Capitulo 9 - Percepções

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Cereja estava tomando o café no lugar que mais gostava no mundo, o gosto mais amargo e frio da bebida faziam com que esfriasse também um pouco a raiva que estava sentindo de Lucas, ela normalmente não bebia café gelado, mas se ela bebesse um quente, talvez ela voltasse com o carro para a casa de Bibi e batesse no garoto pelo simples fato dele existir, e ter atrapalhando um momento maravilhoso.
Ela estava indo a esse local a quase duas semanas com Bibi, e era a primeira vez que ela sentava ali sozinha, e era a primeira vez que ela sabia que Bibi não ia aparecer.
E então uma tristeza estranha se espalhou pelo seu estômago, e uma raiva estranha corroeu a garota quando ela pensou que a diva estava com Lucas. E finalmente um vazio estranho a preencheu. E o porque todos aqueles sentimentos eram estranhos? Porque Cereja já tinha sentido tristeza, mas isso foi quando seu pai brigou com ela, ela já tinha sentido raiva, mas foi quando Sue fez ela treinar durante o sábado e o domingo inteiro, fazendo ela perder uma festa, ela já tinha se sentido vazia, quando tinha brigado com Juh e Juju quando elas começaram a ficar e não falaram para ela. Mas aquele tipo de tristeza e de raiva e de vazio eram totalmente estranhos.
Ela olhou pela janela, e seu pensamento só ia em direção a uma pessoa, ela tentou por vários minutos pensar em outras coisas, mas uma certa pessoa era a única que voltava a sua mente: Bibi.
E então ela se sentiu feliz de novo, ela lembrava do sorriso da diva, e das conversas interessantes, muitas tinham acontecido nesse mesmo local em que ela estava agora, mas agora ela estava sozinha, e agora ela se sentia triste e vazia, e essa raiva estranha do Lucas, essa raiva ela nunca tinha sentido antes. Essa raiva era... ciúmes.
E então a verdade atingiu Cereja como um tiro, ela quase caiu da cadeira quando chegou a essa conclusão. Mas não pode ser, ela não estava ... apaixonada.
Ela tirou o celular do bolso e discou, depois de alguns toques a pessoa finalmente atendeu.
"Alô!"
"Alô.,. Você está muito ocupada?". Cereja perguntou
"É sábado, você claramente sabe que eu estou procurando festas para ir, e sim, isso significa que eu estou ocupada".
"Eu meio que preciso conversar com você!". Cereja disse.
"É muito importante?".
"Sim, muito importante". Cereja estava um pouco nervosa.
"Você está no seu café preferido?".
"Você me conhece não é mesmo? Sim, não demore". Cereja disse já sorrindo.
"Jaja eu estou ai".
Cereja sorriu quando a morena se sentou a sua frente e ficou olhando para ela.
"Como você está?".
"Eu tô ferrada". Cereja disse e a ruiva sorriu.
"Como assim?". Juh perguntou e antes que Cereja respondesse ela chamou o garçom e fez um pedido.
"Eu te falo os meus problemas e você me dá o diagnóstico, pode ser?" Cereja perguntou.
"Nossa, você quase nunca fala dos seus problemas, vai querer o prognóstico?".
"Sim... se tiver um". As duas riram.
Essa era uma brincadeira comum entre as duas, elas falavam seus problemas, e a outra dava o diagnóstico, e falava o que ela tinha que fazer para concertar isso. Cereja era mais fechada e quase nunca falava dos seus problemas. Por isso Juh ficou surpresa com a loira.
"É a respeito da Bibi". Cereja começou.
"Certo, continua". Juh agradeceu com um aceno o garçom que tinha acabado de trazer seu pedido.
"Você não vai chamar ela de anã? Ou de ManHands, ou qualquer outra coisa, e me xingar muito por estar falando sobre ela?". Cereja tinha pensado mais cedo em um pequeno discurso que ia fazer, caso a latina se recusasse a falar sobre Bibi.
"Não agora quero ela como minha cunhada oficial, não vou chamar-la por esses apelidos, nem nada, pode me contar o que aconteceu". Juh disse bebendo de seu suco. E Cereja arqueou a sobrancelha, em desconfiança, mas continuou.
"Certo, os sintomas são: Quando eu estou com ela, meu coração bate mais forte, minhas mãos ficam suadas e eu fico pensando em cada pequeno movimento que eu vou fazer para que ela fique feliz comigo, e quando ela sorri, meu coração pula, e eu sinto vontade de sorrir, apenas pelo fato dela estar sorrindo, e eu acho muito fofo o jeito que ela dá os discursos gigantes e eu acho adorável a forma como ela anda, ou fala, ou respira."
"E quando você está sem ela?". A ruiva perguntou séria.
"Eu me sinto triste e vazia, e eu só consigo pensar nela, e qual a próxima vez que vou vê-la e a próxima vez que vou ouvir a voz dela, e o que ela esta fazendo ... e essas coisas". Cereja disse.
"Faz quanto tempo que você sente essas coisas?". A latina perguntou
"Não sei, a parte do triste e vazia na verdade eu acabei de sentir a poucos minutos, e a parte em que ela me deixa nervosa faz alguns dias já".
"Oh, minha amiga, seu caso é grave". Juh disse sorrindo.
"Sério? O que é?". Cereja perguntou sorrindo.
"Eu acho que você está apaixonada". Juh disse dando risada. E Cereja gargalhou.
"Não, é alguma outra coisa, tesão talvez". Cereja concluiu.
"Você já se sentiu assim antes?". Juh perguntou.
"Não, nunca!".
"Então não é tesão, porque isso eu sei que você já sentiu". A ruiva concluiu.
"Ok .. talvez não seja! Por isso que eu te chamei aqui, porque eu quero saber como me livrar disso, e entender o que é ...". Cereja disse suspirando. A latina sorriu.
"Eu sinto muito Ceh, mas não dá pra você se livrar disso". Juh falou triste.
"O que eu tenho que fazer então?". Cereja sorriu de lado.
"Eu posso te dizer o que não fazer". Juh disse sorrindo.
"Serve". Cereja disse.
"Você esta apaixonada e você pode negar isso o quanto você quiser pra si mesma, e se você fizer isso, você vai acabar perdendo a Bibi, assim como eu perdi a Juju, eu não posso te dizer o que fazer, eu só vou te falar pra não confrontar esses sentimentos porque eles aumentam e ficam mais fortes, e nada que você faça vai para-los, quando você chega nessa fase em que você esta, se tentar fugir ou se enganar, vai ser pior, e quando você resolver aceitar esse sentimento talvez pode ser tarde demais, como aconteceu comigo e com a Juju, e agora eu passo todo o tempo tentando fazer ela voltar pra mim, sem saber se um dia ela vai ser minha de novo, e me culpando por ter negado esse sentimento no começo". Juh sorria para a amiga.
"Eu não queria ter esses sentimentos". Cereja disse e completou. "São muito confusos".
"Sim, são muito confusos, e você que ficou apaixonada por acidente".
"É, foi realmente um acidente". As duas sorriram.
"E a aposta?" Juh perguntou.
"Você não me deu um prazo, então eu vou continuar tentando".
"Cereja Fabray apaixonada por Bibi Berry, quem diria?". Juh riu.
"É, quem diria que eu iria me apaixonar por acidente?". As duas sorriram e continuaram tomando café e conversando.
Domingo.
"Cehhhhh"
Cereja acordou assustada quando a porta do seu quarto abriu e revelou uma Judy Fabray com avental de cozinhar.
"O que foi mãe?" Ela perguntou se virando na cama.
"Não me fala que você esqueceu?". A Jovem senhora perguntou.
"Puts, eu tinha esquecido, mas eu acabei de lembrar, você quer alguma ajuda?". Cereja perguntou um pouco envergonhada, ela tinha esquecido que a mãe ia fazer uma reunião para as amigas da igreja, e queria que Cereja a ajudasse a arrumar as coisas.
"Só vai ao mercado e compra um bolo para a sobremesa, por favor, eu já estou enrolada cozinhando as coisas".
"Estou indo".
Judy saiu e Cereja entrou no banheiro, fazendo sua higiene matinal e colocando um jeans e uma blusa branca. Ela pegou as chaves do carro e saiu. Indo até o mercado ela relembrou do dia de ontem e sentiu saudade da morena de olhos de chocolate, e um plano infalível surgiu em sua mente. Foi até o mercado e comprou o bolo que sua mãe tinha pedido e comprou também uma rosa branca.
Antes de voltar para a casa com o bolo ela passou na residência dos Berry, estacionou o carro e foi andando até a porta da frente. Tocou a campainha, com os dois braços para trás com a flor escondida nas costas. A diva soltou um sorriso lindo ao ver a loira e se jogou nos braços dela, Cereja devolveu o abraço caloroso sem que Bibi visse a rosa.
"Oi, tudo bom?". Bibi perguntou sorridente.
"Sim, e com você?". Cereja falou sorrindo.
"Tudo certo, vamos entrar? O que veio fazer aqui? ". A morena disse.
"Oh, me desculpe, mas eu não posso entrar, minha mãe esta me esperando em casa, só queria deixar isso pra você". Cereja sorriu e mostrou a rosa para a garota. A flor era única, mas estava dentro de um papel transparente e bonito.
"Ah, muito obrigada Cereja, não precisava". Bibi sorriu e corou.
"Precisava sim, eu fui muito rude ontem indo embora daquele jeito, queria pedir desculpas e falar que amanha você vai entender tudo no Clube Glee".
"Amanha? O que tem pra amanha?"
"Nada, só uma surpresa". Cereja respondeu e olhou para o relógio. "Tenho que ir". Completou.
Cereja pegou a morena pela cintura e deu um selinho demorado na diva que não colocou nenhum tipo de barreira e apenas correspondeu.
"Até amanha". Cereja respondeu sorrindo
"Até". Bibi sorriu de volta e Cereja entrou no carro e saiu.
Bibi cheirou a rosa e suspirou com um sorriso feliz, ela viu um papel estranho no meio do embrulho da rosa e tirou o papel e leu o que estava escrito.
Desculpe por ontem, tenho uma surpresa pra você amanha, espero que você entenda e que essa rosa ilumine o seu dia.
Com Amor - Cereja
Aquilo fez com que seu dia fosse iluminado.

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