Capítulo 16 | Intenções do Capitão Midoriya

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"Viver é um rasgar-se e remendar-se." — Guimarães Rosa

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*POV Deku* 

— Capitão Midoriya!

Eu me virei ao som do meu nome e sorri. O tenente Toshinori estava atrás de mim, sorrindo amplamente enquanto caminhava até mim.

— Tenente — eu disse, avançando para apertar sua mão.

— Ande comigo. Não nos falamos há um bom tempo — disse ele. Eu balancei a cabeça e continuamos descendo o caminho, as nuvens no alto claras, como sempre.

— Diga-me, o que o traz de volta a este porto? — Tenente Toshinori perguntou. Eu olhei para o oceano, batendo contra a costa não muito longe.

— Minha tia está insistindo que eu encontre uma esposa. Ela diz que eu devo me casar, ou pelo menos ficar noivo. Mas não sei se consigo... — Parei.

— Isso é sobre a senhorita Uraraka? — O tenente Toshinori perguntou. Eu olhei para ele com surpresa.

— Oh, eu... por que... como--

— Lembro-me de você falar muitas vezes sobre ela, há oito anos, quando estavam namorando. Eu a conheci, e ela era uma garota adorável que parecia tão apaixonada quanto você. Eu tinha esperança para o seu futuro mas, infelizmente, a garota recusou sua oferta. Eu simplesmente me perguntei se, talvez, parte do amor não desapareceu e você voltou para vê-la — disse ele, cansado.

Suspirei.

— Você está errado, Tenente Toshinori — eu respondi, encontrando seus olhos. — Eu pensei que só restava um pouco de amor por ela. Eu estava enganado. Muito enganado. Quando eu a vi novamente, eu sabia que a amava tanto quanto a amei, oito anos atrás. Mas pensei que ela já fosse casada, depois de oito anos não teria sido uma surpresa. Aí descobri que ela ainda estava solteira. Isso me deu coragem, eu queria tentar de novo. Tentar me casar com ela. No entanto, percebi que tem problema; e se ela não tivesse mudado? Ela parecia inalterada. E se ela não me amasse? Ainda não sei a resposta para essa pergunta. Ela é sempre doce, sempre boa- temperada e sempre agradável. Não consigo decifrar as entrelinhas de suas ações. 

O tenente Toshinori assentiu com uma expressão pensativa no rosto.

— Eu sugiro que conte a ela sobre seus afetos. Mostre a ela que você a ama, deixe isso claro como o dia. Tenho certeza que a Srta. Uraraka decidirá o que fazer a partir daí — aconselhou.

— Eu não quero expor meu coração para parti-lo novamente. Ela já me feriu o suficiente — eu sussurrei.

— Eu não acho que isso seja verdade — disse o tenente Toshinori, de repente. — A senhorita Uraraka poderia ter rejeitado você muito mais horrivelmente, capitão. Em vez disso, ela tentou fazer isso tão delicadamente quanto ela pôde. É nisso que eu acredito. Capitão, você realmente acha que uma garota tão doce quanto a Srta. Uraraka quebraria intencionalmente o coração de um homem? 

Eu percebi que ele estava certo. Ochaco poderia ter me machucado muito mais, ela tinha o poder para isso. Mas ela não fez. Na verdade, nunca nem fiquei zangado com ela. Nunca.

Se eu estivesse com raiva, seria de uma única pessoa.

Lady Midnight.

Ela disse a Ochaco que eu não valia a pena. Ela pressionou implacavelmente a afilhada até ser persuadida. Ela foi responsável pelos oito anos perdidos que poderíamos ter passado juntos, felizes.

E também foi minha culpa.

Minha culpa por fugir. Minha culpa por nunca ter entrado em contato com ela. Minha culpa por ter esperado oito anos para vê-la novamente, para tentar novamente.

Culpa das minhas próprias ações estúpidas.

— Capitão Midoriya, — disse o tenente Toshinori — acredito que a senhorita Uraraka não tem toda a culpa.

Eu concordei.

— Você está certo, Tenente — eu respirei fundo. — Vou tentar novamente.

— Há outro problema — acrescentou.

Eu congelei.

— Qual?

— Senhorita Toga. A família dela fala muito do seu noivado com ela. Parece que você age como se tivesse apaixonado — respondeu ele.

— Eu- O quê? Srta. Toga?! Minhas interações com ela foram meramente amigáveis! Eu não tenho nenhuma intenção com ela. Ela é uma garota adorável, é verdade, mas...

— Eu entendo isso. Mas, ao dar essa impressão, você tem que esperar que outro homem a envolva antes que você possa cortejar a Srta. Uraraka — disse ele.

Suspirei de frustração.

— Suponho que sim. Não tenho muito o que fazer, já que agi de forma errada perante os meus sentimentos pela Srta. Toga. Vamos torcer e ter esperança — concluí.

O tenente Toshinori sorriu.

— Eu te desejo toda a sorte do mundo.

Nossa Doce Persuasão [Izuocha]Onde histórias criam vida. Descubra agora