Capítulo 14 - NOITE DO SUSHI

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Como combinado, Valentina logo se mudou de vez para o apartamento de Juliana. Na verdade, não tinha muito o que levar, já que estava no Rio de Janeiro só de passagem.

E as semanas seguintes passaram em um piscar de olhos. Tudo era tão estupidamente natural, como se já dividissem uma vida inteira juntas. E com Miguel não foi diferente. Se adaptou muito rapidamente àquela nova rotina a três.

Um mês se passou. Desfrutaram de muitos momentos juntos. Viajavam para a praia nos fins de semana, tomavam café da manhã juntos praticamente todos os dias. Caminhadas nos parques, muitas idas ao cinema, e muito mais cinemas em casa. Valentina não precisou se esforçar para cuidar de Miguel como se também tivesse se tornado responsabilidade sua. O fazia com a maior naturalidade e satisfação do mundo. E, mesmo que inconscientemente, sua presença foi extremamente importante para a adaptação de Juliana a essa nova vida com novas responsabilidades. Tudo ficou mais fácil.

O segundo mês dividindo o mesmo lar passou tão rápido quanto o primeiro. Continuavam na mesma sintonia. Como numa eterna lua de mel. E até mesmo os desentendimentos, nas pouquíssimas vezes que aconteciam, eram tão naturais e simplesmente fortaleciam cada vez mais o laço que se formava entre elas.

Já estavam entrando no terceiro mês juntas. Foram semanas escancaradamente iluminadas. Faziam de tudo juntas. Tinham uma rotina verdadeiramente familiar com Miguel, mas também conseguiam ter seus momentos particulares e desfrutar da companhia apenas uma da outra. Conversavam sobre tudo.

Apenas um assunto era proibido.

O retorno de Valentina para sua cidade natal.

Firmaram um acordo silencioso de não tocar nesse assunto. Simplesmente não se falava sobre isso. Optaram por fingir que aqueles pouco mais de três meses seriam eternos. Talvez não tenha sido a melhor solução. Mas foi a melhor solução que encontraram no momento.

Faltavam apenas três semanas para acabar a estadia de Valentina no Rio. Bom, pelo menos para que o professor Carlos reassumisse as turmas que estavam sob seu comando temporário.

V: Oi Cláudia, tudo bem? - Valentina acenou simpaticamente para Cláudia, que tinha ido buscar o filho na aula de natação.

C: Oi Valentina! Tudo bem! - Cláudia correspondeu a simpatia

V: Eu queria muito falar com você. - disse Valentina se aproximando.

C: Claro. Querido, me espere ali um pouquinho que eu já vou - mesmo sem saber do que se tratava, respondeu gentilmente, orientando o filho a esperar na porta de entrada da academia para não participar da conversa.

V: É... desculpa, eu fico até sem jeito de falar, mas é que eu não tenho contato com nenhuma outra mãe por aqui... - começou Valentina visivelmente constrangida - Será que você se importaria se Miguel fosse dormir na sua casa amanhã?

C: Oh! Claro que não! Eu adoro aquele garoto. Pode ir sim, com o maior gosto! Rafa vai adorar! Mas... tá tudo bem com Juliana?

V: Sim, sim. Tá tudo bem. É que... - Valentina parecia ainda mais nervosa sem saber qual justificativa apresentar.

C: Tudo bem Valentina, eu tô sabendo que... vocês estão... juntas. - disse Cláudia percebendo os motivos por trás do constrangimento de Valentina, e deixando claro, mais uma vez da forma mais gentil possível, que era uma amiga com quem elas podiam contar.

Apesar de tamanha gentileza e carinho da mãe do pequeno Rafael, Valentina continuou um pouco envergonhada.

V: Ah... é que... bom, a gente sabe que nem todos os pais levam isso com tranquilidade, então... tentamos ser o mais discretas possível. Eu só queria preparar uma surpresa pra ela amanhã. - continuou Valentina ainda encabulada.

É mais que um poemaOnde histórias criam vida. Descubra agora