Capítulo 6 - NOS BRAÇOS DE UM ANJO

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Cláudia: Oi Juh, desculpa ligar tão tarde...

J: Tá tudo bem Cláudia? Aconteceu alguma coisa com Miguel? - interrompeu Juliana cada vez mais nervosa.

C: Não, tá tudo bem Juh. Desculpa ter te assustado. É que ele teve um pesadelo, e tá pedindo pra voltar pra casa. Eu tentei distrair ele, mas ele quer porque quer ir pra casa. E... eu não posso sair agora pra levá-lo porque os outros garotos tão aqui, você se importa de vir buscar? - completou Cláudia com a voz tranquila.

J: Não, claro que não! Vou agora mesmo! Em 15 minutos chego aí! - disse Juliana ainda muito nervosa, desligando o celular, já procurando sua bolsa e a chave de casa pra ir correndo buscar o garoto.

V: Aconteceu alguma coisa Juls? - perguntou Valentina um pouco assustada porque a cara de Juliana não era das melhores.

J: Ele teve um pesadelo... não tá conseguindo dormir, e tá pedindo pra vir pra casa. Eu vou buscar ele agora mesmo.

V: Ah, então vamo no meu carro, eu vou com você. - disse Valentina mais tranquila por saber que nada de grave tinha acontecido, enquanto procurava a chave do carro.

J: Não dá, a gente tava bebendo...

V: Eita... é mesmo.

J: Mas não tem problema, eu tenho um amigo Uber que trabalha de madrugada e deixou o contato comigo pra qualquer urgência. - disse Juliana ainda muito nervosa, virando-se já para sair do apartamento.

V: Ah ótimo então! Ei! Espera! - disse segurando o braço de Juliana - Eu vou com você!

Por mais que o toque de Valentina sempre lhe trouxesse boas sensações, Juliana estava nervosa demais para sentir qualquer outra coisa naquele momento.

O silêncio prevaleceu nos poucos mais de 15 minutos percorridos à caminho da casa de Cláudia. Valentina já tinha descoberto mil e uma facetas daquela mulher que entrou na sua vida repentinamente. Já tinha visto o cansaço no seu olhar, logo que se conheceram, já tinha enxergado uma fragilidade e uma força imensa dividindo espaço naqueles maravilhosos olhos pretos, mas ainda não tinha visto tanto medo. Estava de certa forma preocupada, porque tinha entendido o quanto toda aquela situação era difícil para Juliana, mas não esperava encontrar tanto medo no seu olhar.

Juliana olhava fixo pela janela do carro, enquanto balançava a perna externando seu nervosismo.

V: Ei! Ele tá bem. Criança é assim mesmo... vai ficar tudo bem viu? - disse Valentina estendendo sua mão sobre a perna trêmula de Juliana para tentar acalmá-la.

Juliana apertou a mão de Valentina, com a força proporcional ao medo estampado no seu olhar. Estava gelava.

No caminho de volta, Juliana parecia um pouco mais calma com o garoto nos braços, que não demorou muito para adormecer tranquilamente. Ele só estava precisando daquele colo. E ela ofereceu como se fosse o bem mais precioso daquele momento. O abraçava com tanta força, como se alguém estivesse querendo tirá-lo de perto dela, que o pequeno ficou até com os braços vermelhos.

Subiram para o apartamento com o garoto já dormindo profundamente em seus braços.

J: Eu vou colocar ele na cama.

V: Tá, tudo bem. Eu vou tirando as coisas da varanda.

Valentina ficou arrumando a varanda enquanto eles foram para o quarto. Depois de alguns minutos sem Juliana volta para a sala, foi se certificar de que estava tudo bem. Ela tinha adormecido também, encostada na cabeceira da cama, com o garotinho nos seus braços. Ainda o abraçava com força. E por mais que estivesse dormindo, a expressão do seu rosto se manteve. A testa franzida, como se nos seus sonhos também estivesse igualmente assustada.

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