The Curse

Thomas

Dois dias depois de eu ter falado com Lynn pelo celular, em uma manhã de terça-feira, acordo às 10:00, me espreguiço e me levanto. Quando passo pelo espelho, tenho uma grande surpresa; as veias tatuadas no meu rosto e na minha cabeça estão desaparecendo, não totalmente mas não estão com aquela cor forte.

Um sorriso estampa o meu rosto. Pouco a pouco, eu vou voltar ao normal. É o efeito Lynn sobre mim. Eu adoraria ligar para ela e contar essa maravilhosa notícia, mas sei que ela está em horário de aula e não quero incomodá-la. Tiro minha camisa branca, a alegria não é tão grande assim, as veias nos meus braços, no meu tórax e no meu abdômen estão com a cor forte. Mesmo assim estou feliz, muito feliz. Pego a pulseira dourada de Lynn no criado-mudo, a observo e falo.

-Obrigado, você está salvando minha vida...

De repente, escuto um barulho vindo da porta, alguém está tentando entrar no meu quarto. Sammy. Quando abro a porta, ela pula em cima de mim, mas não me derruba.

-Bom dia garota! -me agacho e seguro delicadamente o seu rosto -Olha pra mim... Estou voltando ao normal! Vai demorar um pouco, mas temos que ser otimistas, não é?

Sammy dá um alto latido e passa seu focinho molhado no meu rosto. Não estou sentindo dor alguma. A felicidade está dominando meu corpo. Nunca senti nada parecido isso, essa coisa chamada amor é bem legal. Nem fico pensando na vadia da Naomi, estou feliz demais para ficar pensando em coisas ruins.

Eu vou para o banheiro, tiro minha calça moletom preta e tomo um banho rápido. Depois do banho, saio do banheiro, vou para o guarda-roupa e visto uma calça jeans e uma camisa polo verde-escuro. Em seguida, eu e Sammy saímos do quarto, passamos correndo pelo corredor, descemos a escada e fomos para a cozinha. Preparo um sanduíche de atum e tomo um suco de laranja. Depois saio da mansão com Sammy, vou na casinha dela, pego um pacote enorme de ração, ponho um pouco no pratinho dela e ela come tudo rapidamente.

Alguns minutos depois, pego uma bolinha velha de tênis e a jogo para longe. Sammy sai correndo atrás da bolinha e volta segundos depois com a bolinha um tanto quanto babada.

Passei as últimas horas me divertindo com a Sammy. Desde que eu fiquei com essa aparência, não tive muita animação para brincar com a Sammy, mas agora tudo mudou, estou mais animado que nunca.

Às três e meia, tomo outro banho (estou suando demais), só que dessa vez gelado por causa do calor. Alguns minutos depois, saio do banheiro com uma toalha branca na cintura, vou em frente à grande janela e vejo um Mustang preto parado em frente da minha casa. Fico um tanto quanto preocupado, mas tento ignorá-lo.

Visto uma calça moletom cinza e uma camisa branca. Saio do quarto, vou para a sala de estar e sento no sofá. Fico pensando naquele Mustang parado, quem será que é o motorista? Por que está na frente da minha casa? Será que... Está me vigiando?... Estou ficando paranóico, vou parar de pensar nisso.

De repente, a campainha toca. Me levanto e vou atender a porta. Quando a abro, Lynn me recebe com um sorriso encantador. Um sorriso que estou completamente apaixonado.

-Oi! -ela cumprimenta alegremente. -Posso entrar?
-Claro... -ela entra e eu fecho a porta. -Com certeza você veio aqui para pegar sua pulseira dourada, não é?
-Isso também, mas... Eu vim aqui para saber como você está.
-Estou ótimo... Reparou algo diferente em mim?

Lynn se aproxima muito de mim, olha atentamente o meu rosto por alguns segundos e conclui.

-Suas veias estão desaparecendo!
-É! Isso é ótimo, não é?
-É mais do que ótimo, Thomas, é... Fantástico! Você está voltando ao normal, mas como isso aconteceu?

Quando recebo essa pergunta, meu cérebro sofre uma espécie de pane. Lynn está me visitando há bastante tempo, eu tenho que contar a verdade para ela, mas... Não sei o que está acontecendo comigo... Não me sinto pronto. Me afasto, ponho as mãos nos bolsos da calça, tiro a pulseira dourada e a observo.

-Pode parecer meio maluco, mas desde que você entrou nessa mansão pela primeira vez, senti algo diferente, algo que eu nunca senti antes por uma garota... Toda vez que eu olho pra você, minhas veias não pulsam, sendo assim não sinto dor, sinto uma alegria enorme... Por isso, acho que minhas veias estão desaparecendo por sua causa, você é minha droga, Lynn, e estou viciado em você.

Lynn me olha de um jeito estranho, como se eu tivesse falado alguma coisa errada. Ela se aproxima de mim e olhamos para a pulseira juntos.

-Quero que você sinta por mim o que eu estou sentindo por você. -declaro.
-Me desculpa, Thomas, mas eu não posso.
-Por quê?
-Somos completamente diferentes... Entenda, eu gosto de te fazer companhia, eu gosto de me divertir com você, mas... O que eu sinto por você é apenas amizade.

Sinto minhas veias mudarem de cor, olho para o meu braço e percebo que estão vermelhas. Uma lágrima escorre no meu rosto, a enxugo rapidamente e elevo a voz.

-O que eu tenho que fazer pra você se apaixonar por mim?!
-Nada... -ela fala suavemente. -Apenas fale a verdade pra mim.
-Que verdade?
-Quem fez isso com você? Por que essa pessoa fez isso? O que você fez pra...
-Eu me envolvi em uma briga de bar, eu já te contei isso.
-Thomas, como é que eu posso me apaixonar por você sendo que você não é verdadeiro comigo?
-Você quer mesmo que eu fale a verdade? -pergunto com uma voz mais baixa.
-É o que mais quero desde que comecei a te visitar.
-Então... Vamos fazer um piquenique, eu vou te contar tudo, não vou esconder nada.
-O quê? Mas... Vamos fazer isso hoje?
-Não, vamos fazer o piquenique no sábado, me encontre perto do bosque CliverHood.
-Thomas, isso é loucura, eu quero saber da verdade.
-E você vai saber, mas hoje não... Por favor, confia em mim.
-Tudo bem... -ela diz com um tom de hesitação. -Faremos o piquenique no sábado.
-Ótimo, depois eu te ligo marcando o horário.
-Tá... Bom, agora eu tenho que ir.
-Mas e a sua pulseira?
-Ah... Já tinha me esquecido.
-Posso colocá-la em você?
-Pode.

Lynn estica o braço e ponho delicadamente a pulseira no pulso dela. Nos entreolhamos algumas vezes e quando termino de colocar a pulseira, ela sorri e diz.

-Muito obrigada, Thomas, por ter guardado essa pulseira por mim, ela é muito especial.
-De nada, Lynn, vou te acompanhar até a porta.

Eu e Lynn vamos para a porta, ela sai da mansão e a observo indo até o portão. Olho para a calçada e vejo que aquele Mustang preto não está mais lá. Fico bem mais aliviado. Esse carro estava me dando arrepios.

Penso na declaração que fiz para Lynn, não estou arrependido de ter feito isso, faria de novo se possível. Também penso no piquenique que vou fazer, é o momento perfeito para eu contar a verdade para Lynn. Vou contar tudo mesmo, vou contar da maldição, da Naomi, da perseguição da Naomi, enfim... Tudo. Fecho a porta, me encosto na parede, desço lentamente meu corpo e falo.

-Você vai se apaixonar por mim, Lynn.