A identidade é algo que se constrói? Ou simplesmente nascemos com ela? E o destino? Nós realmente podemos interferir em algo ou tudo é tão premeditado que não resta nada além de observar? Eu sei She-ra tem deveres com o mundo e com as pessoas... Mas...
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então garota, não me diga que me ama se você realmente não me quer eu estou trabalhando meus problemas
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A primeira coisa que eu senti foi dor, em todos os lugares e de todos os jeitos possíveis. Meu corpo doía por inteiro, eu sentia dificuldade de respirar, minha garganta estava seca o suficiente para arranhar-se sozinha e a luz forte de alguma coisa incomodava meus olhos ainda fechados. Grunhi e levantei a mão cobrindo meus olhos e testa. Movi minha boca e língua, umedecendo os lábios. Cocei a garganta e apoiei meu braço abaixo de mim, impulsionando-me até estar sentada.
-Adora?! - Como se lembrasse de tudo, me tremi em um pulo e arregalei os olhos ao ver os três praticamente correndo até mim. – Como você está? Ficamos tão preocupados!
Olhei para Cintilante que falava e sorri culpada, mas segurei sua mão e a abracei.
-Me desculpe. Estou bem melhor agora, e você? – Nos afastamos e olhei para ela, parecia bem. – Eu vi que estava desacordada.
-Como viu? – Perguntou Arqueiro. – Felina a trouxe a algumas horas, Cintilante acabou de acordar. – Sua voz estava trêmula, cansada e tensa. Como se tivesse passado por muita coisa. E não duvido que tenha passado.
-Eu sei. – Finalmente olhei para Felina. Mesmo que estivesse cansada e com tudo dolorido, ainda sorri e me esforcei na sua direção para abraça-la, mas meu corpo estava mais fraco do que eu pensei e acabei por me desequilibrar, por sorte, nos braços da gata que me segurou firme junto a si.
-Cuidado! – Exclamou miando com o susto, segurando-me em seu corpo, amparando meu peso.
Meu coração disparou ao perceber como estávamos, a distância: Felina com os braços ao redor de minha cintura, puxando-me para seu corpo tentando sustentar meu peso, nossos corpos colados um ao outro e minha cabeça em seu pescoço, tão próximo que meus lábios roçavam levemente. Engoli em seco e me movi minimamente para olhar em seus olhos, ela se virou um pouco e minha respiração se foi.
Quando que ela ficou tão imensamente linda assim? Ah. Ela sempre foi! Mas esse cabelo agora... Realmente!
Ela percebeu como estávamos e a vi desviar os olhos e tentar me colocar de pé enquanto suas bochechas coravam violentamente. Sorri e abracei seu pescoço, não me afastando. Algumas coisas vão mudar por aqui a partir de hoje.
-Muito obrigada. – Falei baixo para que apenas ela pudesse me ouvir. Felina não gosta muito de demonstrações tão fortes de afeto, principalmente quando não esperava, sim eu sei, então a principio não estranhei seu corpo enrijecido, mas logo ela relaxou ouvindo minha voz e suas mãos pousaram levemente no meu quadril. – Eu vi, você me salvou. Obrigada, Felina. – Virei minha cabeça e deixei meu rosto colado em seu pescoço, inspirei fundo, sentindo seu cheiro.
