CAPITULO 20

1.7K 61 24
                                    

CAPITULO 20

Any andava de um lado para o outro de sua casa, impaciente. Já tinha roído todas as unhas e o cabelo estava desgrenhado como nunca. Era sábado novamente, de maneira que Laura ainda dormia, ao passo que Any não havia conseguido pregar os olhos depois da ligação de Maite. Ela tinha consciência de que não deveria estar se importando com o que Poncho fazia ou deixava de fazer, mas simplesmente não podia ficar indiferente ao fato de que ele estava em um hospital. De todas as coisas estúpidas que Alfonso fazia na vida, aquela era a maior.

Quando eram jovens, às vezes ele sumia um dia inteiro sem dar notícias, e isso a colocava louca! Any perguntava para todos os amigos de Alfonso onde ele poderia estar, se estava bem. Não era ciúme ou controle sobre ele: ela só estremecia por deixar a imaginação rolar e pensar que aquele sumiço poderia significar um acidente, assalto ou coisa pior. Havia passado todo o namoro dos dois com medo de que essa suspeita um dia se concretizasse, e agora, bem, estava diante da notícia de que Alfonso estava no hospital, ferido. E graças à bebida. Bem, a vontade que ela tinha era ela própria matá-lo por ser tão imaturo e irresponsável. Quem sabe lhe dar uma surra e terminar de quebrar alguns ossos?

Anahí suspirou, cobrindo o rosto com as mãos; estava cansada fisicamente, não havia pregado o olho por causa do trabalho e mais essa notícia. Laura acordaria em breve. E um misto de sentimentos se emaranhavam dentro dela. Por que o coração havia apertado tanto quando Maite mencionou Alfonso, machucado e hospital numa mesma frase? E por que ele era tão intransigente, estúpido e egoísta? Será que nunca haviam o alertado de que ele não era o Homem de Ferro – por mais que fosse tão gênio e rico quanto Tony Stark? Anahí riu com esse pensamento, apesar de tudo, surpreendendo a si mesma. Poncho deveria adorar ser comparado ao Tony Stark.

Sentou-se no sofá, pensando no que fazer. Mal se permitiu fechar os olhos e ouviu passinhos delicados no corredor, seguidos de pantufas do Pikachu aparecendo na porta da sala. Laura coçava os olhos, ainda sonolenta. Any sorriu para a filha.

- Bom dia, bebê. – a mãe disse. – Vem cá!

Laurinha correu – ou deu passos apressados – e jogou-se no colo da mãe. Any depositou um beijo terno na cabeça da filha e cheirou-lhe os cabelos. A pequena também mostrou o sorriso banguelo.

- Bom dia, mamãe! Tô com fome! – Any riu. Uma semelhança a mais entre ela e Laura: as duas tinham fome 100% do tempo.

- Vou fazer seu café. – levantou-se, trazendo Laura no colo. – Já lavou o rosto? – Laura assentiu, toda orgulhosa. – Muito bem! Escuta, filha... O que acha de dormir na tia Dul hoje? Eu sei que você já dormiu semana passada, mas estive pensando...

- Eu quero, mamãe! – Laura bateu palminhas. – Foi legal dormir lá de novo. Fazia tanto tempo que eu não ia, né, mamãe?

Any sorriu de leve. Não sabia se estava fazendo o certo, mas se pensasse demais, com certeza não faria nada. Não gostava de deixar a filha com mais ninguém, mas não havia outra forma. Ela e Laura preparam o café da manhã juntas e a pequena tagarelou boa parte do dia; Any ria do entusiasmo da filha, mas na verdade a cabeça estava longe. Poderia se arrepender tanto  disso. Ao final da manhã, Laura estava concentrada em arrumar as próprias coisas para ir a casa da tia, e Anahí por fim se decidiu. Estava com o celular no ouvido, aguardando que a pessoa do outro lado respondesse.

- Alô? – uma voz máscula (não apenas masculina) e rouca disse. Ela teve a impressão de que ele havia limpado a garganta antes de falar.

- Oi. É Anahí. – mordendo os lábios, Any se controlava para respirar normalmente. Queria xingar Alfonso. Dizer que ele era um idiota irresponsável, mas conteve-se.

Still Into YouOnde histórias criam vida. Descubra agora