Capitulo 3

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CAPITULO 3

TRÊS ANOS DEPOIS 

O despertador tocou impiedosamente às 6AM em plena sexta-feira – uma, duas, cinco vezes. Resmungando e dando-se por vencida, Anahí tateou os dedos sobre a escrivaninha, a procura do celular e aspirando dar fim aquele barulho irritante. Quando por fim o encontrou, desligou o alarme e olhou para o lado esquerdo da cama. Lucas nem sequer se movia, dopado de sono, respirando pesadamente.  Ela sorriu, balançando a cabeça em negativa: o mundo poderia estar acabando que ele não acordaria, especialmente nos últimos dias em que estava trabalhando tanto. Pelos seus cálculos, tinham algum tempo até que Laura começasse a resmungar e despertar aos poucos, serelepe e animada para ir a escolinha. Era hora de levantar.

Anahí listou mentalmente as tarefas: precisava acordar Lucas, obrigá-lo a entrar no banho (idem para Laura, mas neste caso ela mesma banharia a filha), preparar o café da manhã, se trocar, e depois levar Laura a escola, já que hoje Lucas tinha uma reunião importante logo cedo. Suspirou profundamente e não pode esconder um sorriso. Não se importava de fazer todas aquelas coisas, de ser a grande chefe da família, por mais que fosse cansativo exercer tantas funções. Pelo contrário, sentia-se tão feliz assim que freqüentemente se perguntava se aquele não era seu mais íntimo e cobiçado sonho: cuidar de um mundo que era completamente seu. Que podia acordar e saber que seria amada da mesma forma que o dia anterior, que ninguém lhe deixaria a sorte da vida, que sempre teria uma terra firme na qual pisar e cultivar.  Uma terra, aliás, que amava de verdade. Lucas e Laura eram a sua família. Por eles sim, ela faria qualquer coisa.

- Amor... – Any chamou Lucas, chacoalhando-o: - Lucas, acorda...

- Hmmmm.... – ele resmungou. Any riu.

- Acorda, querido. Hora de levantar. – Any disse, beijando seu rosto. Empurrou-o um pouco para o lado. – Lucas, você vai se atrasar!

Lucas abriu primeiro um olho, mirando a esposa, como se perguntasse: “eu preciso mesmo levantar?”. Anahí riu, confirmando. Praguejando, Lucas abraçou Any, depositando-lhe beijos no pescoço. Mesmo que estivesse relutante em acordar, ele estava imensamente feliz por ter aquela visão logo cedo. Acordar com Anahí todos os dias, há três anos, fazia-lhe esquecer os momentos horríveis que tinha passado na vida. Ela o fazia se sentir sublime, feliz, completo, amado e, às vezes, ele acreditava estar em uma espécie de sonho que cedo ou tarde acabaria. Aquilo o incomodava. Amava Anahí de tal maneia que, pensar em perdê-la, era quase tão doloroso quanto pensar em perder Laura.

- Bom dia, meu amor. – Lucas disse, abafado no pescoço dela. – Dormiu bem?

- Bom dia, dorminhoco. – Any respondeu, abraçando-o. – Dormi, querido. E você? – ele assentiu, mas Any sabia que o marido estava cansadíssimo. O admirava pela força que ele tinha. – Vamos levantar, né? Laura daqui a pouco acord...

Anahí mal terminou a frase, e uma voz conhecida foi ouvida do corredor.

- Mamãe? Papai?

- Você sempre acerta... – Lucas comentou.

- Sou mãe. – Any sorriu, orgulhosa de dizer aquilo daquela maneira. Lucas sentiu-se emocionado pela convicção na voz dela. O fato de Anahí ter se tornado a melhor mãe do mundo para a sua filha, mesmo que as duas não tivessem qualquer ligação sanguínea. O fato de Laura amar Anahí como se realmente fosse sua mãe. Ele era o homem mais sortudo do mundo.

- Você é a mãe mais incrível que eu conheço. – Lucas sorriu e completou: - Minha mãe também é ótima, é claro. – eles riram.

Por fim, o dever os chamava. Levantaram-se; Lucas seguiu para o banho, Anahí foi de encontro a Laura, que, toda sonolenta e dentro de um pijama de corações, esperava pela mãe na porta do quarto, agarrada a um ursinho de pelúcia. Anahí beijou a filha, desejando-lhe bom dia e rumando com ela nos braços para o banheiro do corredor.

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