Quando a sexta-feira chegou, Clarke estava em polvorosa. Não conseguia parar de batucar os dedos na mesa do restaurante enquanto esperava Lexa . Havia providenciado o encontro pelo aplicativo da agência, com a mesma praticidade com que compraria uma passagem de avião, mas sem o programa de fidelidade. Ela recebera o e-mail de confirmação, sua única garantia de que o encontro ainda estava de pé. Era impossível não temer que Lexa tivesse mudado de ideia.
Clarke gostaria de ter o número do celular dela, mas Lexa não devia passá-lo às clientes. Era pessoal demais. Principalmente considerando que uma delas tinha ficado obcecada.
Aquela era uma das maiores fraquezas de Clarke , e uma das características definidoras de sua condição. Não sabia se interessar um pouco pelo que quer que fosse. Ou era indiferente ou… obcecada. E suas manias não eram passageiras. Elas a consumiam, se tornavam parte dela. Clarke as nutria, as incorporava à sua vida. Como fazia com o trabalho.
Ela precisava tomar cuidado na aproximação com Lexa . Tudo nela a agradava. Não só o visual, mas a paciência e a gentileza também. Ela era boazinha.
Era uma mania esperando para começar.
Sua esperança era conseguir manter a cabeça fria pelas semanas que viriam. Talvez fosse melhor mesmo que tivessem apenas três sessões. Quando terminassem, Clarke poderia se concentrar em alguém que pudesse ser seu de fato. Como Philip James.
Ela notou Lexa assim que entrou no restaurante do hotel. Estava usando um vestido preto de caimento impecável. O cabelo solto, e um salto baixo. Tudo ali lhe chamou a atenção, como era tão feminina mesmo com algo masculino. Lexa esquadrinhou o salão com o olhar e o pousou sobre ela.
Clarke olhava o cardápio sem ver nada. Lexa não parecia ter pressa de ir em sua direção. Mantenha a cabeça fria.
— Oi.— Lexa se sentou diante dela e apoiou as mãos entrelaçadas sobre a mesa.
Clarke respirou bem fundo, e sentiu seu cheiro. Suas entranhas se reviraram. Com uma sensação de derrota, ela levantou os olhos na direção dela, contou até três e virou a cabeça para o outro lado. — Oi.
— Já está nervosa?
Ela deu uma risadinha. — Estou nervosa desde sábado.
— Por falar nisso… Quem era no telefone quando eu estava indo embora?
Ela comprimiu os lábios para esconder um sorriso. — Minha mãe. O nome dela é Abby . E pensa que estamos juntas, aliás.
Lexa levou a mão à boca sorridente. — Entendi. E isso é um problema?
— Na verdade, acho que é até bom. Agora que ela pensa que tenho namorada, deve parar de tentar me arrumar encontros às cegas.
— Ah, mãe e encontros às cegas… Sei bem como isso funciona.
— Isso quer dizer que você não tem namorada?— Assim que a pergunta saiu de sua boca, Clarke fez uma careta. — Desculpa. Esquece que eu falei isso.
Ela não tinha o direito de interrogá-la sobre questões pessoais, mas uma curiosidade terrível fervilhava dentro de si. Queria saber tudo sobre ela. Se Lexa tivesse namorada, fosse quem fosse, ela ia odiá-la.
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Love Numbers
RomanceClarke Griffin tem dificuldades de se relacionar com as pessoas, ela tem síndrome de Asperger e muitas vezes não consegue filtrar o que diz ou simplesmente "trava". É uma mulher sensível e odeia desorganização. Sendo econometrista, ama números e é a...