Capítulo 18 | Uma Surpresa Desagradável

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"É difícil esperar por algo que talvez nunca aconteça." — Sam Winchester

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Sentada na sala de estar, olhei maravilhada para fora da janela enquanto escrevia uma carta para Mina. Que dia adorável. O céu estava azul, o sol brilhava, os pássaros cantavam na florzinha da macieira do lado de fora da janela. 

Suspirei e olhei de volta para minha carta. Colocando a caneta entre os dentes, pensei no que escrever a seguir. De repente, uma empregada entrou. Ela fez uma reverência para mim e disse:

— A Sra. Kaminari está aqui, e também a Sra. Ojiro. Elas desejam vê-la.

— Oh sim! Traga-as! — Eu respondi, sorrindo, muito animada em saber que a Sra. Ojiro estava na cidade.

A porta se abriu e duas garotas entraram. A primeira prendia seus lindos cabelos castanhos em um coque, e seu vestido era de uma cor leve e alegre de grama. A outra vestia um vestido com dobras extensas de rosa claro que caíam no chão, e seu cabelo roxo estava penteado em um coque elegante.

— Sra. Ojiro! Sra. Kaminari! E a quem devo o prazer desta visita? — Eu perguntei.

— Oh, nós temos notícias! — Sra. Ojiro sorriu.

— Ah, e me chame de "Senhorita", Srta. Uraraka. "Senhora" ainda parece muito pouco natural — pediu a Sra. Kaminari.

Eu ri.

— Bem, atrevo-me a dizer que você deve se acostumar com isso logo — eu gargalhei. — Mas é claro, Srta. Kaminari.

— Um pouco melhor — disse ela, sorrindo.

— Oh, por favor, sentem-se — eu disse, apontando para as cadeiras.

As mulheres afundaram graciosamente sobre elas.

— Como é a vida de casada? — Perguntei à Sra. Kaminari. Ela corou.

— Boa, é claro — ela sussurrou.

— Senhorita Uraraka! Senhorita Uraraka! — A senhora Ojiro e se agitou. — Devo lhe contar as novidades que temos! Oh, é tão incrível! Você nunca vai acreditar!

— O que é? — Eu ri.

— Você conhece o capitão da Marinha de Lyme? Bem, ele está noivo! — Ela engasgou.

Eu hesitei. O horror inundou meu rosto, pulsando em meu sangue e coração. Deku?!

— Com quem? — Eu perguntei, minha voz trêmula enquanto eu temia a resposta.

— Oh, com a Srta. Himiko Toga, é claro! — Sra. Ojiro disse, e depois deu uma risadinha. — Não é romântico?

— Oh, sim — eu engasguei, sentindo toda o meu corpo paralisar. — M-muito romântico.

— Ouvi dizer que isso aconteceu já faz um tempo — disse a Sra. Kaminari, pensativa. — Que o capitão estava apaixonado pela srta. Toga, sabe?

— Como você pode ter certeza? — Eu perguntei.

— Estava na carta que a Sra. Kirishima enviou — disse a Sra. Ojiro, rindo.

— Você escreveu para ela?

— Sim. Já que moramos na mesma área, e o Sr. Kirishima e o Sr. Ojiro... — Sra. Ojiro parou por um momento — ... são primos, nós mantemos contato. E ela está com eles e diz que Srta. Toga está noiva do capitão, por isso corremos aqui para informá-la. Que notícia linda!

Minha respiração estava difícil e rápida. Deku estava noivo. Com minha meia-irmã.

— Aqui está, leia! — Disse a Sra. Ojiro, entregando-me um pedaço de papel. Peguei com as mãos trêmulas.

Cara Sra. Ojiro,

Agradeço sua última carta e espero que você esteja bem. Recentemente, fomos para Lyme. Aconteceu um terrível acidente com a Srta. Himiko Toga e, por vários motivos, não posso voltar à propriedade agora. Meu marido, Eijiro, foi no meu lugar e espero que ele e as crianças estejam bem.

A Srta. Toga ficou noiva esta semana de um capitão bastante rico. Ele é formidável e uma alma muito gentil. Espero que sejam felizes juntos, porque a Srta. Toga está em êxtase. Um casamento é tudo o que ela queria na vida, e os ares que aquela garota assumem são bastante divertidos.

Por favor, escreva de volta para mim o mais rápido possível e me diga como você está.

Com carinho,

Mina Kirishima

Fiquei olhando a carta por um longo momento. Então eu olhei para cima e senti as lágrimas pressionando a parte de trás dos meus olhos.

— Não é maravilhoso?! — Miss Hagakure sorriu.

— Sim — eu resmunguei. — Maravilhoso.

***

A porta se fechou com um estalo atrás de mim quando entrei em meu quarto e imediatamente afundei no chão. Minhas pernas não tinham mais força. Elas eram como gelatina e eu tremia sem parar.

Quão tola eu fui. Pensar que Deku poderia realmente gostar de mim de novo, mesmo depois daquele dia, tantos anos atrás, era estúpido. Ele não me ama. Como ele poderia amar uma mulher que quebrou seu coração tão brutalmente? Himiko merecia Deku e seu carinho. Himiko nunca tinha feito nada para machucá-lo.

As lágrimas que brotavam dos meus olhos finalmente caíram. Eu não deveria ter esperado, era muito inútil fazer isso.

Todos aqueles toques gentis, aquela dança, me carregando quando machuquei meu tornozelo; foi tudo apenas pela bondade de seu coração e nada mais.

Meus olhos foram para a pequena arca de cartas que trocamos naqueles anos atrás. Até mesmo pensar nelas era torturante.

Eu me levantei e caminhei lentamente até elas. Peguei a caixa, olhei tristemente para o seu conteúdo e joguei a primeira na lareira. As línguas laranja e amarela lamberam o papel, carbonizando-o e queimando-o.

Eu não estava queimando as cartas em retaliação. Eu simplesmente sabia que não deveria ter mais nada a ver com o capitão Izuku Midoriya e meus sentimentos por ele. E jogá-los nas chamas foi o primeiro passo. Não. Chega de esperas e questionamentos inúteis. Era hora de seguir em frente.

— Talvez eu deva apenas me casar com o Sr. Bakugo — murmurei enquanto lançava outra.

Mas um pensamento repentino me fez hesitar em colocar o próximo pedaço de papel no fogo. Meu primeiro amor.

Será que doeria guardar doces lembranças de seu primeiro amor? Certamente eu poderia seguir em frente sem queimar minhas cartas amadas. Fiquei olhando para elas e para os garranchos bonitos que eu conhecia tão bem. A caligrafia de Deku era tão familiar para mim que eu poderia distingui-la de mil letras.

Não. Manter isso não era um sinal de fraqueza, nem um sinal de apego a velhos sentimentos. Era simplesmente um símbolo de memórias doces e duradouras.

Suspirei e coloquei a caixa de cartas de volta na minha penteadeira.

Lady Midnight estava certa.

Havia outros homens no mundo, e até mesmo alguns como Deku. O amor não se limitava inteiramente a uma pessoa.

Eu acreditava que alguém poderia amar quase qualquer pessoa, desde que se esforçasse. Então talvez fosse isso que eu precisasse fazer. Aprender a amar.

E talvez eu não precisasse de outro homem como Deku. Talvez o Sr. Bakugo possa ser bom para mim. Talvez nossas diferenças possam se complementar, em vez de se opor.

Sequei minhas lágrimas e me levantei. Eu tentei, mas às vezes a vida não sai como você quer.

Eu só preciso entender isso.

Nossa Doce Persuasão [Izuocha]Onde histórias criam vida. Descubra agora