Eu não me lembro de muita coisa, mas sim de o dia ter passado rápido demais e era hora do jantar.
— Como foram seus dias? — pergunta Sina, enquanto eu mastigo a comida no meu prato.
— Foi bom, consegui terminar um trabalho de biologia e acho que fui bem. — Joalin responde.
— Falando em trabalho, eu preciso terminar o meu. — Consigo ver duas loiras sorrindo em minha direção. O que eu fiz? Elas estão me assustando.
— Josh, a Sina acha que você está usando o trabalho como desculpa para se aproximar do Noah, e eu concordo.
Só pode ser uma piada. Desde quando essas duas falam sobre mim?
— Isso não faz sentido. Eu nunca falei com o Noah antes de ele ser a minha dupla.
— Falou sim — olho para Sina com a sobrancelha arqueada. — Três anos atrás, eu e você estávamos em uma praça e nos encontramos com ele lá. Ele apenas disse "oi, gente" e eu lembro do seu sorrisinho bobo. Você passou o caminho de volta para casa inteiro elogiando-o.
— Como você se lembra disso? — Eu pensava que aquele momento tinha sido um sonho que somente eu lembraria. Odeio pensar que, um dia, eu fui assim.
— Naquela época, eu sabia que precisava lembrar desse dia para um futuro próximo. E ele chegou. — Sina sorri.
Eu não consigo pensar com clareza porque o som de Joalin gargalhando me incomoda. Tenho pena dos idosos que moram na casa ao lado.
— Não, ele não chegou. E eu não quero me aproximar dele, não tenho intenção alguma além do trabalho.
— É assim que começa... — Joalin cantarola, após tomar um gole de seu suco.
— Vocês duas não têm ideia do que estão falando e eu cansei de explicar. — as duas me olham debochadamente. — Olhem, o Noah vai vir aqui de novo amanhã, para terminarmos o trabalho. Eu preciso que vocês sejam as mais normais que conseguirem.
— Por quê? Está tentando passar uma boa impressão para o meu futuro cunhado?
— Não, Sina — reviro os olhos. — E não chame ele assim.
— Tudo bem, mas eu avisei.
Eu estava pronto para respondê-la ou, talvez, jogar comida na cara da minha irmã, mas fui interrompido pelo toque do meu telefone, que estava em cima da mesa.
— "Noah Urrea"? — Joalin lê o nome que aparece em minha tela. — Por que ele está te ligando? Deve estar sentindo sua falta.
Ignoro o comentário da minha prima e atendo o telefone.
— Oi, Noah.
— Josh? Está ocupado?
— Não — sim, mas eu não me incomodo. — Aconteceu alguma coisa?
— Sim e não. Vou direto ao ponto. Meu carro está na oficina e meus pais... — ele faz uma pausa, e respira fundo antes de continuar. — Não podem me levar para a escola amanhã.
— Você quer carona?
Tenho vontade de rir quando vejo Sina e Joalin sorrindo e levantando os polegares.
— É loucura, né? Se você não puder, não tem problema. Eu posso pedir para o Lamar, desculpa ter ligado. Te vejo no colégio amanhã, boa noite.
Ele está falando tão rápido e de um jeito tão fofo que não controlo um sorriso.
— Noah, calma! — respondo risonho. — Eu posso, sem problema.
— É sério?
— Sim, seria um prazer. — pare de falar, Joshua.
Vejo as duas meninas à minha frente fazendo uma dança comemorativa e silenciosa e me controlo muito para não rir na ligação. Eu amo essas loucas.
— Uau. Bem, obrigado, Josh. Eu vou te mandar o meu endereço por mensagem, ok?
— Tudo bem. Te vejo amanhã, Noah.
— Te vejo amanhã, Josh.
Desligo a ligação e cobro as orelhas com as mãos, porque Joalin e Sina começaram a gritar frases como "nosso menino está crescendo", "Noah já é parte da família" e "vai dar namoro".
VOCÊ ESTÁ LENDO
Prince | Nosh
RomanceÚltimo ano do ensino médio. Reta final. É a última oportunidade para ter notas altas, com toda a mente focada nos estudos e em um bom resultado. Esse era o objetivo, e Noah Urrea já estava decaindo em uma das matérias. O desespero era grande e ele...