Wooyoung virou-se na cama sentando logo depois, em sua cabeça ainda martelava a briga que tivera com sua família. Eles não entendiam que ele gostava de garotos e não garotas, ele poderia gostar delas, mas não de uma forma romântica e muito menos sexual.
Wooyoung já tinha 15 anos, entendia o que era errado e certo, e para ele não era errado gostar de quem gostava. Seu pai havia ido o buscar na saída do colégio, coisa que ele nunca fazia e o pegou aos amassos como o seu colega de classe Dongsoo.
Assim que chegaram em casa a briga fora feia, seus pais literalmente berravam com si, ele tentava gritar de voltar para se defender das acusações que eram deferidas sobre ele, e seu irmão chorava em meio ao caos que não entendia. Até que os vizinhos vieram ver se estava tudo bem na casa. No fim, cada um foi pro seu quarto e desde então ninguém conversava com ninguém.
Wooyoung sabia que não adiantaria brigar e não queria que isso acontecesse, esse foi um dos motivos por ter escondido sua orientação sexual e todos os seus casinhos com garotos. Ele se sentia triste por ter discutido com sua família, e magoado por não receber apoio algum ou nem mesmo tentarem entender seu lado da história e lhe deixarem falar.
Ele sobressaltou na cama com o barulho de algo quebrando. Wooyoung franziu a testa, já era tarde da noite, seu relógio de cabeceira apontava que já passavam das duas da manhã.
Foi até a porta a abrindo e encontrando sua casa em silêncio, estranhou mais ainda. As portas dos quartos estavam fechadas, então ninguém havia saído. Ele foi até o começo das escadas e não tinha nada acesso no andar de baixo, aquilo estava estranho, mas ele decidiu não ligar para isso e voltou ao quarto, deitou de volta em sua cama e sentiu meus olhos pesarem, o cansaço o havia derrubado.
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Ele acordou por volta das onze da manhã, achou estranho a casa estar silenciosa e quieta, poderia ser pelo fato da briga e da vergonha dos vizinhos terem ido até sua casa na noite anterior, sua mãe facilmente iria ignorar sua existência e começar uma bela e barulhenta faxina como sempre fazia, porém estava silêncio, e tinha seu irmão, aquele lá não deixava a tv desligada aos sábados nunca, ele amava ir acordar o mais velho para ver o programa que passava aos sábados com seus desenhos favoritos.
Estranhando a quietude da casa ele saiu pela porta e desceu até a cozinha, mas não tinha nada mexido ali, sua mãe nunca tinha acordado tão tarde. Ele subiu de volta ao segundo andar da casa e foi direto para o quarto de seus pais, eles não poderiam tê-lo deixado ali, poderiam? Quer dizer, o fato do garoto ser gay não era tão grave assim para eles irem embora e o abandonarem como um cachorro, não é mesmo?
Ele bateu na porta e não obteve resposta, ele logo depois abriu a mesma e ao olhar para dentro do quarto se arrependeu de ir ali, seus pais estavam deitados na cama como ele sempre fora acostumado a ver quando pequeno, porém, agora eles tinham buracos de balas em suas cabeças. As pernas de Wooyoung fraquejaram e ele foi ao chão, seus olhos arregalados, sua respiração desregulada e lagrimas desciam por seu rosto.
Quem poderia ter feito aquilo? Wooyoung se arrastou para perto da cama e chorou agarrado ao braço de sua mãe, ele se arrependeu de não pedir desculpas, as últimas palavras de sua família ecoando em sua cabeça, a briga repassando em sua cabeça. Ele se arrependeu.
Ele então se lembrou de seu irmão, ele precisava ver se ele estava bem, será que ele tinha ouvido algo?
Ele saiu do quarto de seus pais e foi ao quarto do seu irmão, encontrando a mesma cena apavorante ali também, seu irmão agarrado ao seu dinossauro de pelúcia, ele parecia dormir tão tranquilo e sereno, mas a marca da bala estava ali.
Wooyoung mais uma vez foi ao chão, e mais uma vez se arrependeu. Ele tinha se recusado a dormir com seu irmão de apenas 6 anos que só queria sua companhia, e agora ele nunca mais iria poder ouvir sua voz, sentir seu cheiro de neném e nem mesmo o abraçar nas noites de chuvas que ele vinha correndo para sua cama pedindo que o protegesse.
As lagrimas e soluços ficaram mais fortes, ele não aguentaria perder sua família. Seus olhos pararam no objeto preto aos pês da cama, ele se arrastou até lá e ao pegar o objeto sentiu a frieza e o peso da arma em suas mãos. Ele largou a arma no chão e voltou para a cama de seu irmão agora o abraçando.
– Me desculpe por favor, eu não queria que nada tivesse acabado assim. – ele queria dizer que era melhor ele morrer no lugar do seu irmão, no lugar de seus pais, era melhor morrer do que ter que ver aquela cena, queria poder dizer que se arrependia de toda a discussão que ele causou na noite anterior, todos que ele amava se foram em um piscar de olhos, ele não pode pedir desculpas nem mesmo dizer adeus. – Me perdoe, meu anjo, eu sinto muito, eu não queria ter feito isso.
Wooyoung falava chorando agarrado ao corpo de seu irmãozinho, ele só não havia percebido que a polícia estava parada na porta do quarto ouvindo o que ele dizia, e para os oficiais isso já era suficiente para ele mesmo se incriminar.
Uma vizinha fofoqueira do bairro não viu movimentação nenhuma na casa dos Jung naquela manhã e logo pensou que a família poderia ter tido outra briga e ter acabado pior do que só um bate e boca, então ela ligou para a polícia dizendo que a família havia brigado no dia anterior e que a casa estava em silêncio total, segundo a velinha todos os dias o Senhor Jung saía para comprar o jornal, mas naquela manhã ninguém havia saído da casa, então com medo de que a briga tivesse ocorrido de novo ela resolveu ligar para eles.
A polícia foi checar a residência apenas por obrigação, mas ao chegar no local a casa estava totalmente fechada e já se passava do meio dia, era estranho, eles bateram na porta e nada, tentaram novamente e também nada, cada vez mais estranho. Ao tentar abrir a porta eles perceberam que a mesma estava destrancada e entraram no local segurando suas armas, no interior da casa era possível ouvir o choro de alguém, quando subiram as escadas em busca do choro e passaram em frente ao quarto do casal ficaram abismados com o que viram, seguiram para a porta seguinte e consequentemente viram outra cena lastimável, o filho mais velho dos Jung chorando e pedindo perdão ao corpo do mais novo, a arma do crime aos seus pés. Tudo ali apontava e incriminava Jung Wooyoung.
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Joker King | Woosan
Fiksi PenggemarApós ser condenado injustamente a prisão perpétua em um manicômio pela morte de seus pais, Jung Wooyoung acaba no manicômio federal de segurança máxima de Seoul, considerado um dos mais bem vigiado do mundo. Ele só não contava que anos depois iria s...