Capítulo 7 - O favorito da mãe dele

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Nota da autora: Cada capítulo uma one-shot diferente de momentos que sinto que tenho que escrever sobre Gwyn e Azriel. Me acompanhe no twitter @GwynrielStan.


Azriel estava no escritório da Casa do Vento, papéis espalhados pela escrivaninha, um mapa de toda Prythian com sinalizações de pontos estratégicos dos espiões da Corte Noturna. Ele observava e fazia algumas anotações a cada novo pensamento importante.

O Encantador de Sombras estava tão focado naquele momento que se manteve concentrado mesmo com os silenciosos passos no corredor. As sombras se esgueiraram sorrateiramente das asas dele, como se não quisessem perder nenhum detalhe. A porta se abriu de repente.

Uma Gwyn suada e vermelha irrompeu no ambiente, os olhos arregalados como se não esperasse que ele estivesse ali dentro. Azriel se surpreendeu com sua presença, desviando a atenção dos papéis a sua frente, não conseguindo tirar o olhar dela.

— Me desculpe. Achei que estivesse vazio. — ela disse um pouco sem fôlego com a mão na maçaneta da porta.

— Cassian está pegando tão pesado assim no treino que teve que fugir? — ele perguntou apontando com a cabeça para ela.

— Eu não sou do tipo que foge do treino — ela disse com a voz ranzinza.

Azriel não pode evitar um pequeno sorriso — Ah, é mesmo?

— Isso não tem a ver com o treinamento. — ela disse enquanto apoiava as mãos nos joelhos e tentava recuperar o fôlego. Caminhou muito rápido até ali.

— Encontrei os dois na biblioteca da Casa durante o intervalo do treino. — ela disse com um rubor no rosto. Azriel ergueu uma sobrancelha enquanto analisava seu rosto. Torcendo a boca logo após ao perceber o que ela queria dizer.

— Eles levam a sério demais isso de que não se faz somente a noite. Como você está? — ele franziu as sobrancelhas, uma inquietação em saber se ela estava muito desconfortável com o que viu.

Ele deixou o bloco de anotações na escrivaninha e se aproximou, com passos muitos lentos.

— Estou bem... não vi muita coisa, apenas... — ela começou a rir sem parar. Sentou-se na poltrona mais próxima. — Nunca mais vou esquecer a visão do traseiro do Cassian.

As sombras de Azriel o envolveram enquanto ele balançava a cabeça. Queria tanto socar Cassian.

— Vou fazê-lo se arrepender disso. — Az disse enquanto servia algo em uma xícara e entregava a ela.

— Apenas... não fale nada. Eles não perceberam. — ela disse com um sorriso enquanto bebia.

Não falar nada estava longe do que Azriel queria fazer mas apenas porque ela lhe direcionou aquele olhar curioso, quando se interessava por algo, ele resolveu deixar isso para depois e não demonstrar mais nada.

— Isso aqui é delicioso. — ela ergueu a xícara, provando novamente.

Sentiu algo aquecer dentro do peito. E de repente não importava que muitas tarefas dependiam dele ou que ele era o Mestre Espião da Corte Noturna, apenas queria ter esse momento com ela. Um sorriso tímido que desnudava sua expressão apareceu em seu rosto, um que era raro de se ver.

— É o favorito da minha mãe.

O olhar dela se ergueu até o dele. As sombras observavam, paradas nos ombros dele e Gwyn sentiu uma imensa vontade de se aproximar de Azriel. Sentiu um leve formigar no peito.

Gwyn sorriu de modo carinhoso. — Ela tem um bom gosto para chás. Foi ela que te presenteou com esse?

A expressão dele novamente estava neutra enquanto acenava, uma confirmação para sua pergunta. Sentou-se na outra poltrona do escritório, aquela com espaço para asas e sua grandiosa presença. Uma pequena mesa redonda entre eles, com um bule fumegante e outro par de xícara.

Ele percebeu que Gwyn a enchia e lhe entregava. Observou as leves sardas nos dorsos das mãos enquanto segurava a xícara, sentindo uma imensa vontade de apenas passear a ponta do dedo por sua pele. Azriel segurou a xícara quente e olhou para a adorável fêmea a sua frente.

E quando seus olhares se conectaram, nada mais importava. Não importava se ele parecia um tolo bebendo chá calmamente em uma poltrona enquanto podia fazer coisas tão cruéis em momentos tão destoantes daquele, ou que obrigações o aguardassem. A conexão visual era como um toque físico e suave, algo reconfortante, como se ela soubesse como era importante Azriel ter algo que lembrasse a mãe ali, com ele.

Ela sorriu para ele e foi uma das coisas mais lindas que já tinha visto. Ele sorriu de volta, provando a bebida quente que lembrava sua querida mãe.

— Obrigada por isso... — ela acenou no espaço entre eles. Se ela dizia sobre o chá ou sobre eles, Azriel não saberia afirmar.

Ele inclinou a cabeça levemente — É bem vinda sempre que quiser. — um sorriso se espalhou pelo rosto da Sacerdotisa. — Mesmo que não bata na porta.

Ela virou o corpo, deixando a xícara sobre a mesa e o encarando de frente.

— Você não me assusta Encantador de Sombras. — Gwyn disse determinada.

O peso daquelas palavras o comoveram. Azriel manteve a expressão neutra em seu rosto, apenas um brilho divertido no olhar.

— Preciso me esforçar um pouco mais então.

— Ou precisa parar de tentar. 

Gwyn & Azriel, a Sacerdotisa e o Encantador de Sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora