Treinei Max por uma semana. Agora que o inverno chegou está mais difícil permanecer aquecido e ágil enquanto ampliamos nossas habilidades. Eu esgotei minha paciência de um dia inteiro em algumas horas, em todos esses dias até então. Ele comemorava todo movimento acertivo, parecia lançar um passo de dança com os dois braços. Que coisa horrível.
Falei para ele treinar seus poderes com os outros ou sozinho, já que isso também é novo para mim e eu não posso ensinar nada a ninguém. Além de que eu não queria por perto mãos ardentes e um corpo em chamas, nem conseguiria me manter bem. Tenho treinado os encantos de Gaia, desenvolvi bastante já que passo quase o dia todo treinando isso. Ela não parecia querer dar explicações ou tirar minhas dúvidas, ficava tudo na base da intuição.
Todo golpe de Max que eu parava com um único movimento eu me estressava, seria isso pouco esforço ou má vontade da parte dele? Perdi as contas de quantas vezes ele me olhava seriamente e me chamava de tudo que era ofensa, a que eu guardei na mente foi " Você é sem graça e amarga" teria sido crítico se não fosse um pouco verdade, eu também me considerava sem graça, a diferença é que nunca me importei. Eu acho.
Nas vezes que ele caía, eu não o esperava levantar, já que nossos inimigos jamais farão um papel de altruísmo desses. Teve um momento em que ele conseguiu fechar meu pescoço com seus braços, e antes de me fazer cair perguntou se podia. Que ótima distração, aproveitei a brecha e quem caiu foi ele. "Passo um: nunca converse em confrontos de corpo a corpo, não estamos em um filme" lembro-me de ter falado enquanto ele levava sua mão as costas doloridas.
Ele saía batendo os pés no fim dos treinamentos. Eu fazia o mesmo para o outro lado, depois dessa semana no porto Kala, seguimos a viagem em alto mar para o próximo ponto de encomendas. O mar assustava todos que estavam no navio, as caixas viravam, a comida caía no piso, nós, de vez em quando, éramos lançados entra a parede ou contra o chão. Demoramos uns dias para chegar no porto Uyka. Descemos os objetos reivindicados e fomos procurar algumas frutas pelas árvores da floresta e trocar alimento com outras tribos.
Esse lugar abrigava a tribo Zyal, a mesma de Anastácia. Eles eram conhecidos pela agressividade, mesmo que não se possa dizer o mesmo de minha amiga, por trás daquelas facas há mãos macias e delicadas, e por trás daquele olho perdido há um corpo que luta para não precisar lutar! Nós 5 fomos atrás de árvores, Dante veio ao lado alegando ser minha proteção.
— Li, temos chances de voltar? — Ele me pegou de surpresa, até engasguei com minha própria saliva, parei de andar e mantive meu olhar ao norte.
— Você sabe que eu na.. — Ele me interrompeu assim que eu ia completar a frase.
— Você sempre dá essa desculpa quando tento conversar sobre isso, Olivia. — Seu tom de voz não era mais doce.
— Algum problema? — Clark apareceu rodando uma flor cinza na mão e me entregando. — Tem plantas monocromáticas aqui também. Essa flor amarela é linda, não é?
Seria se eu não estivesse vendo-a cinza. "Nenhum problema, Clark. Obrigada." Me referi a ele com um sorriso totalmente forçado, nem sei como consegui mantê-lo naquela posição. Ele acenou com a cabeça e saiu nos deixando sozinhos novamente.
— Se você quer conversar sobre isso, vamos começar pela parte que você me disse que me traiu quando eu estava indo visitar meu tio, pareceu bem conviniente você me falar quando não tinhamos tempo de conversar. — Mantive meus olhos nos deles esperando uma resposta plausível.
— Não foi bem assim. — Ele desviou o olhar fixo de mim. — Eu estava sem coragem de falar disso com você, não queria te magoar, mas também não quero te perder. — Ele tentou segurar minhas mãos, mas eu as abaixei.
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Reino encantado
RomanceNum continente distante, em 1453, dois desconhecidos, o príncipe de Orkida e uma guerreira, os quais tiveram uma apresentação nada agradável, fazem um acordo e vão rumo a um lugar encantando, conhecido por lendas. Então, percebem que estão presos um...