[35] 三十五

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WEI WUXIAN

Parecia um pouco mais frio do que Wei WuXian se lembrava de estar. Aquele fim de março estava longe de ser inverno — eram raios de sol que cortavam os prédios e as folhas nas árvores, não a neve branca e cegante. Era a chuva que escorria pelas ruas da República e molhava as janelas dos prédios. Era a mesma chuva que caía agora sobre a cidade e pingava gotas gordas de água sobre a enorme janela de vidro do escritório de Lan WangJi. Ao mesmo tempo que o som era revigorante como se uma orquestra convidada estivesse tocando apenas para ele, o coração de Wei WuXian retumbava em batidas completamente diferentes.

Estava nervoso desde que saíram da biblioteca, pouco mais que uma hora atrás. Ele não tinha exatamente porque ir para o seu dormitório já que seu irmão não estaria lá lhe esperando — Wei WuXian passava tão pouco tempo no dormitório agora, na verdade —, e o único bem que lhe importava era seu amado GeForce X98. Ele mal tocava no computador há um tempo, e sentia isso dentro de si. Aquele poço profundo e infinito de conhecimento da tecnologia que o conectara ao aparelho quando o comprara, agora era vazio e sem vida.

Ele suspirou. Wei WuXian estava com o livro que trouxera da biblioteca em mãos. A grossa capa de couro vermelho parecia escura como vinho à iluminação natural da República — nuvens cinzentas e chuva. Ele conseguia sentir o peso da biblioteca ainda sobre seus ombros, como se alguma parte dele tivesse ficado junto com os escombros da única oportunidade que eles tiveram de descobrir tudo. Não uma mísera parcela de conhecimento em livros — a complexidade inteira de uma cidade a qual ninguém parecia lembrar.

Wei WuXian apertou os dedos ao redor do tecido do livro sentindo as falhas e cortes na capa como se fossem cicatrizes de batalha. Alguns livros pareciam guerreiros. Lutavam contra o tempo, a adversidade e o preconceito daqueles que não conseguiam entender — naquele caso, o atual presidente da República. Por que a Primeira República era tão escondida e oculta? O que havia acontecido?

Quem foram aquelas pessoas?

— Wei Ying? — Lan WangJi o tirou de seus pensamentos. O seu namorado chegou ao seu lado, vestindo apenas uma larga camisa branca e calças moletom enquanto o rosto parecia ter sido esculpido. Os cílios estavam unidos como estrelas por causa do banho, e havia um pequeno rubor sobre suas bochechas que Wei WuXian teve que se controlar para não apertar. Não era o momento. — Como você está?

Bem, ele gostaria de dizer. Eu estou bem após ver uma foto datada de 200 anos atrás na qual eu tenho orelhas pontudas.

Ele fitou os olhos de Lan WangJi. Eram duas íris áureas, como se ouro derretido banhado pela luz do sol estivessem nas suas orbes. Wei WuXian nunca se cansaria de vê-lo, e a forma com o que olhava agora, com pequenos pontos brilhantes naquela imensidão dourada, fazia ele querer se jogar em cima de Lan WangJi em busca de conforto e proteção.

ETERNITY | WangXianOnde histórias criam vida. Descubra agora