CAPITULO 8

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CAPITULO 8

- Boa noite, amigos. É um prazer estar aqui com vocês essa noite. – ele sorriu, relaxado, com as mãos no bolso. – Espero que não estejam decepcionados comigo. Tentei deixar a barba crescer para dar mais credibilidade e não parecer um nerd viciado em games, coisa que eu ainda sou, vou confessar. Mas acho que não consegui – o sorriso se alargou e Poncho percorreu os olhos por todo o salão. – Meu nome é Alfonso Herrera e estou aqui porque, há alguns anos atrás, eu cansava de ouvir que o Brasil era o país do futuro e estava meio entediado de ter que esperar.

Anahí sentiu a garganta secar. Aquilo não podia estar acontecendo! Como... como era possível? Sentiu-se verdadeiramente impelida a sair correndo dali o mais rápido possível. Não queria vê-lo e nem sabia por quê! A Anahí de 16 anos pareceu ressurgir. Anahí não conseguia tirar os olhos do palco, olhava-o fascinada, mal podendo conter os próprios protestos murmurados. Nunca havia pensado naquela possibilidade, e agora ela não parecia tão estúpida assim. Poncho sempre fora um exímio entendedor de tecnologia, sempre tivera um talento nato, mas ela nunca... Poderia prever o que estava diante de seus olhos. Era mesmo seu namorado de colégio ali, em frente a uma multidão que estava embasbacada a sua frente, quase como se fossem súditos.

E ela estava sentindo o coração doer. A respiração definitivamente não estava normal. E ele estava.... Lindo. Mudado, com certeza, mas tão lindo que ela mal conseguia raciocinar enquanto o fitava meticulosamente. Continuava com aquele senso de humor ácido, e ao mesmo tempo agradável. Tudo o que ele falava parecia divertir os presentes. Um sorriso estonteante, convincente, do tipo que faria você vender a alma a ele de muito bom grado. Ali, naquele palco, ele estava impotente.  Então Anahí sentiu raiva. Ah, quer dizer ele fez questão da presença dela ali para jogar na sua cara que tinha conseguido ficar podre de rico? Bom, que ótimo, ela já tinha visto!

Anahí estava bufando, prestes a virar as costas abruptamente e fingir que aquilo tudo era um péssimo engano, quando se deu conta do quão ridícula estava sendo. Ele provavelmente não fazia idéia de quem ela era. Ele provavelmente nem se lembrava do que ela representara um dia... Subitamente envergonhada, Any parou, lembrando-se de que ele artigo lhe renderia um bom dinheiro. Precisava ficar. E isso lhe encheu de um medo irracional, porque a alegria que timidamente se apoderava de seu coração ao vê-lo era igualmente irracional.

No entanto, ficar ali era demais para ela. Assim que teve chance, foi em direção ao banheiro, pois tentava ao máximo manter a respiração regulada. Estava confusa, desnorteada, e nem sabia o porquê exatamente. Era ridículo sentir-se daquela forma, cambalear porque o vira. Jogou um pouco d’água no pescoço, a fim de aliviar a tensão. Poncho... ual... Era mesmo ele. Reconhecera os olhos, os lábios, a postura. Só não sabia explicar o que foi aquela sua repentina explosão de nervos e descargas elétricas que desceram por seu corpo. Alfonso deixou-a transtornada só por estar ali, de corpo presente. Só por ter voltado como se nunca tivesse ido, como se não tivesse nada do que se arrepender.

Exatamente como fazia anos atrás.

Quando voltou ao salão, as pessoas já haviam se dissipado e agora conversavam despreocupadamente umas com as outras, provavelmente a respeito dos feitos da companhia. Poncho não estava mais no palco, o que quase fez Anahí acreditar que tudo não passou de miragem. Quase. Quase pôde respirar normalmente, até que sentiu alguém cutucando-lhe o braço. Infelizmente, era um toque delicado demais para ser o de Alfonso.

Infelizmente?

- Você é A.V, certo? – uma mocinha miúda de olhos amendoados perguntou, com um sorriso simples figurando os lábios. – O Sr. Herrera vai recebê-la agora.

Anahí não queria estar nervosa. É claro que não. Alfonso fora o quê, um namoradinho? Um namoradinho que ela amara muito, era verdade, e que tinha deixado-na em frangalhos quando se foi, o que era mais verdade ainda. Mas sentia-se patética: era uma adulta agora e não fazia sentido tremer daquela maneira apenas por ter que encará-lo nos olhos. Talvez ele nem se lembrasse mais dela. E, para todos os efeitos, era A.V e não Anahí Portilla.

Still Into YouOnde histórias criam vida. Descubra agora