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Eu não me lembro de muita coisa, mas sim de descer as escadas de minha casa e encontrar uma loira na sala, de costas para mim. Sina disse que sairia, então, quem é essa mulher? 

— Josh!

A pessoa se vira, revelando minha prima. Não pensei antes de correr em sua direção e abraçá-la. Não vejo Joalin a muito tempo, mas, quando envolvo meus braços em sua cintura, parece que nada mudou e ainda temos quinze anos. 

Me recordo de quando eu, Joalin, Sina e outras crianças estávamos em uma praia e brincando na areia, e eu joguei areia no meu olho sem querer. Comecei a chorar e Joalin me disse que eu ficaria bem e eu deveria tentar me acalmar. Ela me abraçou e, automaticamente, eu parei de chorar. Tínhamos oito anos, mas, naquela época, eu já sentia que Joalin seria uma pessoa muito importante na minha vida. 

E eu estava certo. 

— Jo, que saudade! — me separo do abraço. — Como você está? Como foi o intercâmbio no México? Como vai a tia? Como você entrou aqui? 

Ela ri e se senta no sofá. 

— Calma, uma coisa de cada vez. Estou ótima, o intercâmbio foi maravilhoso, minha mãe vai bem e quer te visitar e Sina me buscou no aeroporto. — sorrio. — E você, como está?

— Bem! Por que não me pediu para te buscar? 

— Eu te mandei mensagem mais cedo, mas você não viu.

Ah, é, a diretora pegou meu celular depois que recebi a advertência. Nada demais, ela irá me devolver amanhã. 

— Eu esqueci de ver — minto. Responder isso é mais rápido do que contar toda a minha história na diretoria. — Quer fazer alguma coisa? Sair ou ver um filme, você escolhe. 

— Na verdade, estou exausta, foi uma viagem longa. Mas podemos fazer algo amanhã. 

— Amanhã? Quarta? — Joalin assente com a cabeça. — Não posso, tenho que estudar com o Noah. 

— Noah? Quem é? — ela franze o rosto. 

Falei demais. 

Joalin consegue ser pior do que Sina no assunto "poucos garotos que conversam com Josh". É insuportável. 

— Não é ninguém. Vou para o meu quarto! — me viro para subir as escadas.

— Joshua, volta pra cá — olho para minha prima. — Senta aqui e me explica. 

— Ok — reviro os olhos e me sento no sofá. — Noah é da minha turma de química. Ele é péssimo  nessa matéria e eu vou ajudá-lo em um trabalho. Viu? Nada demais. 

— Vocês são amigos ou algo assim? Nunca ouvi falar dele. 

— Não. Noah mal me conhece e eu não gosto muito dele.  

— Então, se não gosta, por que está o ajudando? 

Eu sei que joguinho é esse. Ela quer entrar na minha mente, quer que eu mude de ideia sobre Noah e quer ter um motivo para juntar nós dois. Mas eu não vou jogar esse joguinho.

— Porque eu sou uma boa pessoa —Joalin dá uma gargalhada alta e tenho medo de que os vizinhos a escutem. — Ei, não ri, é sério. E amanhã ele virá aqui para fazermos o trabalho, então aja naturalmente. 

— Agir naturalmente é o que eu sei fazer de melhor. 

Não é, não.

Prince | NoshOnde histórias criam vida. Descubra agora