13 ☬ 23/10/2021 ☬ A Força de She-Ra

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eu quero ser segurada, frágil como vidroporque eu nunca senti algo como issodiga que não pode andar, não pode falar, continuar sem mim

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eu quero ser segurada, frágil como vidro
porque eu nunca senti algo como isso
diga que não pode andar, não pode falar, continuar sem mim


Eu podia sentir meu corpo. Eu ouvia o que ela ouvia, sentia o gosto amargo do bile na garganta, da leve dor nos ombros e na base das costas, sentia o suor frio escorrer pela pele. Eu sentia o que She-ra fazia, mas pela segunda vez eu não estava comandando. Quando percebi o vírus tomando conta foi como se minha mente se recolhesse, como seu eu fosse puxada para dentro de mim como um buraco negro sugando-me em grande velocidade e ao abrir os olhos apenas via-me como ela, correndo atrás de Felina, atacando-a com palavras e tentando golpeá-la com a espada. Tentei voltar, procurar uma saída, uma porta, qualquer coisa que pudesse indicar que por ali eu voltaria a realidade, a minha realidade! Mas tudo era branco ao meu redor, uma enorme e infinita sala branca com um único telão passando o que acontecia em tempo real.

O tempo parecia não passar e tudo acontecia quase em câmera lenta. Felina parecia perturbada, tensa e apavorada, mas não excitava em provocar-me, esquivar e fugir. O que é ótimo, porque ela não parece de brincadeira! Comecei a sentir a tensão de não voltar e isso virar um looping sem fim! Da última vez Entrapta estava lá para ajudar, assim como meus amigos, mas agora... Só havia eu e a gata e digamos que a preocupação dela agora era continuar viva e não fazer eu retornar! Cerrei os punhos e praguejei, mas um coçar de garganta chamou minha atenção. Virei rapidamente e não pude conter a resposta.

-Mara?! – Exclamei vendo-a sorrir para mim. Avancei e não contive-me em abraça-la.

-Oi. – Saldou soltando seu risinho e quando nos afastou sorriu mais para mim. – Que bom te ver, Adora. Como você está?

-Bom, não muito bem agora. – Ri sem graça coçando a nuca e juntas, como em conexão, olhamos para o telão da realidade. O silêncio ficou por um tempo enquanto víamos minha versão de She-ra correndo atrás de Felina pelo corredor. – Eu não acho isso bom. – Novamente ela riu e senti sua mão em meu ombro, fazendo-me olhá-la.

-Quando aconteceu comigo, senti isso também. – Falou afastando a mão. – Mas não se preocupe, ela é assim mesmo. Bem rancorosa.

-Como assim? – Perguntei e ela indicou uma direção com a cabeça, começando a andar. – Do que e de quem está falando?

-Venha. – Falou enquanto caminhávamos em direção ao branco do lado esquerdo. Ou será do direito? – Eu quero te mostrar uma coisa. – E dito isso o local se transformou em um local conhecido, mas nunca explorado: – há tantas coisas que você não sabe sobre nossos ancestrais. – Terminado a frase, quase que instantaneamente o Castelo abriu-se e entramos caminhando até a sala principal de Esperança da Luz e daí veio à parte estranha: como se passássemos em uma velocidade inimaginável, mulheres iam e vinham diante de Esperança da Luz. Intocada, ela conversava meia dúzia de palavras e apresentava o que também me foi passado quando encontrei-a: a história de She-ra e seu destino. – Existiram muitas antes de nós, todas com a mesma missão: proteger nosso mundo, mas na realidade ser uma opção de arma secreta. Mas ainda sim, focada em proteção e cada qual com seu grande inimigo mordaz, cada qual descobrindo mais e mais informações escondidas de nós. – Sua voz começou suave, mas tornou-se profunda conforme avançávamos. O cenário mudou e agora estávamos diante de uma parede, tão cumprida que tornava-se quase inviável olhar para o lado tentando enxergar seu fim. – Muitas de nós escreveram sob o que descobríamos, em grande parte em nossa língua, já que somos as únicas a conseguir ler completamente o alfabeto. – Sua mão tocava os dizeres encrustados na pedra, o olhar vago observando os traços o máximo possível e a expressão dolorida. Li poucas palavras, não me atentando muito, mas em geral haviam coisas como: maldição, honra, proteção, amor, medo, raiva, grande poder, descontrole, solidão... – Como bem sabe, eu sou sua antecessora. Quando encontrei este lugar, sem Esperança saber, fiquei totalmente devastada. Como podemos ser tão desejadas, sendo que nosso povo criou tudo para a destruição e colonização? Eu não consegui viver sabendo disso tudo. – Fez um arco pequeno com a mão, indicando que falava da parede com os dizeres.

Devaneio Temporal (She-ra) | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora