A identidade é algo que se constrói? Ou simplesmente nascemos com ela? E o destino? Nós realmente podemos interferir em algo ou tudo é tão premeditado que não resta nada além de observar? Eu sei She-ra tem deveres com o mundo e com as pessoas... Mas...
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se você estivesse com frio, precisando de abrigo eu te abraçaria, mas não te sufocaria e eu sei que nós não estamos juntas
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-Esperança da Luz? – Perguntei vendo que estava de volta ao salão do castelo dos primeiros. O holograma apareceu quase que imediatamente, piscando algumas vezes como se estivesse entediada.
-Sim, Adora. – Disse com sua postura perfeita e voz controlada. – Vejo que começou sua jornada, fico feliz.
-Que jornada? – Exclamei irritada aproximando-me a passadas largas. – A única coisa que eu sei é que você não me diz tudo!
-Por qual motivo eu devo revelar? Você acha que desta maneira aprenderá o que deve? Obter respostas mais facilmente não deve ser o caminho mais sábio.
-Não é sobre aprender algo ou não! É sobre saber o que eu estou fazendo aqui e o que deve acontecer! – Frisei frustrada.
-E qual é a grande diferença, Adora? – Questionou olhando-me impassível. – Você entenderá quando aprender o que deve aqui. - Grunhi irritada e bati o pé impaciente. Senti um misto de indignação, medo e raiva surgir e tomar-me:
-Por que raios eu iria querer você na minha cabeça? – Perguntei ácida. – Você sumiu! Você se foi! Eu quebrei a maldita espada apagando seu programa, nunca mais você irá aparecer para me ajudar ou perturbar na vida real! O que é que você me trouxe afinal? – Exclamei sentindo as veias de meu pescoço doerem pelo escorço dos movimentos irritados e a tensão que estava. – A única coisa que veio com você foi uma maldição que não consigo me livrar e muita, muita decepção e tristeza. – Deixei algumas lágrimas escorrerem e limpei-as com pressa. Por que eu estou aqui de novo? Já não era suficiente ter que ficar presa aqui enquanto meu dever estava lá fora?!
Ao invés de falar algo sobre, ela simplesmente manteve-se na mesma posição e disse:
-A She-a é o seu dever, isso mesmo. Mas ela não é quem você é, Adora. – Olhei-a percebendo que ela sabia o que eu estava pensando. – Da mesma maneira que ela não era quem Mara realmente foi.
-Não ouse falar dela! – Exclamei com os olhos marejados, mas por um breve segundo vi seu holograma vacilar em uma expressão de tristeza que me fez suspirar e rolhar os olhos. -Tá, e então? O que quer dizer com isso? – Questionei a contragosto, cruzando os braços desviando o olhar por um momento. – Eu sei que sou a She-ra e sou Adora. Que Adora é a She-ra e vice versa. – Isso pareceu estranho e confuso, fiz uma careta.
-Isso está claro, a representação corpórea é da mesma pessoa e a vida entrelaça desta maneira também, mas não é este o ponto. Ela é seu alter ego. – O cenário começou a desfazer-se de novo e tornar-se distante, mudando. – O que você deve pensar é: quem é você, Adora?
