Capitulo 16 - Amizade.

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Cereja acordou com dor por todo e corpo, as janelas estavam fechadas, e ela estava debaixo de dois cobertores, e mesmo assim, ela sentia muito frio. Ela suspirou e percebeu que sua garganta doía um pouco, então ela levantou a cabeça, mas o movimento doeu muito, então ela desistiu e apenas ficou olhando para o teto. Foi quando ela lembrou os acontecimentos do dia anterior. Bibi estava namorando. E seu coração doeu, bem menos que no dia anterior. Talvez fosse assim, cada dia acordaria um pouco melhor, até o dia em que ela acordaria sem a dor no coração. Mas então ela começou a pensar: Como ela deveria se portar agora? Ela teria que parar de flertar, parar de pensar na morena talvez fosse a primeira coisa a fazer. O problema é: Como parar de pensar na Bibi, se é a primeira coisa que eu penso logo que eu acordo.
Ela pegou a foto que estava no travesseiro do lado, e colocou no porta retrato da escrivaninha, exatamente como estava antes. Sua cabeça estava pesada, e tudo parecia meio embaçado. Ela precisava tomar um banho, foi o que ela fez.
"Cereja querida, você quer bacon para o café?". Sua mãe perguntou assim que ela apareceu na cozinha.
"Não mãe, estou sem fome". Foi a resposta que Cereja deu, até que sua mãe a olhasse.
"Você está pálida, você está com blusa de frio? Não está frio". Judy disse preocupada.
"Eu estou com frio, eu estou bem". Foi a resposta de Cereja enquanto ela pegava as chaves do carro.
"Vem aqui". Judy disse e colocou as mãos no pescoço da garota, para ver se ela estava quente. As mãos geladas mal tocaram o pescoço da garota e ela já estava desviando.
"Eu estou bem". Repetiu para ver se fazia algum efeito.
"Cereja!". Sua mãe falou alto. "Você está queimando de febre, fica em casa".
"Não mãe, hoje eu tenho treino, é importante, eu não posso perder". Cereja disse enquanto começava a tossir.
"Toma esse remédio". Judy foi até uma porta do armário, e tirou uma caixa, ela procurou por um tempo até que achou o comprimido, e colocou um na mão de Cereja.
"Se você não melhorar até a hora do intervalo, você me liga, e eu vou buscar você, entendeu?". Judy perguntou sorrindo para a filha.
"Tudo bem mãe, obrigada". A garota tomou o remédio e saiu.
Ela sentiu enjôo e tontura durante a viagem de carro até a escola, como estava dirigindo, ela foi mais devagar.
Quando chegou, a primeira coisa que fez foi perceber que era a única que estava com blusa de frio, a segunda coisa foi ir até o ginásio para o treino das cheerios.
Ela percebeu que tinha chego atrasada quando viu que elas já estavam fazendo as rotinas.
"VOCÊS ACHAM ISSO DIFICIL? TENTEM NADAR CONTRA A CORRENTEZA DE UM RIO CARREGANDO SETE PESSOAS, ISSO É DIFICIL". Cereja ouvia os gritos de Sue, mas eles pareciam longe, muito longe de onde ela estava, quando perceberam a sua presença, ela viu a treinadora gritando algo como "fabray", "atrasada", "outra vez", "morrer", mas ela não estava ouvindo, a cada passo que ela dava, ela se sentia mais longe dali, e sua visão ficava mais embaçada. Ela percebeu uma ruiva que correu em sua direção e colocou as mãos geladas em seu rosto.
Ela via a ruiva movimentando a boca, mas ela não conseguia entender, ou ouvir o que a garota falava, seus olhos estavam se fechando, e ela sentia a cabeça pesada, doendo muito. Então ela viu que algumas pessoas continuavam o treino, rodando e rodando, e dando mortais, os movimentos das outras lideres de torcida a estavam deixando enjoada, e um pouco tonta. Estava ficando cada vez mais frio, e ela via que Juh continuava falando com ela. Ela não ouvia, ela só via os lábios da amiga se movendo, cada vez mais rápidos, e ela sentiu as pálpebras dos olhos ficando pesadas, ela ainda olhava para o rosto preocupado da latina, quando tudo escureceu.
Cereja abriu os olhos e uma luz muito forte fez com que eles doessem então ela fechou novamente.
"Você esta bem?". Ela ouviu Juh dizer, e abriu os olhos novamente.
"Eu tenho que ir para o treino". Cereja disse tentando se levantar, mas a ruiva a impediu com o braço.
"Não seja idiota, o treino acabou a quarenta e cinco minutos atrás". Juh disse.
"Quanto tempo que eu apaguei?". Cereja perguntou assustada.
"Uma hora e meia, mais ou menos". A ruiva falou.
"Ninguém pensou que eu tivesse morrido?". Cereja perguntou indignada.
"Só a Juju, eu percebi que você estava com febre, e eu vi que você não estava morta, você fala enquanto dorme". A garota falou sorrindo.
Cereja olhou em volta, ela estava na enfermaria, ela via apenas Juh, e algumas cadeiras vazias, uma outra maca ao lado da sua, também vazia, e uma enfermeira que escrevia algumas coisas em uma mesa mais afastada.
A mulher caminhou em sua direção e perguntou.
"Onde está doendo?".
"Não esta doendo nada". Cereja mentiu, ela queria sair logo dali.
A mulher então pegou em seu braço e ela não conseguiu disfarçar a dor fazendo uma careta. Então a mulher colocou as mãos frias em sua testa e seu pescoço.
"Você está com febre, e dor muscular, mais alguma coisa?". A mulher ficou olhando para ela.
Dor no coração, tristeza, sentimento de rejeição, vontade de chorar e de parar de viver, sensação de vazio e uma pequena vontade estranha de beber vodka até cair.
"Dor de garganta e de cabeça". Cereja falou para a mulher.
"Você tomou algum medicamento?". A mulher perguntou.
"Sim". Cereja respondeu simples.
"O que?". A enfermeira perguntou.
"Eu não sei". Cereja falou envergonhada.
"Que bom". A mulher falou de uma forma um pouco dura. Foi até um armário pequeno e tirou duas caixinhas. Pegou um comprimido de cada e deu para a garota. "Um é para dor, e outro para febre, se os sintomas continuarem, é melhor ir a um hospital". A mulher disse e entregou para Cereja junto com um copo de água.
"Obrigada". Cereja murmurou enquanto a mulher olhava para a ruiva, que não tinha saído do lado da garota.
"Descanse, vou ligar para sua mãe". A enfermeira falou.
"Não, não precisa ligar, eu vou ficar aqui na escola". Cereja falou firme.
"Tem certeza?".
"Sim". A loira disse firme.
"Tudo bem". A enfermeira concordou e saiu da sala. Quando a porta abriu, Cereja pode ver muitos alunos ali, tentando olhar o que estava acontecendo dentro da sala e a enfermeira expulsou todo mundo.
"O que esta acontecendo? Cadê a Juju?". Cereja perguntou confusa, notando a presença dos estudantes. Juh riu.
"As noticias correm rápido, todos já estão sabendo que você desmaiou, e a noticia correu a escola toda, todos querem ver se é verdade. E a Juju teve que ir pra aula, você sabe que ela tem que ter pelo menos presença nas aulas, já que ela não tem notas boas, acho que jaja ela esta aqui, já que acabou de bater o sinal para a segunda aula". A latina disse.
"Ah". Cereja murmurou em compreensão quando ouviu a porta abrir de uma vez, batendo na parede, fazendo um barulho alto.
"Cadê ela? Ela esta bem? É verdade?". Uma Bibi entrou desesperada e encontrou os olhos verdes de Cereja e soltou um suspiro de alivio.
"Ela está aqui Bibi, ela está bem, o que é verdade?". Foi Juh que respondeu a diva.
"Ouvi dizer que ela caiu de cabeça da pirâmide no treino das cheerios". Bibi disse olhando preocupada para a garota. Juh e Cereja riram.
"Ela só está passando mal, ela não caiu no treino, ela nem treinou hoje! Quem será que aumenta tanto as historias pelo McKinley?" Juh sorriu e chegou perto de Cereja sorrindo para a amiga.
"O que você está sentindo?". Bibi perguntou preocupada.
Dor no coração, tristeza, sentimento de rejeição, vontade de chorar e de parar de viver, sensação de vazio e uma pequena vontade estranha de beber vodka até cair.
"Um pouco de dor no corpo". Cereja respondeu, evitando olhar nos olhos de chocolate. Então a morena chegou perto e colocou a mão na testa e no pescoço de Cereja, e aquelas mãos estavam quentes, diferentes de todas as outras que tinham passado pelo seu rosto durante essa manha.
"Meu Deus". Bibi soltou uma expressão assustada. "Você está queimando de febre". Ela completou.
Cereja removeu gentilmente as mãos de Bibi no seu pescoço e olhou para as duas que estavam ali.
"Vocês não têm aula?". Cereja perguntou.
"Ela tem razão Bibi, pode ir para a aula que eu fico aqui com a Cereja". A ruiva disse sorrindo e pegou na mão da loira, fazendo leves carinhos. Bibi olhou para a mão das duas e seus olhos ganharam um brilho selvagem, de raiva.
"Pode ir você para a aula Juh que eu fico aqui com a Cereja". Bibi disse firme.
"Eu sou amiga dela há mais tempo, eu fico". Juh olhou desafiadora para Bibi.
"Eu fiz curso de primeiros socorros, eu vou ser de melhor utilidade". Bibi falou olhando nos olhos da ruiva.
"Eu posso cuidar dela sem problemas". A ruiva respondeu.
"Eu sei o que fazer em casos de emergências". A diva falou firme.
"As duas, podem ir para a aula, eu posso ficar sozinha". Cereja falou.
"Cala a boca Cereja". As duas falaram ao mesmo tempo. E nesse instante Juju entrou pela porta sorrindo. O que pareceu acalmar a ruiva.
"Olá, como você está Cereja?". A morena sorriu gentil.
"Estou bem Juju, obrigada por perguntar".
"Eu fiquei preocupada, porque você nunca fica doente, e desmaiou do nada. A maninha quase surtou". Juju falou preocupada.
"Tudo bem, já passou, já estou bem outra vez". Cereja falou sorrindo.
"Que bom Cereja". Juju sorriu e foi até a loira e deu um abraço apertado, enquanto Cereja fazia cara de dor. Juju soltou Cereja e virou para Juh.
"Amor, você tem que ajudar na próxima aula, só você consegue me fazer aprender palavras novas". Juju falou olhando para Juh, a próxima aula era de espanhol, e elas tinham juntas, e a ruiva gostava de ajudar a Juju a aprender esse idioma.
"Tudo bem você ficar sozinha Cereja?". Juh perguntou.
"Eu estou aqui". Bibi lembrou com um tom bravo.
"Tudo bem, pode ir". Cereja falou. Não, não vai, fica, não me deixa sozinha com a Bibi.
"Até mais, Bibi, qualquer coisa me liga". Juh disse enquanto Juju dava um tchauzinho com a mão, e logo puxava a ruiva pela mão para fora da sala.
Um silencio estranho se abateu sobre a sala.
"Você está triste comigo?". Bibi perguntou tímida.
"Claro que não Bibi, eu estou feliz por você!". Cereja sorriu para a morena, e seu coração doeu como no dia anterior, e a sensação de que tudo estava ficando melhor se foi, no momento em que Cereja se perdeu nos olhos cor de chocolate.
"Eu não quero perder você". Bibi falou triste.
"Não, Bibi, eu estou aqui, e eu sou sua amiga lembra? Sempre que você precisar de mim, eu vou estar lá pra você". Cereja disse sorrindo, querendo parecer mais feliz do que realmente estava.
"Obrigada". Bibi murmurou. "Eu não queria te fazer sofrer". Ela completou.
"Eu não estou sofrendo, lembra quando você me perguntou o que eu faria se você escolhesse ele? E eu falei que eu estaria feliz se você estivesse, então, é isso, se você esta feliz, eu também estou". Cereja falou e a morena sorriu, e vendo o sorriso dela, Cereja sorriu também, de forma verdadeira. Ela podia conviver com a dor, se Bibi fosse feliz, porque a felicidade dela era de certa forma, a felicidade de Cereja.
"Obrigada". Bibi disse novamente e elas ficaram trocando olhares cúmplices.
"Amigas?". Cereja sorriu para Bibi, e a palavra saiu mais firme e mais feliz do que Cereja imaginava.
"Amigas". Bibi repetiu e abraçou a loira, um abraço, que não doeu, um abraço que aliviou muito a dor que a loira estava sentindo.
E então uma Judy Fabray entrou correndo pela porta.
"Cereja, o que aconteceu? Eu disse que era melhor ficar em casa! Vim para te buscar".
"Eu estou bem mãe, vamos". Cereja disse e se levantou, e a tontura e as dores estavam melhores por causa da medicação.
"Mãe, essa é Bibi, minha amiga". Cereja apresentou Bibi à mãe, que sorriu e foi abraçar a garota.
"Muito prazer, Bibi, eu sou Judy Fabray.". A mulher se apresentou e Bibi sorriu.
"O prazer é meu, senhora Fabray". Bibi respondeu.
"Pode me chamar de Judy querida, não é todo dia que Cereja me apresenta uma na- amiga". Judy sorriu para a garota e Bibi sorriu tímida.
"Vamos mãe". Cereja disse. "Tchau Bibi". Cereja beijou a garota no rosto, andando até a porta.
"É muito ruim que nós nos conhecemos em uma situação como essa, mas vá jantar lá em casa qualquer dia". Judy falou para Bibi, dando um outro abraço na garota.
"É, pode deixar que eu vou sim". Bibi respondeu tímida e ficou olhando elas deixarem a sala.
"Sua amiga, é muito bonita, e gentil, gostei dela, leva ela lá em casa qualquer dia para nós conversarmos melhor". Judy disse enquanto dirigia para a casa.
"Ta mãe". Foi tudo que Cereja respondeu, sorrindo por dentro, por pensar que sua mãe tinha achado que Bibi era sua namorada. Ela não estava com animo para explicar que realmente não era, provavelmente Judy não acreditaria mesmo.
Judy fez a comida preferida de Cereja, só assim para ela comer. Ela tomou umas vitaminas que sua mãe fez, e ficou o dia todo na cama, descansando, pensando na sua nova amiga, e em tudo que aconteceria dali para frente. E de como seria difícil tentar esconder seus sentimentos, mas ela era muito boa em jogos, e se nesse ela tinha que fingir que Bibi era só uma amiga, ela ia fazer isso muito bem na frente dos outros, mas em seu pensamento ela revivia todos os beijos que tinha dado com a morena, e criava situações em sua cabeça em que ela podia dar outros, ela era mais feliz no mundo que estava criando dentro de sua cabeça.

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