✍︎𝒐𝒏𝒄𝒆

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𝚢𝚘𝚞

Eu devia voltar para casa, eu sabia disso.

Devia voltar para aquele lugar, pedir desculpas ao meu irmão e ajudar minha mãe à preparar aqueles malditos bolinhos de coco que ela insistia que eram gostosos, mas todos sabiam que não eram.
Ou ajudá-la com suas dores nas costas causada por uma queda que levara da escada alguns meses atrás, mesmo que eu tenha avisado varias vezes à não descer as escadas com as mãos cheias de roupas sujas.

E até mesmo lavar aquela louça que deixara suja quando preparei aquela porcaria de torta.

Era em vão pensar nisso.

Boris me levou para os fundo do shopping, um lugar que nunca imaginei em visitar, ainda mais com ele.

Dali dava pra ver boa parte da cidade, até minha casa.

        — E então, pode falar. — Ele pegou uma cerveja que saiu de algum lugar e começou a tomar. — Sou seu psicólogo.

        — É o meu irmão idiota.

        — O Jacob? Oque tem aquele zé ruela? — Ele disse, tragando algo que achou em seu bolso.

        — Não é ele, é o meu outro irmão, o dave. Ele saiu da cadeia hoje.

        — Ah sim, o Dave. Oque te incomoda nisso?

        — Não é necessariamente o fato dele ter voltado, sabe? Minha mãe disse que iria trabalhar por dias, e fez essa palhaçada. E além de tudo, não me deu ao menos um "feliz aniversario,aproveite sua vida de merda"! — Falei incrédula.
— Eu não me importo, não mesmo. Mas ainda dói. E porque ter mentido? Podia ter dito " olha,vou buscar seu irmão lá na puta que pariu. Por favor se comporte, obrigado". Não é difícil, é uma obrigação. Só estou dizendo que ela podia se esforçar como eu Faço, ou pelo menos reconhecer o meu esforço de merda!

Olhei para ele, que me observava com seus lábios molhados de cerveja barata. Ele deu um último gole ao perceber que eu já havia acabado.

        — Bom, isso é muito chato. Mas porque tem raiva de seu irmão?

        — Eu não tenho raiva de meu irmão. Ele é um idiota, mas não é motivo para eu ficar assim. — Falei — Bom, isso é confuso. Na verdade nem eu sei oque sinto!

        — Entendo. — Ele sussurrou. — Mas, então, vamos mudar de assunto? Já descobriu sobre o secret guy? Tem alguns palpite?

Meu deus, ele é péssimo em disfarçar. Mas isso é engraçado, pelo menos pra mim.

        — Não, não. Não faço a mínima idéia. — Menti  — No dia do meu aniversário eu ganhei um carrossel musical, sabia?

        — Ah, sério? Nossa, esse cara é abusado não é? —  Deixei um sorriso fraco escapar em meus lábios.

        — É, mas eu até que gosto disso. — Ele sorriu. — Ele parece ser legal.

Ele se calou, e pareceu pensar.

        — Vai voltar para casa agora?

        — Não. Aqui é uma porcaria, mas deve estar melhor do que aquele inferno de lugar!

        — Obrigado pelo elogio, Ellie! — Rimos.

        — Sabe uma coisa que eu acho muito estranha? Sobre o secret guy? — me ajeitei

        — Oque? 

         — Ele me deu um presente, e sabe quem mais estava comprando um presente? — Ele se aproximou e negou com a cabeça, parecendo tão interessado naquilo que chegava a assustar.

23:50 ❥︎ 𝒃𝒐𝒓𝒊𝒔 𝒑𝒂𝒗𝒍𝒊𝒌𝒐𝒗𝒔𝒌𝒚.Onde histórias criam vida. Descubra agora