Capitulo 4

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CAPITULO 4 

O encontro, mais uma vez, correu deliciosamente bem. É sempre bom estar entre pessoas queridas, rindo, conversando, sentindo que sua presença ali é verdadeiramente desejada. Quando a noite já começava a avançar demais, Laura, Lucas e Anahí se despediram do restante, pois o patriarca levantaria cedo na manhã seguinte. Laurinha já dormia durante o percurso, estirada no banco de trás e coberta pelo casaco de Lucas, e o casal evitou conversar sobre a viagem. Anahí estava incomodada com aquilo, respondia quase tudo monossilábica, para evitar que uma hora ou outra dissesse o que tinha vontade. Lucas percebeu – de vez em quando, mirava a esposa com o rabo de olho, mas respeitou seu silêncio até pisarem em casa.

Ele carregou Laura para o quartinho rosa que lhe pertencia, deitando-a no colchão e cobrindo-a delicadamente. A pele levemente corada de Laura ficou mais brilhante à medida que a luz do abajur refletia-se em seu rosto, o que fez a menina franzir os olhos de incômodo. Lucas abaixou a intensidade da luz e o rosto da filha abrandou-se. O pai sorriu, tirando uma mexa de cabelo ondulado da frente do rosto dela, acariciando sua bochecha. Preparava-se para dar um beijo de boa noite, mas algo o deteve ali... Agachou-se em frente a cama de Laura, gravando cada pequeno espaço de seu rostinho, sentindo na própria pele o amor que tinha por aquela criaturinha. A sua vida era resumida a cuidar dela, a amá-la, bem como a Anahí.

De repente, lembranças assolaram-no; lembranças do momento em que Laura fora entregue a ele, bebezinha, recém-nascida, com o rosto calmo, sem saber o que se passava a sua volta. Lucas se lembrava perfeitamente do choque que sentiu quando Amanda jogara em sua face: “Você é pai. Ela é sua filha”. Não soube o que sentir, naquele momento... Estava perdido, desorientado, chocado, mas amou-a desde o primeiro instante, e nunca teve qualquer dúvida de que aquele serzinho era seu, que tinha seu sangue. Amou a filha desde o primeiro minuto, mas não sabia o que fazer com tamanha notícia.

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FLASHBACK

Anos atrás – Lucas 

- Ela é sua filha, Lucas, está no DNA, você viu. Cuide dela. – Amanda disse, dura, sem qualquer emoção na voz. Observava a própria filha nos braços do ex namorado com certo nojo. – Eu não a quero.

- Amanda, pelo amor de Deus, ela é sua filha também! Você está rejeitando a sua própria filha? – Ele respondeu, exasperado, enfurecido, dividido entre continuar a segurar a filha nos braços e protegê-la, ou avançar em cima daquela mulher, que mais se parecia com um monstro. O choque de tantas emoções estava o deixando confuso, mas o instinto o impedia de se aproximar dela, de deixar a filha vulnerável àquela desprezível mulher.

Amanda, na verdade, não se importava. Sua carreira no exterior era mais importante do qualquer outra coisa... Não podia deixar que uma criança indesejável atrapalhasse seus planos agora. Quando envolveu-se com Lucas, ele já era melhor do que aquele adolescente inseguro do ensino médio, agora tinha uma carreira promissora, uma família com bens consideráveis. Amanda não duvidava de que cedo ou tarde estaria mais bem sucedido do que qualquer um dos homens com quem já se envolveu. Mas aquilo era muito pouco perto do futuro que a esperava. Por Deus, sentia nojo de pensar em prender-se a ele graças a um bebê, quando poderia estar ganhando muito dinheiro na Europa, fazendo seus próprios <i>trabalhos. Definitivamente, ela não queria aquela cópia de Lucas Veronelli chorando em seu ouvido.

- Não me venha com sentimentalismo agora, Lucas. – ela respondeu, seca. – Se não quiser a criança, me dê aqui que eu a dou para quem se interessar. – aproximou-se, mas Lucas desviou. Não deixaria ela tocar sua filha nunca mais!

- Rá, que bom que você não quer vendê-la, não é mesmo? Estou surpreso!

- É uma boa idéia. – ela divertiu-se. – Mas isso me levaria para a cadeia. Você a quer, ou não?

Still Into YouOnde histórias criam vida. Descubra agora