pais verdadeiros.

— Nem sei porque reclama, eles devem te amar.

— Me amar não implica me impedirem de falar de algo que sou descendente.

— Deve ser para te proteger, ou mesmo algo que seja ruim do seu lado japonês, não sei. Por exemplo, meu sobrinho trabalha como FBI.

— Nossa, nem de longe diria que você é tio.

— Tenho uma irmã mais velha.

— Posso saber sua idade? — Me encostei na parede colocando meu cabelo para trás, só para o ajeitar um pouco por estar bagunçado.

— Vou fazer vinte e três. E você? — Perguntei mesmo sabendo que ela já é de maior.

— Vou fazer dezanove, em Setembro.

— Eu faço em Outubro. — Dei um pequeno sorriso. — Está planeando ir dormir? Estava sendo legal conversar com você, e gostava de te conhecer mais.

— Eu tenho namorado.

— Está pensando que estou a seduzir-te? Olha, mas que safada. — A mesma arqueou a sobrancelha e eu nesse momento comprimi meus lábios. — Não te vou fazer nada, eu ainda tenho senso.

— Espero que esteja falando verdade, pois eu sei me defender. Pratiquei Taekwondo durante um tempo, mas graças aos meus pais serem meio marados da cabeça, tive que sair.

Runaway | nakamoto yutaOnde histórias criam vida. Descubra agora