Capítulo 7

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— Vemos o que sentimos, praticamente.— Max retrucou.

— Como assim o que sentimos? — ela voltou a perguntar.

— Não é uma regra, mas as cores passam sensações e sentimentos.

— Como sabe disso? —lancei essas palavras sem olhar para ninguém, apenas encarando a areia calorosa.

— O tédio me fez ler muitos livros. — ele abriu os olhos.

— Se eu enxergasse minha cor favorita, vermelho, estaria sentindo o quê?— Anastacia perguntou.

— Possivelmente raiva, ou paixão, ou os dois. Talvez até repressão, azul é tranquilidade e confiança, verde é equilibrio, roxo mistério e sabedoria, laranja mostra alegria. E eu aposto que o Clark viu azul.

Depois de passar uma noite na margem do mar, limpei minhas vestes de forma automática, mesmo que isso não importasse mais. Entramos na floresta, com a certeza de que naquela região, não haveria qualquer ameaça a temer, e fomos seguindo o que a bússola dizia. Passaram-se 5 horas e agora paramos pra descansar na sombra de uma árvore.

— Eu acho que poderíamos nos conhe..— Max tentou falar mas o interrompi, ao mesmo tempo em que puxei uma fruta da árvore e a comi.

— Não. — neguei, o cortando.

— Mas que mau humor terrível! — Max fez uma cara de espanto.

— Achei uma fruta aqui. — anunciei a todos.

— Ela também muda de cor de acordo com a floresta, pelo visto.— Anastacia notou.

Eles também puxaram uns galhos da árvore e os cortaram para pegar o máximo de fruta possível e encher suas bolsas.

— Estou me sentindo meio mal. — falei, levando a mão à testa.

— O que foi, Olivia?— Anastacia perguntou, sem resposta.

Comecei a andar torto e ficou avermelhada, mostrando nitidamente dificuldade ao respirar.

— Ela está sem ar! Deite-a de barriga para cima— Max exclamou. — Ela está muito fria e suando demais. —disse, encostando na minha pele. — Ela tem alguma alergia? — Falou com calma tirando seu casaco e a cobrindo no chão.

— A fruta ypo, a gente deve ter comido essa, mas sem notar, por causa da cor.

— Sim, faz uma massagem aqui nela. — ele apontou para o meu coração.

Eu não parava de tossir, e mesmo que quisesse afastar as mãos de todos de mim, precisava daquela ajuda, e sabia disso. Suava frio e sentia uma tontura fora do comum, me apoiei no tronco da árvore para me levantar e todos me seguraram. Ficaram 5 minutos na massagem e logo tudo já havia passado.

— É, aquilo era ypo.— falei, descabelada com a voz falha.

— Eu ainda acho que foi encenação para eu fazer respiração boca boca em você.— Max falou alongando o corpo no tronco de uma arvore mais fina. E antes que todos processassem os fatos, alguem surgiu de trás de mim e da Anastacia, que estava ao meu lado, e nos enforcou enquanto levantaram nossos corpos.


Foi como se eu tivesse acabado de retomar a consciência, e logo a perdesse. Um ataque vindo de trás era tudo o que faltava para me atrapalhar mais. Pelo braço em meu pescoço, percebo com que corpo estou lidando, por mais irônico que pareça, meu forte nao é força, não contra essa pessoa. Sou feita na lógica, treinei com estratégia. Lanço um chute pra trás, e uma cotovelada também, assim que sinto uma brecha dou um soco certeiros no queixo, na têmpora e dois chutes em sua cabeça, me abaixo e pego a maior pedra que acho rapidamente, o acertando antes de dar o último golpe em seu joelho para o quebrar, acabando o serviço.

     Ainda sem estar ciente do o que acabou de acontecer, tirei meu pé, vestindo uma sapatilha suja, daquele lugar. Direcionei meu olhar a Max ao dizer "nem morta!" . Olhei para o lado e vi minha amiga, minha amiga de infância, limpando a faca na roupa daquele desconhecido, daquela pessoa. Sinto como se a garganta fechasse de novo, mas dessa vez, é só coisa da minha cabeça.

      Me pergunto quando chegamos a esse ponto, e se tínhamos como não chegar. Será que foram nossas escolhas que nos trouxeram até aqui? Quais eram minhas outras opções? Me abaixei, desconfortável por ser assistida daquela maneira, e peguei tudo de útil da bolsa deles, minha vista embaçou, e algo caiu, seria isso um sentimento ruim? Isso explicaria a floresta vermelha, sangue.

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