A identidade é algo que se constrói? Ou simplesmente nascemos com ela? E o destino? Nós realmente podemos interferir em algo ou tudo é tão premeditado que não resta nada além de observar? Eu sei She-ra tem deveres com o mundo e com as pessoas... Mas...
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eu não estou aqui, nem em lugar nenhum eu quero ficar com você, você nem sabe
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Pov Adora
Estávamos todos sentados em volta de uma fogueira comendo a sopa que Arqueiro, Spinnerella e Netossa fizeram com a ajuda de Cintilante que ia e vinha arrumando tudo e trazia ingredientes frescos da floresta agora livre de ameaças. Eu sorria tentando dividir-me entre os dois grupos, dando atenção para os Irmãos Estrela e para meus velhos amigos da Zona do Medo, por sorte todos aparentavam estar se dando bem, conversavam animados e trocavam experiências das batalhas que enfrentaram dos robôs e irmãos do Mestre, mas ao olhar para ela... Felina não parecia muito feliz.
Sorri para o grupo e me levantei deixando Estrelástica que acabou por iniciar uma conversa animada com Lonnie. A gata estava em uma área mais escura sentada sob duas caixas enquanto acariciava Melog que dormia tranquilamente, mas quando me aproximei ele se levantou vindo até mim preguiçoso, lambeu minha mão enroscando-se em minha perna, mas logo se afastou e deitou novamente.
-Hey, Felina. – Falei sentando ao seu lado com uma cumbuca de sopa grande o suficiente para dividirmos. – Você quer? – Ela negou desviando os olhos para o lado. – Vamos, me diga. Está tudo bem? Quase não comeu e ficou com a gente. O que você tem?
-Nada. – Disse direta.
-Não parece nada. – Falei ainda tentando sorrir simpática. – Me conte. O que foi?
-Nada, Adora! – Ela exclamou e bufou irritada, saltando das caixas e logo Melog praticamente pulou de onde estava deitado e foi para o seu lado. O olho verde me encarou sob o ombro. – Por que não passa a noite e conversa com sua amiga, Lonnie? Vocês sempre foram tão próximas. – E assim ela correu com o gato para longe, deixando-me com a boca aberta chamando-a, porém obviamente ela nem olhou para trás.
-Teimosa! – Praguejei saltando das caixas derrubando o resto da sopa em mim. Bufei revirando os olhos. – Mas que droga! Argh!
Marchei até minha cabana e fechei as cortinas com força.
Pov Felina
Por que ela tem que ser tão insuportável?! Por que tem que ser boa com todo mundo?!
Grunhi correndo com Melog para longe da caverna, para longe de todo aquele açúcar e sentimentos bons que Adora e seu grupo exalavam. Não sei exatamente para onde eu vou, mas com certeza não quero ficar vendo cenas e sentimentos do passados sendo mostrados novamente bem na minha frente. Apenas quando alcancei muitos metros de distância, parei de correr e sentei ao pé de uma árvore com o gato fantasma ao meu lado, ele me encarou e miou virando a cabeça de lado.
-Eu não quero conversar sobre isso. – Disse virando o rosto para o outro lado, mas ele continuou a miar. – Não! Eu não quero voltar! Você viu que ela está megafeliz com seus amigos. – Novamente ele miou, insistente. Olhei irritada e franzi os lábios. – Não sou amiga dela, você sabe! Nos machucamos tanto, eu machuquei ela tanto! – O gato abaixou os olhos e as orelhas, tornando-se menor uns centímetros e aproximou seu rosto do meu quando algumas lágrimas escaparam de mim. – Eu a machuquei, como ela ainda pode gostar de mim? Como ela consegue se sacrificar dessa maneira? – Solucei me deixando chorar e me agarrei ao pescoço do gato. Ninguém vai ver mesmo. – Eu a amo tanto, sinto tanto por tê-la machucado um dia. – Novamente ele miou, baixo. Me afastei olhando-o surpresa. – Não! Sem chances de me declarar para ela! Qual seu problema Melog? – O gato fechou a expressão e me empurrou na direção que viemos, na direção da caverna. – Não! – Miei irritada tentando empurrá-lo. – Eu não quero! Me deixe! – O enorme gato deitou em cima de mim e assim ficou.
