Lynn

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-Ai meu Deus, ainda bem que vocês chegaram! -Felícia aborda eu e Max, quando colocamos os pés na praça.
-O que você tá fazendo aqui, Felícia? -Max pergunta.
-Como assim 'o que você tá fazendo aqui, Felícia'? Eu vim atrás de vocês... -Felícia pega o braço de Max e fala entredentes. -Principalmente de você, Maxwell.
-Nós apenas fomos para a casa do Thomas.-justifico.
-Ai Lynn Michelle, já entendi, tá bom? Como foi lá?
-Bem... -Max diz e me olha. Automaticamente nós dois começamos a rir. -Até demais...
-O que vocês fizeram? Por que estão rindo? -Felícia pergunta com um tom sério.
-É porque eu, o Max e o Thomas fizemos uma guerra de comida, foi muito divertido.
-Deve ter sido mesmo, bom... Vamos para minha casa, hoje é dia de cineminha lembram?
-Sim, mas não é um daqueles filmes de romances chorosos, né? -digo.
-Não, não se preocupe.
                Suspiro aliviada. Detesto esses filmes 'água com açúcar' porque eu sempre acabo chorando. Prefiro um filme de ação ou de terror, Max também tem o mesmo gosto que eu, mas é mais tolerante na questão 'filmes extremamente românticos'. Fomos em direção ao Billy, entramos nele e fomos para a casa de Felícia. Dentro do carro, ela comenta.
-Naomi ligou para mim.
-Pra mim também. -respondo.
-E o que ela queria com vocês? -Max pergunta.
-Ela queria sair comigo. -Felícia diz.
-Comigo também.
-Gente, até quando vocês vão esconder isso da Naomi? -ela questiona. -Mais cedo ou mais tarde, ela vai descobrir esses encontros secretos na casa do Thomas.
-O que você quer faça a gente, Felícia? -pergunto, elevando a voz. -Que a gente se aproximasse da Naomi e falasse 'Naomi, querida, nós nos distanciamos de você porque achamos que você tem alguma coisa com essa transformação grotesca do Thomas... Ah aliás nós fomos para a mansão dele várias vezes.'...
-Isso faz sentido, Felícia, não podemos contar isso para a Naomi, é muita loucura.
-Loucura é o que vocês dois estão fazendo, se isso for verdade mesmo, que a Naomi tem alguma coisa a haver com essa história do Thomas, vocês vão provocar o ódio dela... Se ela fez aquilo com o Thomas, imagina o que ela faria com vocês...
-Ai pára de falar besteira, Felícia! -falo.
-É a verdade, Lynn Michelle, aliás... Vocês descobriram mais alguma coisa sobre essa transformação do Thomas?
                Eu e Max nos entreolhamos e ele responde.
-Não, nada.
-Lynn, você vai para a casa do Thomas quase todos os dias e não pergunta nada pra ele? Tipo, o que aconteceu com ele, quem fez aquilo?
-Não.
-Então o que você faz na casa dele?
-Companhia, é a única coisa que o Thomas precisa no momento.
-E o que vocês dois precisam é de respostas.
-Ele não gosta de falar sobre isso, Felícia, não podemos forçá-lo a responder algo que não quer. -Max diz.
-Ah então quando o príncipe Thomas estiver pronto para dar as respostas, você vão fazer as perguntas?... Não sejam idiotas, vocês têm que investigar mais sobre isso.
-Tá bom, da próxima vez que for na casa dele, vou investigar tudo. -decido.
-Ótimo.
            Ficamos em silêncio. O que Felícia disse é verdade, não queremos respostas? Então teremos as respostas. Daqui alguns dias, eu vou para a casa do Thomas e vou fazer algumas perguntas sobre essa misteriosa transformação, nem muitas e nem poucas, apenas as essenciais. Passo minha mão no meu pulso e percebo que minha pulseira dourada não está lá. Essa pulseira é muito importante para mim, foi meu pai que me deu antes de ir embora, eu não tiro ela pra nada, nem pra dormir ou tomar banho. É uma pulseira que possui alguns detalhes femininos como flores, corações e estrelas, isso faz com que ela seja bem delicada. Fico desesperada e procuro no banco de trás. Max percebe o meu desespero, olha para mim e pergunta.
-Está tudo bem, Lynn?
-Não, não está.
-O que aconteceu? -Felícia pergunta.
-Perdi minha pulseira dourada.
-Deve ter caído em algum lugar. -Max diz.
-Não, não, não... -uma lágrima escorre no meu rosto. -Essa pulseira é tudo pra mim.
-É só uma pulseira, Lynn, você pode comprar outra. -ele fala.
-Essa pulseira é insubstituível. -Felícia responde por mim. -O pai dela deu quando...
-Eu. Quero. A. Minha. Pulseira. -falo pausadamente, com lágrimas caindo fora de controle e batendo no estofado do carro.
-Pode caído na casa do Thomas. -Felícia sugere.
                Quando ela disse aquilo, uma onda de esperança e alívio percorreu no meu corpo. Sim. Minha pulseira dourada caiu em um algum cômodo da casa do Thomas. É óbvio.
-Max, liga pro Thomas e pergunta se ele encontrou minha pulseira. -falo de um jeito um pouco surtada e bato levemente no ombro de Max.
-Lynn, não surta, depois eu faço isso... Respira e fica calma.
                 Faço o Max me pediu e tento ficar calma. Minhas lágrimas e respiro fundo. Algum tempo depois, chegamos na casa de Felícia. Entramos na sala de estar, que é duas vezes maior e mais moderna que a sala de estar da minha casa, a TV de 42 polegadas, o aparelho de bluray e o home theater são de última geração, o chão parece um espelho de tão encerado, o sofá de couro preto brilhante faria minha mãe ficar com muita inveja. O pai de Felícia morreu quando ela tinha quatro anos, então ela mora com a mãe, que é a versão mais velha dela, já que as duas são bem parecidas.
-Cadê sua mãe? -pergunto.
-Foi fazer compras, vai demorar um pouco pra voltar.
                  Nós três subimos a escada e fomos para o quarto dela, que possui uma TV de LCD e de 26 polegadas e um aparelho de DVD. Entramos lá, a cama está perfeitamente arrumada, tudo está perfeitamente arrumado, Felícia sofre de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), então ela arruma as coisas perfeitamente alinhadas toda hora, às vezes irrita mas já me acostumei. As paredes são verde-claras, o abajur e alguns porta-retratos são de um tom de laranja bem forte, o guarda-roupa é de madeira branca, o contraste das cores é bem bonito. Eu e Max deitamos na cama, com as costas apoiadas na cabeceira (obviamente vamos arrumá-la novamente, mas depois) enquanto Felícia põe o DVD.
-Que filme vamos assistir? -Max pergunta.
-'Sexta-feira 13'.
                  Eu e Max fizemos um uivo de fantasma. É raro Felícia assistir um filme de terror, bem raro mesmo. Olho para a janela e percebo que o céu está escurecendo.
-Gente, todo cineminha tem que ter pipoca, né? -Felícia diz. -Quem é que vai fazer a pipoca?
-Semana passada, fui eu. -Max fala. -Semana retrasada, foi a Felícia... Então é você, Lynn.
-Ai tá bom.
               Levanto da cama e saio do quarto. Desço a escada e vou para a cozinha. Procuro um saco de pipoca no meio das prateleiras, encontro ele e o despejo na panela. Ligo o fogão e procuro a bandeja 'Cinema em casa', eu dei essa bandeja para Felícia no seu aniversário. É uma bandeja amarela, que tem capacidade para pôr um balde de pipoca e três copos de refrigerante. Encontro a bandeja em cima da geladeira, ao lado está o balde para pipoca. O barulho e o cheiro de pipoca é muito bom, desligo o fogão e coloco a pipoca no balde. Pego três copos e coloco refrigerante, monto a bandeja e saio lentamente da cozinha.
              Desvio dos objetos e subo a escada meticulosamente, como um gato no escuro. No corredor, escuto um barulho um pouco estranho vindo do quarto de Felícia, parece gemidos e respirações ofegantes. Me aproximo e a porta está entreaberta. Vejo Max em cima de Felícia e eles estão se beijando como dois bichos no cio, ele beija seu pescoço, ela geme e arranha o braço dele (que bom que eles estão de roupa... Ainda). Como eu não sou obrigada a presenciar esse tipo de baixaria sexual, entro no quarto e assobio bem alto, chamando a atenção deles. Max sai de cima de Felícia e os dois recuperam o fôlego.
-Eu não vou falar nada porque um dia eu vou fazer esse tipo de coisa que vocês estavam fazendo, mas... Se controlem, tá bom? -digo, colocando os copos em cima do criado-mudo e deitando ao lado de Felícia.
-Você é uma estraga-prazer, Lynn Michelle.
-Eu não sou obrigada a ver aquele tipo de coisa, mas não vamos falar sobre isso.
               Entrego os copos para o casal e o balde de pipoca fica com Felícia, já que ela está no meio. O filme começa. Em menos de meia hora de filme, já acabamos com a pipoca e o filme tem duração de, aproximadamente, duas horas. Os gritos e palavrões de Felícia fizeram eu e Max rir. Ela segurava nossos braços bem forte quando ficava com medo. Quando o filme acabou, percebi que o céu estava bem escuro, Felícia estava suando e suspirava aliviada. Arrumamos o quarto, Max pega a bandeja e os copos e levamos isso para a cozinha. Insisti para que eu fosse de táxi, mas Felícia queria me dar uma carona. Depois de alguns minutos de "discussão", ela e Max me acompanham até a porta.
-Você vai gastar dinheiro com o táxi, Lynn. -Max fala.
-Está tudo bem, é uma oportunidade perfeita para vocês ficarem sozinhos.
-Mas daqui a pouco eu também já vou embora.
-Vai? -Felícia pergunta e olha para Max.
-É, eu vou, não posso chegar tarde em casa.
-Ah Max, não se esqueça de mandar aquela mensagem para o Thomas, por favor.
-Tudo bem, eu vou mandar.
-Ótimo... Tchau Felícia, tchau Max.
-Tchau. -eles falam ao mesmo tempo.
               Me afasto e eles acenam para mim. Pego rapidamente um táxi. Dentro dele, me lembro que, antes do Max aparecer no quarto de Thomas, ele pegou na minha mão e nós quase nos beijamos. Não estou pronta para beijar o Thomas Clark, o que eu sinto por ele é um amor de amigo, nada mais. Em relação à minha pulseira dourada, estou rezando para que ela esteja na casa do Thomas e que ele a encontre. E se ele encontrar a pulseira, que me devolva imediatamente. É só isso que eu peço... E tomara que o Thomas obedeça meu pedido.

The CurseOnde histórias criam vida. Descubra agora