Capítulo 2

99 23 56
                                    


      Naquela região e época, não era benéfico um desconhecido saber que você sabia lutar, era muito arriscado ser capturado.

— Não, não fui treinada. — menti.

— Conheço alguém treinado quando vejo. — ele inclicou a cabeça, ou, ao menos, tentou.

— E você, pelo visto, não é. — O garoto levantou as sobrancelhas com um risinho, diria um tanto presunçoso.

— Correta, senhorita.

— Não me trate com esse falso respeito. Vejo de longe que me vê com desdém, e essas roupas bordadas não me enganam. — exclamei exaltada.

— Preciso de um trabalho, não importa quem, apenas quero terminar com 2 caras.

— Qual o motivo? — perguntei com a voz mais calma.

— Você está querendo me matar e eu nem perguntei o motivo. — passei a mão, rapidamente, pela cintura dele para ver o que trazia consigo.

— Ou, isso ficou estranho. — Disse com um sorriso.

— Você não para de sorrir nunca? Quem é você? — gritei, arrogantemente.

— Max, ao seu dispor, poderei fazer uma reverência, quando decidir me manter vivo.

— Como consegue ser tão bobo? Chega! Qual o motivo de querer matar 2 caras?

— Eles estão atrás de mim. — sua voz era esbaforida.

— Ok, me dê um motivo para que eu não te deixe aqui sozinho, consciente de que não sobreviveria por não saber lutar. — inclinei a cabeça, eu estava realmente esperando uma resposta.

— Hm... — Max coçou a cabeça de leve. — Eu sou bonito.

Retirei a faca ao reparar com quem estava lidando, com certeza filho de gente importante, claro que não não precisa lutar, roubar ou matar para sobreviver. É inofensivo para mim.

— Vamos parar com as brincadeiras, você pode ir embora, como já viu, meu pai não está mais aqui. — eu disse indo em direção aonde estava cortando a lenha para a fogueira. E senti ele vindo atrás, ignorei e simplesmente cortei.

— Você pode me ajudar. — permaneci quieta.

— Hein... — Cutucou meu braço.

— De jeito nenhum! — parei de cortar para dar uma resposta impulsiva.

— Mas por quê? Não sabe matar?

— Isso não vem ao caso. — virei meu rosto.

— Olha, a gente pode se ajudar, tem algo que você queira muito?

— Talvez...a bússola perdida de rousse, dizem que ela te leva para onde você quiser por causa do encanto posto nela.

— Se está perdida, como quer que eu te dê? — ele soltou uma risada.

— Você é um babaca, se precisa de mim pelo menos deveria tentar não aparentar esse seu lado.

— Calma! — ele faz gestos calmos com a mão. — Eu sei que é uma lenda antiga, só queria quebrar o gelo.

— Não quero que quebre nada. Se você me trouxer a bússola que fica na caverna da ilha, eu acabo com seus problemas. — andei em direção à floresta para pegar mais troncos.

— Ok, isso vai ser engraçado. —Max falou sozinho rindo enquanto fazia gestos indefinidos com a mão.
Pude ouvir pelos passos que deu uma leve corridinha em minha direção.

— Acho que já percebeu que eu não...

— Não sabe fazer nada sozinho, e não quer admitir porque se acha muito pra isso, ne? Eu já tinha percebido, só queria ouvir de você. Nunca planejei que você fosse sozinho, eu vou junto.

— Não sei se comemoro ou me entristeço. —Disse baixinho e saiu andando.

— Mas como não te conheço, vou levar uma amiga.

— Eu quem deveria me preocupar em você querer me matar na segunda noite, vou levar um amigo também.

— Segunda noite? O que quis dizer com isso? A viagem não dura um dia?

— Não sei quem disse isso a você, mas estava enganado. Eu conheço as regiões, te afirmo que durará mais de 5 luas.

— E você aceitou nesses termos? — franzi as sobrancelhas.

— Não sei se percebeu. —Fez uma pausa e colocou as mãos nos bolsos. — Mas preciso muito disso.

— Tabom. — falei baixinho limpando o suor da testa. — Eu devo estar louca. Louca, Olivia, louca!

     O menino foi embora enquanto eu preparava meu almoço e o da minha mae com a fogueira já posta sob o céu, o qual eu muito olhava até me assustar com minha amiga chegando. Já estava anoitecendo quando a garota apareceu e se acomodou ao meu lado num pedaço de tronco velho. Aproveitei para contar tudo enquanto desfrutávamos de uma refeição caçada hoje cedo.

— Preciso que você me acompanhe nessa. — falei sem coragem de olhar para ela.

— E... eu? Você não acha que está cometendo um erro louco? Dessa vez você se superou, eu acho.

— Isso é o que vocês mais falam, e se eu começar a acreditar não sei o que vai ser de mim. — levei minha unha à boca.

— Isso é tudo para poder encontrá-lo, Olivia?— m engoli em seco e desviei o olhar, era meu sinal de que não queria falar sobre aquele assunto.

— Encontrar quem? — É dito por uma voz que vem por trás acompanhada, nós olhamos e nos depararamos com dois homens bem vestidos e bonitos, devem precisar muito pra vir até esse lugar novamente. Revirei os olhos, levantando.

— Falávamos sobre...

— Anastácia! —  cortei Ana com uma voz grave.

— Desculpe, ela não quer falar sobre.— Max se aproximou.

— Ela tem mania de desconfiança ou já foi traída?— Falou isso rindo ao mesmo tempo em que encostou seu indicador da ponta do meu nariz, como se estivesse dando uma batidinha. Bati em sua mão e lancei minhas chamas dos olhos em direção aos dele.

— Não ultrapasse os limites. — mirei seus olhos como um alvo prestes a ser despedaçado.

     O jovem atrás dele tossiu de forma fraca e rápida, um som misturado com uma risada.

— O senhor não está acostumado a ter pessoas lhe encostando, ainda mais de forma agressiva. — direcionei meu olhar ao garoto que falava.

— É bom se acostumar.

Reino encantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora