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HUA CHENG
A escuridão o esperava. A cada passo que descia na direção do Submundo, Hua Cheng conseguia sentir sobre sua pele o sopro invisível daquele lugar como uma tatuagem que nunca sumiria — era eterno, as memórias que tinha ali, a sua culpa — e ele tentou não olhar para trás enquanto pisava nos degraus de pedra úmida, seus passos reverberando. Ele tentava não olhar para trás, porque sabia que Xie Lian estava atrás daquelas paredes maciças de pedra e granito, e que bastaria um único movimento para voltar para ele.
Hua Cheng não olhava para trás porque precisava salvar o seu irmão das garras terríveis de Bai WuXiang. E ele não iria ter paz enquanto não fizesse isso. Até agora, horas e horas desde que vira Hong Er ser sugado por aquele portal de escuridão, ele não conseguia perdoar a si mesmo. Não compreendia como tinha sido tão descuidado, sequer como pôde permitir que seu irmão tenha sido capturado.
Durante toda a sua vida, Hua Cheng se responsabilizou com tudo que acontecia com seu irmão, porque, de certa forma, se sentia em dívida com Hong Er. Naquele dia, tantos anos atrás, quando foram pegos por Bai WuXiang naquele campo cinzento e Hua Cheng apenas conseguiu observar enquanto seu pai arrancava o olho de seu filho mais novo, e então o colocava em Hua Cheng... naquele dia, ele soube que nunca iria se perdoar. Ele sempre teria que fazer o seu irmão feliz, sempre estaria ali por ele, mesmo que estivesse de pé sobre cacos de vidro.
Aquilo era o amor, acreditava Hua Cheng. Você continua, e tenta de novo, e continua se esforçando para permanecer forte em mundo que puxa você constantemente para trás, e, às vezes, a única coisa que o mantém preso no mundo é uma única pessoa.
Agora, ele tinha duas.
Três, se contar Ruoye.
Mas mesmo assim...
Hua Cheng desceu o último degrau, e ficou parado num ponto idêntico com o qual eles fugiram do Submundo na última vez. As pedras eram iguais, aquele concreto vermelho como sangue, marcado por aquelas veias de luz dourada que iluminavam todo o Submundo. Hua Cheng, estranhamente, não se sentia mais em casa. Aquele lugar havia deixado de ser a sua casa há muito, muito tempo.
Ele cerrou os punhos. Precisava encontrar Hong Er. A ansiedade de sair com seu irmão dali era algo que borbulhava dentro de si, como as águas agitadas de um oceano. Eu sou a rocha, ele pensou. Hua Cheng sugou o ar para os pulmões, e estalou os dedos, o eco do som reverberando pelo seu corpo. Ele sentiu aquela fonte de poder dentro de si, como uma espécie de buraco negro. Era infinito, e ao mesmo tempo, não.
Hua Cheng sentiu as veias agitarem-se com a premissa daquele poder, aquela sensação de arrepio e expectativa que sempre o atingia quando utilizava seu poder. Em um impulso, sentiu o braço direito tensionar, e então, o esquerdo. Ele olhou suas mãos. Fios negros de poder rodeavam seus dedos, como um emaranhado de piche que apenas ele poderia conjurar — ele e seu irmão —, e em seguida, cerrou o punho, controlando-os.
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ETERNITY | WangXian
Fanfiction[FINALISTA DO THE WATTYS 2021] [CONCLUÍDA] Uma promessa eterna que os ligará para sempre. Moldados pela vingança. Atormentados pelo desejo. Wei WuXian é apenas um universitário com fama de hacker na República da China, uma sociedade futurística mov...