Capítulo 1- A Reveladora da Verdade

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O Encantador de Sombras e a Sacerdotisa. O anjo da morte e àquela beijada pela luz. O guerreiro frio que só queria um amor, a guerreira que não se deixou quebrar. O illyriano e a valkyria. A escuridão da noite e a luz das estrelas. O conforto para duas almas.

Nota da autora: Cada capítulo uma one-shot diferente de momentos que sinto que tenho que escrever sobre Gwyn e Azriel. Me acompanhe no twitter @GwynrielStan.


Azriel estava sentado em um canto perto da janela, no andar onde os treinamentos aconteciam, o vento gelado batia em seu rosto como um amortecimento reconfortante mas raios de sol despertavam além. O olhar focado enquanto passava a lâmina de sua adaga pela pedra cinza chumbo, afiando a Reveladora da Verdade. Uma pequena caixa com objetos destinados para essa função ao seu lado, vários gastos, como se ele tivesse feito isso tantas vezes que nem mais se lembrava. As runas reluziam entalhadas no cabo e suas sombras pareciam se esconder para longe da janela, recuando para seu ombro esquerdo. Covardes. Ele pensou com divertimento.

Foi o seu cheiro, não suas sombras, que o alertaram de sua presença. Um delicioso e adorável cheiro, enquanto passos cautelosos preenchiam o ambiente e se aproximavam dele. Ergueu o olhar para encontrar olhos curiosos e brilhantes.

– Gwyn. – fez um pequeno aceno com a cabeça enquanto ela encarava seu rosto, passando para seu ombro esquerdo, um pequeno sorriso despertando em seus lábios, enquanto voltava o olhar ao seu.

– Azriel. – ela acenou com a cabeça em resposta. Suas sombras arriscando um flutuar em direção a luz para se aproximar dela, ao ouvir o som do nome dele em seus lábios. – Então é aqui que está escondido enquanto todos estão na Casa do rio.

– Não estou escondido – disse ele estreitando os olhos. Parando para testar a lâmina em seu polegar, verificando se estava afiada o suficiente, do seu gosto. Virou a lâmina e recomeçou do outro lado.

– Cassian disse que gosta de se esconder aqui – diversão colorindo sua expressão.

– Meu irmão tem a tendência de falar mais do que deve – sua voz querendo soar irritada mas de certa forma envolvida com carinho, por conhecer bem demais seu temperamento e não realmente se aborrecer com ele.

Por um momento Gwyn sentiu um aperto em seu peito, sentindo falta desse afeto, precisando de sua irmã com ela, todos os dias.

Azriel ergueu o olhar novamente, parando seus movimentos mais uma vez. E aquele olhar tão triste nublava sua expressão, um que não combinava com o jeito vibrante de sua personalidade, e um olhar que ele sentiu um desespero repentino de simplesmente tirar de seu rosto.

- Gwyn? – disse ele, a voz quase um sussurro, enquanto inclinava a cabeça e mantinha o olhar neutro, nada de pena, ele também não gostava quando lhe dirigiam essa expressão. E Gwyn era muito mais do que isso.

Ela olhou para seu rosto, depois para a janela, além. Onde o horizonte ao longe se perdia, o vento balançando mechas de seu cabelo. Sua voz, apesar de triste, muito clara.

– Eu sinto falta dela. Todos os dias. – ela suspirou. E não precisou falar sobre quem era. Ele sabia, conhecia sua história, ou uma parte dela.

– Eu sinto muito – ele disse. Se apavorou com a intensidade do quanto sentia muito.

Suas sombras flutuaram acima dos ombros do Encantador de Sombras, como se sentissem o peso das palavras dela. Gwyn olhou para elas, enquanto dava um passo para longe da janela e se aproximava. Como gavinhas elas vieram. Gwyn estendeu sua mão com cautela, então elas se enroscaram em seus dedos, em sua palma.

Gwyn & Azriel, a Sacerdotisa e o Encantador de Sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora