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medo (me.do)
1. estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência.
2. temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio.

25.02.2019

Já faz um mês desde o aniversário do Matteo. Um mês desde que eu percebi que fiz a única coisa que não deveria fazer.

De início estava tranquilo. Conheci a mãe de Paulo - a única que sabia a verdade -, ele falou com os meus pais por chamada de vídeo, tudo continuou normal. Conversávamos, saíamos juntos, eu fui em um jogo ou dois... até o dia dos namorados.

Nesse dia, eu esqueci que estávamos fingindo quando fomos a um restaurante "comemorar" o dia dos namorados. Os abraços, os beijos na bochecha, as mãos dadas, tudo parecia tão real que, por um momento, eu me deixei acreditar que era - e, quando cheguei ao meu apartamento, sozinha, aquilo me quebrou.

Dei a sorte de que já estava na temporada de desfiles outono/inverno e, com isso, me lotei mais ainda de trabalho. Fiz de tudo para que meus horários livres fossem quando Dybala estava jogando fora de casa, e cheios quando ele estava em Turim. Sei que isso é errado, mas precisava me desintoxicar dele, precisava ficar longe para que os sentimentos sumissem.

Hoje foi o primeiro dia da Paris Fashion Week, e eventos assim me deixavam de cabeça ocupada - eu agradeço por isso. No entanto, por ser uma noite sem evento nenhum, agora eu tinha tempo para pensar nele, e isso estava me consumindo. Por isso, decidi fazer minha atividade preferida quando estou em Paris e preciso me acalmar: ir até a Torre Eiffel.

O hotel que a empresa escolheu para que ficássemos fica somente a 5 minutos a pé da torre, e eu aproveito o caminho com o vento gélido até lá. Costumo ficar no apartamento da minha irmã em outras situações, mas quando viajo a trabalho é pré-requisito que eu fique na mesma hospedagem em que meus colegas de trabalho.

- Ela é linda! - murmuro para mim mesma ao ver todo o esplendor da Torre Eiffel na minha frente. Não importa quantas vezes eu venha aqui, sempre sinto como se fosse a primeira vez.

- É mesmo. - Escuto uma voz familiar atrás de mim, concordando. Eu venho até aqui para esquecer dele, e ele vem atrás de mim para não permitir isso. Não é possível. - Por que está aqui sozinha?

- O que você está fazendo aqui? -digo incrédula.

- Vim fazer uma surpresa. A gente mal se viu essas últimas semanas. - sorrio de leve com a sua resposta, tentando me recompor e fingir que está tudo bem, e o jogador se aproxima. - Vamos tirar uma foto?

Eu me ajeito para a foto enquanto o argentino pega o meu celular para tirar a foto. Reviro os olhos com isso, e ele sorri satisfeito por saber a senha. Ele posiciona o celular pra foto e eu começo a rir quando vejo que ele está gravando um vídeo.

- Sério, bombonzinho? - digo com a sobrancelha arqueada enquanto ele posta o vídeo no Instagram.

- Nós ficamos bonitos no vídeo. - ele dá os ombros e sorri para mim, sabendo que eu não conseguiria evitar a não ser sorrir de volta. - Eu tive uma ideia.

- O quê?

- Só não me mata, por favor. - ele diz e eu fico confusa. Que merda o Paulo vai fazer?

Então ele me beija. Eu continuava confusa, mas estava confusa e beijando Paulo Dybala ao mesmo tempo. Isso com certeza não ajuda com o fato de que eu estava tentando ao máximo reprimir meus sentimentos por ele. Quando eu baixo a guarda consigo ouvir o barulho da foto que ele tirou, e, se eu estivesse de olhos abertos, teria revirado-os no momento.

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