Capítulo TENSO.
Não sei pra quem é pior...Preparem o potinho 🥺🥺🥺
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Quando Lexa voltou, deu de cara com a mãe a observando de braços cruzados. Da vitrine, era possível ter uma clara visão do Tesla branco de Clarke saindo de ré do estacionamento. Lexa sabia que a mãe veria o beijo, motivo pelo qual fora tão apressado, apesar de sua vontade de fazer Clarke virar os olhos.
Ela mexia com Lexa de tantas formas que era impossível até enxergar direito, quanto mais pensar. Havia sido pega de surpresa ali na loja. Talvez fosse por aquele motivo que tinha aceitado a proposta, quando tinha se decidido a fazer a coisa certa e recusar. Ela não a provocara ou fora irônica. Na verdade, ficara impressionada com seu trabalho e com a ela — com quem Lexa era de verdade. Ninguém mais queria quem ela era de verdade. Só Clarke . Num momento de fraqueza, ela deixara de lado suas precauções e fora imprudente. Dissera sim só porque queria passar mais tempo com ela.
Só que as coisas estavam saindo do controle. Os limites estavam ficando difusos, de modo que parecia impossível separar sua vida profissional da pessoal. Talvez até por vontade própria. A mãe presumira que Clarke era sua namorada, e Lexa gostara daquilo até mais do que deveria. Aceitar a proposta tinha sido um erro gigantesco. Já estava arrependida, sentindo que era uma coisa muito errada, apesar de não entender bem por quê. Mas era tarde demais. Talvez se fosse só um mês... Ela era um profissional. Conseguiria levar as coisas por um mês.
— Clar-kee — , sua mãe falou, como se estivesse treinando a pronúncia. Lexa pegou as roupas dela e se dirigiu à oficina. A mãe foi atrás. — Gostei mais dela que daquela stripper que você namorou.
— Ela era dançarina.— Certo, ela também era stripper. Mas Lexa era jovem, e ela tinha um corpo incrível e sabia mexê-lo muito bem.
— Lembro que encontrei uma calcinha suja dela lá em casa.— Lexa coçou a nuca.
— Eu terminei com ela.
Era só sexo. Seu pai era um traidor nato, o que ensinou a Lexa que, em vez de assumir compromissos e acabar magoando as pessoas, ela devia manter as relações impessoais. Tinha sido divertido, mas Lexa acabara pirando um pouco, basicamente transando com quem demonstrasse interesse. Suas lembranças daquele tempo eram um arco-íris de lingeries.
Quando tudo acontecera e Lexa precisara de dinheiro rápido, tinha pensado: — Por que não faturar uma grana com isso?— . Como costureira, Lexa lidava com mulheres mais velhas e endinheiradas que faziam propostas do tipo de tempos em tempos. Só precisaria aceitar. Também seria o tapa na cara perfeito para o pai — culpado por tudo o que tinha acontecido.
— Esse carro da Clarke é bem caro — , a mãe notou.
Lexa deu de ombros, pôs as roupas de Clarke junto com as demais peças a ser lavadas a seco e se sentou à máquina de costura.
Me. falou em vietnamita: — Ela gosta de você de verdade. Dá para notar.
— Quem é que gosta dela?— , Naluy perguntou de seu lugar de sempre diante da TV. Estava vendo O retorno dos heróis condor pela milionésima vez, a versão antiga com Andy Lau, em que o condor lutador de kung fu era um homem vestido de ave.
— Uma cliente — , sua mãe respondeu.
— Aquela da saia cinza?
— Você viu a moça?
— Hummm, fiquei de olho nela assim que apareceu. É boa menina. Lexa devia casar com ela.
— Eu estou bem aqui — , Lexa falou. — E não vou casar com ninguém.— Não era uma opção para quem trabalhava como acompanhante. E ela ainda se lembrava de quando o pai sumia durante a infância. A mãe chorava até a hora de dormir, totalmente arrasada, mas tentando segurar firme por causa dos filhos, sem perder um dia de trabalho sequer. Lexa jamais magoaria uma mulher daquele jeito. Jamais.
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Love Numbers
RomansaClarke Griffin tem dificuldades de se relacionar com as pessoas, ela tem síndrome de Asperger e muitas vezes não consegue filtrar o que diz ou simplesmente "trava". É uma mulher sensível e odeia desorganização. Sendo econometrista, ama números e é a...