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Ao crepúsculo sai com minha mãe, ela me fez usar capa e capuz. Passei a tarde me perguntando se assustei as irmãs com a história de Hakon.
— Está tão calado. — Comentou minha mãe.
— Onde estamos indo?
— A floresta de sangue. — Sussurrou ela.
— Está doida mãe? Se um daqueles monstros despertar estaremos mortos e. . .
— Fique calmo filho, nosso sangue é a chave para entrar aqui sem sermos incomodados.
— Como isso é possível?
— Você já vai entender.
— O quê fazemos aqui? — Sussurrei ao sentir um arrepio na pele.
— Preciso falar com a antiga, eu só não fui com seu pai pra tentar descobrir alguma coisa sobre. . . as divindades. — Sussurrou.
Ao atravessar a ponte negra os cavalos começaram a ficar irritados, quase tentando dar volta, apenas o comando das rédeas curtas não bastava, tinha que praticamente usar meu corpo com impulsos para que andasse e pressionar mais os pés sob suas virilhas.
— Mãe. . . sabe onde estamos indo? — Sussurrei.
— Sei. — Disse ela calmamente.
As folhas vermelhas caídas no chão lembravam sangue por isso o nome da floresta, o vendo soprou, mas não vi nenhum galho, e nenhuma folha se movimentar.
''Quem ousa perturbar a paz desta floresta?''
Perguntou uma voz antiga e cruel, meu sangue gelou.
— Sou filha desta floresta, mi sangre es tu sangre.
''O que deseja filha minha?''
— Desejo falar com Ibsen!
"Por aqui minha filha''
As folhas do chão pareceram serem sopradas, mostrando um trilho de terra preta. Minha mãe seguiu a frente, de esguelha vi vultos entre as árvores que faziam o coração bater tão forte que chegava a me ensurdecer. No final da trilha um casebre com luzes tremeluzentes.
— Ibsen? — Perguntou minha mãe descendo do cavalo.
Desci rápido para acompanha-la, segurei o cabo de minha espada com força caso precisasse defender minha mãe, mas ela segurou meu pulso e negou com a cabeça.
— Djipsy? — Perguntou uma voz jovem de dentro da casa.
— Olá Ib?!
Uma jovem saiu a porta e sorriu para minha mãe. Linda, cabelo branco como nuvens que sóse vê em anciões.
— Que bons ventos a trazem Dji? — Disse ela vindo pegar as mãos de minha mãe.
— Não são tão bons. — Mamãe ergueu a mão para mim. — Ibsen este é meu filho mais velho.
Ela me sorriu, com um migro cristal cintilando em seu dente canino.
— É um prazer senhora. — Fiz uma pequena reverência.
— Um lindo rapaz! — Disse ela. — O prazer é meu jovem, venham tomar uma xícara de chá, acabei de fazer biscoitos temperados.
A seguimos para dentro do pequeno casebre. Eu queria dar passos para trás quando entrei ali, era impossível o que meus olhos viam, por fora o casebre mal parecia ser mais de apenas uma pequena peça arredondada, já por dentro era uma enorme sala cheia de portas. Entramos em uma sala cheia de cheiros e sons tilintantes. Uma cobra rastejou subindo por sua perna e eu quase fiquei sem ar.