Capítulo 26 - COINCIDÊNCIAS DESAGRADÁVEIS

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Aparecida: Eu vou entrar de recesso agora, e só volto no ano que vem. Seu caso vai ficar em boas mãos, mas eu precisava vir falar com você urgente, antes de me ausentar... - Dona Aparecida começou falando com Juliana enquanto se sentava no sofá.

J: Aconteceu algum problema? - ela perguntou, cada vez mais apreensiva.

Aparecida: O pai apareceu. Eu não sei muitos detalhes ainda. Mas sei que ele entrou em contato com meu assistente. Então... Eu achei melhor vir falar com você pessoalmente, pra você não ser pega de surpresa.

Juliana não esboçou nenhuma reação. Permaneceu olhando para Dona Aparecida, mas com o olhar distante, como se não tivesse prestado muita atenção no que havia sido dito.

V: Não... peraê! A senhora acha mesmo que o cara que nunca apareceu na vida, além de ser muito estranho aparecer só agora... é sério que ele pode causar algum problema pra Juls? - Valentina perguntou diretamente à Dona Aparecida, visivelmente indignada pela notícia e também por notar que Juliana não esboçava nenhuma reação.

E Juliana permaneceu assim.

Aparecida: Não sei... tudo é possível... Mas ainda é muito cedo pra se preocupar agora. - ela respondeu olhando para Valentina gentilmente - Você entendeu o que eu falei, Juliana? - depois retornou o olhar preocupada com a falta de reação de Juliana.

Juliana apenas balançou a cabeça afirmativamente, mas ainda com o olhar distante.

Aparecida: Eu não sei quando isso pode acontecer... mas se ele procurou o Conselho, muito provavelmente vai procurar você também... Então eu só queria vir aqui pra deixar você preparada pra isso, ok?

Juliana soltou um risinho de leve, daqueles que soltam um arzinho pelo nariz. Daqueles que podem significar um aborrecimento extremo ou uma risada encabulada. E foi mais do que suficiente para que Dona Aparecida e Valentina entendessem finalmente o que já tinha acabado de acontecer.

Valentina arregalou os olhos e olhou espantada para a porta, depois voltou o olhar para Juliana, com uma expressão de "não acredito!" que já falava por si.

Aparecida: Hmmm... isso explica muita coisa! - Dona Aparecida exclamou aliviada, ao ter entendido perfeitamente o estado exageradamente nervoso de Juliana minutos atrás. - Mas minha querida, você não precisa se preocupar agora tá? Vai dar tudo certo. - ela continuou falando diretamente para Juliana, enquanto pegava sua bolsa e começava a se levantar demonstrando que veio de fato para uma visita bastante rápida. - Eu tô de recesso, mas você sabe que pode contar comigo pra alguma urgência, tá? Mas não se preocupe, de verdade, que seu caso vai ficar em boas mãos nessas próximas semanas. E vai ficar tudo bem.

J: Obrigada, Dona Aparecida. Por ter se deslocado até aqui só pra me alertar sobre isso... Muito obrigada mesmo. E eu acredito que vai ficar tudo bem sim. - Juliana respondeu calmamente, totalmente o oposto da Juliana de minutos atrás, levantando-se também, e indo em direção à porta.

Dona Aparecida foi embora depois de deixar um abraço afetuoso em Juliana, que fechou a porta do apartamento logo em seguida, e desabou.

Resistiu até o último instante. Guardando um grito angustiado e um choro aflito dentro do peito que não conseguiria mais segurar. Nem mesmo a presença "surpresa" de Valentina parecia surtir efeito naquele momento.

Ela virou-se de costas para a porta e desabou no chão deixando ir embora toda a força que tinha usado naqueles instantes anteriores.

Se encostou na porta com as pernas encolhidas, abraçando-as como se aquilo ajudasse a amenizar de alguma forma a dor que sentia no peito.

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