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 — Meu pai não tem magia?  

— Muitos seres de Tem magia adormecida, então se ele tem ou não, nós não sabemos. 

— O que faremos? — Perguntei.

—  Por enquanto estão protegidas aqui. — Disse Asgar.

—  Precisamos abençoar a terra no Sabbat ou não haverá prosperidade. — Disse Jude.

— Se a floresta é protegida podem fazer aqui. —  Falei. 

— Ela é protegida até demais, daqui nada sai nem mesmo a benção delas. — Disse Asgar

— Então. . .

—  Terão que ter muito cuidado. — Disse Ib. 

— Podemos ver como estão as coisas, arrumar um local seguro para ambas fazerem o ritual. — Disse minha mãe. 

— E quanto a guerra? — Perguntou Lucy.

Minha mãe a olhou sem uma resposta. Asgar olhou para Ibsen. 

— Lutaremos, pois este é o nosso lar! — Falei. — Vamos Protege-las e vamos dar um jeito nesse Riaj, nem que eu tenha que morrer para mata-lo.

Judi pegou minha mão.

— Não entende, sempre haverá outro.

— O bem não sobrevive sem o mal e o mal sem o bem. Há um equilíbrio. — Disse Lucy. — Quando um vence ele não vence de verdade, nunca tem um fim. 

— A vida é isso uma constante luta entre o bem e o mal. — Disse minha mãe. — E tudo o que a gente quer é viver em paz. 

— É tudo o que mais quero! —  Disse Lucy. Judy lhe sorriu. 

— Precisamos volta Lian. — Disse minha mãe. — Vocês vão ficar bem, dou minha palavra que estão nas mãos dos melhores seres de Aiti.  

— Sabemos! — Disse Judy. 

—  Esperem primeiro eu e Tija fazermos um rastreamento pra saber se a floresta está segura. — Disse Asgar indo pegar as mãos da minha mãe. — E. . . Eu acho que está na hora de você voltar a ser o que era antes, estamos todos em perigo se eles tem esse tipo de armas, não a quero desprotegida. 

Minha mãe respirou fundo e assentiu.

— Tens razão. — Ela passou a mão em seu rosto e encostou a testa na dele. — Vamos ficar bem!

— Vamos!

Minha mãe saiu e nós de trás. Ela abriu os braços.

— Mi sangre es tu sangre. Mi magia es tu magia. Devuélveme la magia que tomaste prestada.

O vento soprou forte e eu abri os braços para proteger Judy e Lucy com meu corpo. Folhas rodopiavam ao redor dela, raizes de luz dourada vindas da floresta rasteiras na terra começaram a subir pelos pés da minha mãe e um clarão nos fez cair pra trás, minha mãe não estava mais ali e sim uma gigante ave de rapina de plumas negras abriu suas asas. 

— Que saudades minha irmã! — Disse Asgar indo até ela que voltou a ser minha mãe. 

— Eu que estava com saudades de voar, agora precisamos ir, com a magia de volta sinto que há algo errado. 

— Vou verificar . . . 

— Eu vou voando, Liam volte em sua forma magica. 

— Eu. . . vou tentar. — Olhei pras duas que eu não queria deixar pra trás. 

— Vá leãozinho! — Disse Judi me deu um beijo na bochecha deixando-me com o coração acelerado. 

— Corra de volta para nós! — Disse Lucy dando um soco em meu braço que fiquei esfregando o braço com a pele arrepiada. 

— Eu volto! — Só não sei como voltar a virar um leão. dei alguns passos e minha mãe transformou-se e tomou o céu em um impulso. Olhei para trás e corri pela floresta tentando achar aquele fio que me transformou, pensei no beijo das duas e ali senti a magia ferver e assumi o que eu era por dentro. Rugi para que elas me ouvissem. Asgar surgiu correndo ao meu lado.

''Boa garoto''

''Volto amanhã cedo tio, quero treinar minha magia''

''Estarei esperando, vem, me acompanha, por aqui o caminho é mais curto.'' 

  . . .

Voltei ao festival abandonado. O sol já arroxeava o céu. Encontro algumas pessoas mortas  no local com marca de dentes no pescoço, puxei minha magia voltando a me transformar, virei uma moça jovem de vestido verde, seus olhos abertos e sem vida, fiquei com ela em meu colo pensando que poderia ser uma das minhas garotas. A mão de minha mãe pousou em meu ombro.

— Isso é só o começo meu filho, a guerra nos transforma. . .

Sem dizer uma palavra me levantei com ela no colo, sua cabeça pendeu, mas eu não poderia deixa-la ali. Caminhei pelo vilarejo com uma vida podada em mãos, quantos sonhos lhe foram tirados? quantos planos ela tinha. O dia nascia e uma filha partirá. As pessoas começavam a sair de suas casas, olhando para um mim. Estou arrasado por não ter feito nada para salva-la, caminhei pelas ruas até uma porta se abrir num rompante e seus pais correrem desesperados, a mãe se jogou ao chão tomada pelo desespero e ali, onde um dia já foi seu porto seguro, hoje não mais, depositei o corpo de sua filha em seu colo e ela e o pai a abraçavam com tanto fervor  como se aquilo fosse a trazer de volta. Eu queria pedir perdão por não ter feito algo por ela. Foi somente quando a mulher tirou os cabelos grudentos de seu rosto eu a reconheci. Kary. Hoje seria o dia do aniversario dela. Minha mãe novamente pousou sua mão em meu ombro, me puxando. 

— Sinto muito! — Falei ao corpo de Kary.

Me virei para ir embora com os sentimentos em confusão, sua mãe então falou;

— Era. . . Era o sonho dela ser carregada por vossa alteza. — Virei para olha-la. — Vestida . . . de noiva . . . — Ela respirou fundo e sorriu amargamente. — Em partes. . . o sonho foi realizado. . . Obrigado!

— Não me agradeça, eu não mereço. — Dei as costas pois não aguentava mais olhar pra aquela cena.— Fique com os Deuses! 

Fui pra minha casa acompanhado pela minha mãe louco por um banho e cair em minha cama e acordar deste pesadelo. 


Entre a Flor e o EspinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora