212 Fahrenheit

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esse capítulo 💔💔💔

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Depois do jantar, as duas  caminharam pelas ruas ladeadas de lojas de departamento chiques e arranha-céus ostentando o nome de grandes instituições bancárias. O fluxo de pedestres — turistas, locais bem agasalhados e jovens em roupas de sair — entupia as calçadas e se espalhava pelas vias, por onde os veículos se arrastavam com vagar.

Ela nunca se dera ao trabalho de vivenciar a Bay Area à noite. Para sua surpresa, estava se divertindo. Em termos de acompanhante, Lexa  era o pacote completo. Ótima na cama e fora dela. Suas demonstrações de carinho em público tinham tudo para deixá-la envergonhada, mas até então ela tinha adorado. Quem não gostaria de ser beijada por ela em locais públicos, para que as pessoas pudessem ver, admirar e morrer de inveja? Lexa segurava sua mão sempre que podia, e a conversa fluía com facilidade. Em geral, ela não gostava de novidades, mas se sentia segura com Lexa . Ao lado dela, Clarke se sentia parte da agitada noite de San Francisco, não apenas uma espectadora. Era incrível estar em meio à multidão e não se sentir sozinha.

Elas se aproximaram das cordas de veludo onde mulheres com pouquíssima roupa, outras mais vestidas e homens de terno, e com pouca roupa também,  aguardavam em uma longa fila. Um segurança esquadrinhou o corpo e o rosto de Clarke , fazendo-a se inclinar contra Lexa.

— É aqui o lugar?— , ela perguntou, sentindo a ansiedade vir à tona.

Lexa a abraçou e confirmou com a cabeça. Então falou para o segurança: — A gente deve estar na lista. O nome é...

O segurança apontou com a cabeça raspada para a entrada. — Podem entrar.

Lexa  deu um beijo de leve na têmpora de Clarke , segurou-a pelo cotovelo e entrou com ela pela porta da frente da 212 Fahrenheit. Outro segurança, que cuidava da porta, acenou para ela.

— Deixaram a gente entrar porque acham que sua presença vai ser boa pros negócios — , Lexa  murmurou em seu ouvido.

Suas bochechas esquentaram, e ela tentou não deixar aquelas palavras subirem à sua cabeça. Clarke havia se maquiado e arrumado o cabelo para aquela noite. Não era ela de verdade.

Um número razoável de pessoas circulava pelo lugar. Clarke cerrou os punhos e tentou se preparar para o que viria. Já havia ido a jantares beneficentes e festas da empresa. Aquilo não seria problema. O ruído das conversas, misturado com a batida da música eletrônica, preencheu seus ouvidos. Por sorte, nada muito alto. Ela ainda conseguia pensar.

O espaço era amplo, decorado num estilo minimalista e moderno, com vigas metálicas expostas em ângulos agudos. Um bar enorme ocupava os fundos do recinto, e um DJ comandava a música de uma cabine no alto da parede adjacente. Havia poucos lugares onde sentar, só alguns sofazinhos dispostos ao redor de mesas baixas de metal. Havia quatro delas em toda a casa, duas já ocupadas.

— Quero uma dessas mesas.—  A voz dela saiu convicta e firme, o que a tranquilizou, aliviando o buraco no estômago. Estava se saindo bem.

— Não são de graça.—  Lexa comentou.

Ela pegou o cartão de crédito da parte de cima do vestido justo safira e entregou para Lexa , dando risada quando ela abriu um sorriso surpreso. — Eu não tinha onde mais colocar.

Lexa  passou as mãos pelas suas costas e a puxou mais para perto. — O que mais tem aí?— , perguntou, espiando seu decote modesto.

— Minha carteira de motorista.

— Eu tenho bolsos, sabe? Posso guardar suas coisas.

— Nem pensei nisso. Deixei meu celular em casa porque não tinha onde enfiar.—  Devia ser por motivos como aquele que as pessoas namoravam. Ter alguém que pensava no plano B.

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