Capítulo 5: Detalhes

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Mais uma manhã chego ao enorme prédio onde se localiza a famosa UDF, estaciono o carro no estacionamento e sigo para a entrada, onde cumprimento o doce senhor que ali trabalhava.

Ao adentrar o recinto, percebo a agitação dos alunos — como em todas as manhãs. Calmamente, mas atenta, caminho até as escadas que levam ao primeiro andar.
Assim que chego ao andar superior encontro a minha amiga conversando animadamente com um rapaz, curiosamente ele me lembra... não, não pode ser ele!

— Talita! — exclama a morena assim que me avista, o que faz o homem virar para trás e seu olhar se encontra com o meu.

Sim, era ele! O famoso Tyler que a Maressa não parava de falar sobre e que tinha olhos verdes penetrantes.

— Oi! Bom dia! — sorri timidamente e me aproximei.

— Bom dia, amiga! — me deu um rápido abraço — Olha que incrível, o Ty agora é nosso colega da facul! — comentou eufórica, como sempre.

— Realmente é uma boa notícia, meus parabéns! — congratulei — Qual é o seu curso?

— Advocacia. — sorriu sem mostrar os dentes — E você? Acredito que não seja o mesmo que a minha prima.

— Medicina nunca foi uma opção para mim. — confesso com um sorriso brincando no rosto — Estou cursando Pedagogia.

— A Talita tem a paciência de Jó, somente assim para aturar aqueles pequeninos. — disse minha amiga, em tom de zoação.

— Não é para tanto! Tenho dó de seus futuros pacientes. — rebati.

— Corajosos são aqueles que serão atendidos pela Dra. Maressa. — disse o rapaz entrando na brincadeira.

— Ha-ha-ha! Julgo que estão em cursos errados, deveriam estar na faculdade de humoristas! —cruzou os braços fingindo estar zangada — Vou para a aula, ganho mais com isso. — saiu pisando firme.

— Ela leva tudo para o coração. — digo contendo o riso.

— E depois diz que não é dramática. — comentou o rapaz, e não contive o riso.

Recuperada da crise de risos, cada um seguiu para sua sala. Antes, marcamos de almoçarmos juntos, então envie uma mensagem para minha dramática favorita avisando-a.

No intervalo de uma aula para outra, verifiquei se havia alguma mensagem da minha amiga. Por mais incrível que pareça, ela concordou em ir conosco sem nenhuma crise de drama.

Quando a última aula terminou, organizei meus materiais e fui à procura da minha amiga. Encontrei-a próxima à saída conversando com um rapaz alto e moreno, ela estava muito sorridente para quem conversava com um desconhecido.

— Minha mãe sempre falava que ouvir a conversa dos outros é errado, agora observar é extremamente esquisito. — ouvi uma voz grave e rouca atrás de mim, me fazendo saltar pelo susto.

— Sangue de Jesus tem poder! — viro-me para trás com o coração acelerado — Já minha mãe diz que assustar os outros também é errado! — rebato com ironia.

Antes que o Tyler pudesse responder, minha amiga se aproximou e decidimos ir a um restaurante que fica aqui perto.
O almoço fora repleto de conversas e revelações, não sabia que esses dois juntos quase derrubaram uma casa — literalmente.

💕💕💕

Na volta para casa comprei uma cesta artesanal, uma muda de plantas e algumas coisas que a dona Emília gostava. Chegando em casa tomo um banho e visto um vestido leve de ombro-a-ombro, organizo as coisas na cesta e dirijo até a residência da senhora mais doce que conheço.

Toco a campainha e instantes depois uma mulher de altura mediana, loira e com sorriso simpático abriu o portão de cor prata.

— Talita, que prazer revê-la! — Saúdo-me.

— Igualmente, Ana! — lhe abracei rapidamente.

— Entre, por favor. — Deu-me passagem — Mainha está na sala. — informou.

Entrei na casa, nem tão grande, nem tão pequena, e encontrei a versão mais velha da Ana. Ao perceber minha presença a senhora de cabelos grisalhos sorriu e veio ao meu encontro.

— Minha bonequinha, ao que devo a honra de sua presença? — perguntou me envolvendo em seus braços.

— Vim ver como minha avó postiça está. — correspondi seu abraço — Estava com tanta saudade.

— Também estava, querida. — afastou-se para analisar meu rosto — Está se alimentando bem? E os estudos, como vai?

— Está tudo bem, graças a Deus! — Sorri de sua preocupação — Não deve se preocupar comigo agora. Como está sua saúde? — perguntei receosa.

— Minha saúde está nas mãos do Senhor, querida. Faço os tratamentos, mas o destino da minha vida está em Suas mãos. — respondeu e esboça um largo sorriso.

A dona Emília foi diagnosticada com Osteoartrite, tipo de artrite que desgasta o tecido de proteção nas extremidades dos ossos causando dores articulares. Infelizmente não há cura, apenas tratamento — ou cirurgias — para ajudar nas dores.

Mesmo passando por esse vale, em nenhum momento vi essa senhora forte abandonar sua fé e esse belo sorriso em seu rosto. A Ana, sua filha, escolheu voltar a morar com a mãe para certificar-se que ela estava cumprindo corretamente o tratamento.

Duas mulheres com histórias fortes e admiráveis, sinto-me lisonjeada em passar uma tarde na companhia de ambas.
Quando o crepúsculo da noite estava começando a cair, optei por retornar para casa. Afinal, encarar o trânsito dessa cidade pela noite era frustrante.

Fiz meu trajeto até em casa refletindo sobre hoje, um dia extremamente fora do comum, porém, especial. São os detalhes que tornam nossos dias inesquecíveis, alegres e especiais.
Como um bom exemplo: admirar o pôr do sol ao som de Paulo César Baruk; ou apenas partilhar histórias com alguém importante, assistir aquele filme que tanto gosta, ou, até mesmo, dançar em frente ao espelho.

Como diz a Marcela Taís: "se a gente juntasse as pequenas alegrias seriamos felizes todos os dias". Hoje minha alegria se intensificou quando recebi uma ótima notícia, passei na seletiva para estagiar em uma escola do jardim de infância.

Posso dizer que dormirei com um sorriso no rosto de tamanha alegria e gratidão. Portanto, agradeço Aquele que me proporciona tais dádivas.

 Portanto, agradeço Aquele que me proporciona tais dádivas

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