É mais que um poema

Capítulo 22 - DANCING IN THE MOONLIGHT

Durante os pouco mais de três minutos em que aquela música tocava, permaneceram juntas ali no mar, beijando-se, abraçando-se, estampando uma felicidade absurda em cada sorriso que se abria entre um beijo e outro, entre um passo de dança improvisado e um golpe inesperado das ondas que pareciam chegar com mais força.

Juliana conseguiu se desprender do medo que tinha das águas, apesar de não estarem numa área muito profunda. Nos braços da sua Valentina parecia nem se lembrar que estava mergulhada no mar.

Valentina devorava os lábios da sua morena, na mesma medida que ficava admirando seu rosto perfeito enquanto se afastava por milésimos de segundos para recuperar o fôlego.

Àquela altura já estavam completamente encharcadas, mas não se importavam nem um pouco, até porque na realidade sempre tiveram uma quedinha por beijos molhados.

As ondas que iam bagunçando seus vestidos, e levando embora os medos de Juliana, foram pouco a pouco arrastando-as para o lado sem que percebessem. E em alguns minutos a distância confortável que tomaram da festa foi diminuindo, até ficarem no campo de visão mais próximo dos convidados, e serem surpreendidas por uma voz, que diferentemente das outras vezes que assustou Juliana em vão, agora estava realmente direcionada a elas.

S: Mas o que danado tá acontecendo aqui? - dona Sônia exclamou surpresa, enquanto se aproximava do mar e observava as duas beijando-se apaixonadamente entre as ondas.

Ambas tomaram um susto ao ouvir aquela voz, principalmente por não terem percebido que tinham se deslocado tanto dentro da água, e se reaproximado da festa.

Valentina precisou de alguns segundos para se recompor e se desconectar do universo só delas, dando-se conta de que não estavam lá sozinhas.

Juliana por sua vez, não precisou nem de alguns segundos para paralisar completamente ao ouvir aquela voz vindo em sua direção. E parece que todo o medo que as ondas tinham momentaneamente carregado para longe, trouxeram de volta ao retornarem para o mar. E ela segurou a mão de Valentina com tanta força, que Valentina imediatamente lembrou da conversa que tiveram anteriormente e percebeu que aquele aperto com uma força exagerada carregava todo o temor que deixara Juliana altamente desconfortável instantes atrás.

Valentina apertou sua mão de volta, com a mesma força, tentando passar naquele aperto toda segurança e conforto que queria, e olhou firme para Juliana praticamente berrando com seus belos olhos azuis "tá tudo bem!"

Permaneceram ali de mãos dadas, com Valentina colocando seu corpo um pouco mais à frente do de Juliana, durante o pequeno instante entre a exclamação de dona Sônia e a chegada dos noivos, que também se aproximaram observando as duas ali no mar. Para Juliana pareceu uma eternidade silenciosa com flashs do seu passado correndo em timelapse pela sua cabeça. Mas foram apenas frações de segundos até o noivo falar antes que elas precisassem responder a pergunta retórica da mãe.

R: Mas como é que eu não tive essa ideia primeiro heim? - Rafael levantou repentinamente a, agora esposa, Amanda, e pulou para dentro do mar com ela em seus braços, sem nem se dar ao trabalho de evitar que a água respinguasse na sua mãe, que não demorou muito para mergulhar também.

E toda a energia que os convidados estavam liberando em forma de dança na areia, pouco a pouco foram transferidas para as águas. Aos pulos, saltos e rodopios, os demais familiares que ainda estavam dançando e aproveitando a festa, viram aquela movimentação na água e iam se aproximando.

As melhores do frevo já começavam a tocar, indicando que a festa já se aproximava do final. Juliana continuava assustada, segurando forte a mão de Valentina, e apesar de ter entendido o clima descontraído do momento, continuava paralisada.